Violência

Suspeito de incendiar estúdio acreditava que havia sido plagiado

Shinzo Aoba já havia cumprido pena por assaltar uma loja de conveniência e está recebendo tratamento psiquiátrico

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Homem presta homenagem a vítimas de incêndio em estúdio de animação japonês
Homem presta homenagem a vítimas de incêndio em estúdio de animação japonês (AFP)

KYOTO, Japão — O homem suspeito de atear fogo no estúdio de animação japonês Kyoto Animation Co na quinta-feira, 18, matando 33 pessoas no pior massacre no país em 18 anos, teria planejado o ataque porque acreditava que a companhia havia plagiado uma de suas histórias.

Segundo a imprensa local, Shinji Aoba , de 41 anos, já havia cumprido pena por assaltar uma loja de conveniências em 2012 e está em tratamento para distúrbios mentais.

O suspeito teria gritado "Morram!" enquanto derramava combustível na entrada do prédio, na quinta-feira,18. De acordo com o site Kyodo News, ele assumiu a culpa assim que foi detido, afirmando acreditar que o estúdio teria plagiado uma de suas histórias.

Residente de Saitama, um subúrbio de Tóquio , Aoba teria comprado duas latas com vinte litros de gasolina em uma loja da região, segundo a Nippon TV. Ele teria chegado a Kyoto, a cerca de 480 quilômetros de sua casa, de trem.

Imagens divulgadas pela emissora mostram o homem rendido, deitado no chão, sem sapatos e com queimaduras aparentes na sua perna direita, abaixo do joelho. Além das latas de combustível, uma mochila e uma mala de rodinhas foram encontradas na cena. A polícia de Kyoto se recusou a comentar sobre o incidente.

O canal de televisão Nippon TV noticiou que Aoba estava sob o efeito de anestésicos após ter se queimado e não pôde ser interrogado. Segundo uma das testemunhas, ele "parecia descontente, parecia estar com raiva, gritando algo sobre como teria sido plagiado".

Até ontem,sexta-feira, 19, nenhuma das vítimas teve sua identidade revelada, mas moradores da região afirmam que os empregados do estúdio eram majoritariamente jovens .

Mortos

Dezenove dos 33 mortos foram encontrados no lance de escadas que levava ao telhado, com seus corpos empilhados. Segundo os bombeiros, as vítimas conseguiram abrir a porta que levaria ao teto do prédio. O edifício também não tinha hidrantes ou sprinklers, já que a lei japonesa não obriga prédios comerciais a instalarem tais dispositivos.

De acordo com uma inspeção realizada pelas autoridades em outubro, os extintores de incêndio e alarmes de emergência do edifício estavam em situação regular.

Fundado em 1981, o estúdio de animação Kyoto Animation produz animações japonesas — ou animes — populares, como as séries "Hibike! Euphonium", "K-ON!" e "A Melancolia de Haruhi Suzumiya". Lançado em 2016, seu filme "A Forma da Voz", sobre suicídio infantil, foi aclamado pela crítica. Um outro longa, "Free! Road to the World — The Dream" tem previsão de lançamento para este ano.

"É um dos melhores e maiores estúdios de animação do Japão e, com essa perda de vidas, muitas das melhores mãos em animação da nação provavelmente foram perdidas", disse Yuichi Maeda, crítico de cinema. "Será um grande golpe para a indústria de animação".

Além de tributos virtuais com a hashtag #PrayForKyoani, admiradores tabém estão estão prestando homenagens nas proximidades do estúdio.

Jun Shin, de 30 anos, um chinês que mora em Osaka, nas proximidades de Kyoto, visitou o edifício da Kyoto Animation na noite de quinta-feira para deixar flores e rezar:

"Eu sou fã de animes. Assisto às animações japonesas desde que era criança. Esse é um evento terrível, eu só quero vir aqui e ficar de luto. Estou sem palavras".

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