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A Ferrovia Norte-Sul poderá ser a espinha dorsal

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24

A finalização do trecho da Ferrovia Norte Sul (FNS) que irá ligar Estrela D’Oeste (SP) a Porto Nacional (GO) abrirá novas perspectivas também para o transporte de derivados de petróleo e gás natural no país.

Com uma malha dutoviária muito aquém das necessidades de um país continental que cobre parte do estados do Centro-Sul e parte do litoral nordestino, o transporte destes produtos até os centros de consumo nas áreas norte e central enfrentará desafios gigantescos e investimentos vultuosos nas próximas décadas para a criação de uma rede de dutos que dê independência razoável ao transporte rodoviário e possa ser realizada em grande volumes.

Segundo previsões da Agência Nacional de Petróleo - ANP até 2026 o mercado interno de combustíveis tradicionais (gasolina e diesel) sairá dos atuais 2,8 bpd para 3,2 bpd. Considerando a estagnação do parque de refino nacional (capacidade atual de 2,4 bpd), e que a produção interna de petróleo continuará sendo predominantemente de óleo pesado e o ainda lento e indefinido processo de abertura do refino à competição de mercado, as importações de derivados deverá crescer em 20% até 2026 (+500 bpd) segundo a ANP, sendo que os portos de Suape e São Luís deverão ter o protagonismo deste cenário, e cujas importações de derivados cresceram respectivamente entre 25% a 30% nos últimos quatro anos.

Da mesma forma a liberalização do mercado de gás natural, agora com sua formatação definida na publicação da Resolução do Conselho Nacional de Politica Energética - CNPE no DO do último dia 25/06, deverá em boa parte estimular as importações deste produto por meio de terminais GNL na costa norte brasileira, dado que o preço do gás natural no mercado americano ser atualmente um terço do preço nacional, e ainda que investimentos vultuosos deverão ser feitos pra que as demandas atual e futura sejam atendidas pela produção off-shore brasileira.

As regras estabelecidas pela resolução do CNPE agora são claras em relação ao transporte do gás natural e do uso de terminais GNL , com as figuras do transportador independente e do consumidor livre.

A atual configuração dutoviária brasileira exclui os estados do PI, MA, PA, TO, GO, AC, além dos estados limítrofes de Roraima e Amapá. Com a tecnologia de containeres multimodais para gás natural liquido (LNG TANKS) de até 25.000 m3, que não perdem as características do produto envasado por um período de até 80 dias, a Ferrovia Norte Sul poderá ser o duto virtual para estes produtos, evitando investimentos vultuosos para os estados centrais e o interior brasileiro, atendendo a enorme demanda reprimida por este produto. Sendo ainda complementadas pelas futuras ferrovias transversais Ferrovia Centro Oeste (FICO), Campinorte (GO)/Água Boa (MT), e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste, Figueirópolis (TO)/ Ilhéus (BA), que servirão de ramais de integração destas regiões à FNS.

Os portos de São Luís e Belém, pela sua proximidade aos mercados exportadores de gás natural do Caribe e EUA, são candidatos naturais para instalação de terminais GNL na costa norte brasileira.

A expansão dos terminais de importação de combustíveis líquidos já está ocorrendo, ressaltando-se que a ferrovia Transnordestina já transporta no trecho São Luís-Teresina volumes significativos de combustíveis líquidos.

Artur Cabral

By Dublin Consultoria - Engenheiro

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