"Paraíba"

Ataque de Bolsonaro a Flávio Dino "respinga" em nordestinos e gera reações

Na sexta-feira, 19, em conversa com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), e sem saber que um microfone já estava ligado e transmitindo ao vivo, disse: "Daqueles governadores de Paraíba, o pior é o do Maranhão. Não tem que ter nada com esse cara"

Gilberto Léda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
(Bolsonaro)

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) envolveu-se em grande polêmica com governadores e lideranças políticas do Nordeste após o vazamento de um áudio em que ele supostamente ataca nordestinos.

Na sexta-feira, 19, em conversa com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), e sem saber que um microfone já estava ligado e transmitindo ao vivo, disse: "Daqueles governadores de Paraíba, o pior é o do Maranhão. Não tem que ter nada com esse cara".

A conversa ocorreu pouco antes de começar o café da manhã do presidente com correspondentes internacionais e o áudio foi captado pela TV Brasil, canal oficial do governo, que transmitiu o encontro na íntegra.

O próprio Bolsonaro deu duas versões para a fala. No sábado, 20, disse que direcionou críticas apenas aos governadores da Paraíba, João Azevêdo (PSB), e do Maranhão.

“Eu fiz uma crítica ao governador do Maranhão e da Paraíba, vivem esculhambando obras federais, que não são deles, são do povo. A crítica que eu fiz foi aos governadores, nada mais. Alguns tentam, o tempo todo, através da desinformação, manipular eleitores nordestinos. O parlamento não é tão raso como estão pensando”, declarou.

No domingo, 21, via Twitter, admitiu que usou o termo “daqueles governadores”, mas omitiu o termo “paraíba”.

“’Daqueles GOVERNADORES... o pior é o do Maranhão’. Foi o que falei reservadamente para um ministro. NENHUMA crítica ao povo nordestino, meus irmãos. Mas o melhor de tudo foi ver um único general, Luiz Rocha Paiva, se aliar ao PCdoB de Flávio Dino, p/ me chamar de antipatriótico”, destacou.

Reações – A fala do presidente gerou reações durante todo o fim de semana. Citado por Bolsonaro, Flávio Dino avaliou a frase “não tem que ter nada com esse cara”, como uma ordem para persegui-lo, o que considerou ilegal.

Em entrevista à revista Época, chegou a admitir que pode acionar a Procuradoria-Geral da República para que investigue supostos crimes de racismo e ameaça por parte de Bolsonaro.

“É uma declaração criminosa. Configura um crime, previsto na lei que trata de racismo. Ele não pode falar assim. O presidente da República, ao dizer algo desse tipo, está praticando e incentivando que outros pratiquem o crime de racismo. Se ele não se explicar, vamos tomar providências junto à PGR para apurar a atitude dele”, afirmou.

A cantora maranhense Alcione também se manifestou. Em vídeo divulgado nas redes sociais, a artista disse que não se arrepende de não ter votado no ex-capitão do Exército Brtasileiro.

“Meu pai sempre me dizia, que meu avó já dizia para ele: quem tem respeito, se dá. E o senhor não está se dando respeito. O senhor precisa respeitar o povo nordestino. Respeite o Maranhão. O senhor tem medo de facada, tem medo de tiro, mas o senhor precisa ter medo do pensamento. O pensamento é uma força. Pense em mais de 30 milhões de nordestinos pensando contra o senhor? Comece a nos respeitar. Respeite o povo brasileiro”, declarou.

MAIS

Adversários do governador Flávio Dino no Maranhão também reagiram no caso. A principal crítica deles dizia respeito ao fato de o comunista reclamar de perseguição. Adriano Sarney, por exemplo, apontou o governador maranhenses como “o maior perseguidor da história do Maranhão”. “Como deputado de oposição nunca tive as minhas emendas parlamentares pagas, recursos que iriam para a Saúde, Educação, Segurança, Cultura”, avaliou. A ex-prefeita de Lago da Pedra Maura Jorge (PSL) e o prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahésio Rodrigues, também lembraram episódios de perseguição por parte do comunista. “Eu mesma fui vítima da sua perseguição política e tantos outros políticos estão sendo”, disse Maura, apontando “ilegitimidade” de Dino para falar em perseguição.

Assembleias do Nordeste se posicionam

O Colegiado de presidentes de Assembleias Legislativas dos Estados do Nordeste (ParlaNordeste) recebeu com "repulsa" e chamou de preconceituosas as declarações do presidente Jair Bolsonaro, que se referiu aos governadores da região com o termo "paraíbas".

Os líderes emitiram um nota sobre o caso. "O Colegiado de Presidentes de Assembleias Legislativas dos Estados do Nordeste (ParlaNordeste) recebeu, com repulsa, as declarações preconceituosas do presidente da República, Jair Bolsonaro", disse o ParlaNordeste em nota.

No comunicado, o colegiado destaca que a região é a terceira maior economia do País e que seus 53 milhões de habitantes têm orgulho de viver "não só na Paraíba, mas também, no Maranhão, em Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí". O ParlaNordeste ainda saúda o trabalho realizado pelos nove governadores da região e diz que vai lutar contra todo tipo de retaliação e função de diferenças políticas ou preconceito.

"Exigimos respeito e não abriremos mão do cumprimento dos deveres do Governo Federal para com a nossa região", finaliza a nota.

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