Conseradora

Ursula von der Leyen é eleita para presidir Comissão Europeia

Alemã é a primeira mulher a ocupar o cargo; eleição de aliada de Merkel é confirmada por Parlamento Europeu com 383 dos 747 votos; vitória representa triunfo para os setores mais europeístas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Ursula von der Leyen é a primeira mulher a ocupar a Presidência da Comissão Europeia
Ursula von der Leyen é a primeira mulher a ocupar a Presidência da Comissão Europeia (Reuters)

ESTRASBURGO, França — Em uma votação apertada, a conservadora alemã Ursula von der Leyen foi eleita ontem, 16, para a Presidência da Comissão Europeia, representando um triunfo para os setores mais europeístas do Parlamento Europeu. Com 383 votos a favor e 327 contra, a vice-presidente da União Democrata Cristã (CDU) e aliada de Angela Merkel , de 61 anos, é a primeira mulher a ocupar o cargo mais importante do bloco europeu, sucedendo Jean-Claude Juncker .

Para eleger-se, a ministra da Defesa da Alemanha, de 60 anos, precisava do apoio de pelo menos 374 parlamentares, mas um mínimo de 400 votos eram necessários para que sua capacidade de comandar o bloco não fosse questionada. Houve 22 abstenções e um voto em branco.

"Me sinto muito honrada pela confiança depositada em mim, que é a confiança depositada na Europa", disse Von der Leyen após a votação, prometendo trabalhar de "de maneira construtiva".

Desde que Merkel foi escolhida chanceler federal, em 2005, Von der Leyen ocupou os postos de ministra da Família, do Trabalho e da Defesa, do qual deverá se desnvincular agora, acumulando uma experiência política e contatos com países da Europa e com os Estados Unidos que lhe serão úteis.

Ursula von der Leyen precisou se esforçar para que sua indicação fosse confirmada. Após o Partido Verde, com seus 74 deputados, se recusar a apoiar a candidatura, a conservadora acenou aos social-democratas e aos progressistas do Renovar Europa, realizando um bem recebido discurso verde, social e europeísta na manhã desta terça-feira. A aposta lhe garantiu o apoio de ambos os grupos, para além dos votos de sua legenda de centro-direita, o Partido Popular Europeu, que confirmaram sua eleição.

Propostas para a Europa

Na segunda-feira, 15, em aceno anterior para os progressistas e social-democratas, Von der Leyen afirmou que irá aprovar durante os 100 primeiros dias de seu mandato um "acordo verde europeu". A medida tem por objetivo neutralizar as emissões de carbono do bloco europeu até 2050. Ela também afirmou que o objetivo atual da UE de diminuir as emissões de gás carbônico em 40% até 2030 não é suficiente e que a meta deve ser aumentada para 50% ou 55%.

Além das iniciativas em combate ao aquecimento global, a alemã defendeu um marco legal que estabeleça salário mínimo "que permita uma vida digna" e seguro-desemprego, paridade salarial entre homens e mulheres e um "novo pacto de migração e asilo. Ela também afirmou que pretende lutar contra a violência de gênero, estabelecer novos mecanismos de respeito ao Estado de Direito e acabar com a exigência de unanimidade entre os membros do bloco para a definição de questões de política externa.

Poderes

Em suas declarações, a presidente-eleita deu acenos para um possível aumento dos poderes do Parlamento Europeu , permitindo-o propor novas legislações, e para a extensão do prazo do Brexit , o que lhe ajudou a vencer as resistências dos progressistas britânicos. As propostas também foram bem recebidas pelo líder dos social-democratas, Iratxe Garcia, e por representantes da Espanha e de Portugal, que estiveram à frente das negociações.

Os social-democratas alemães, entretanto, fizeram oposição à vice-líder da CDU, argumentando que sua indicação se deve à pressão exercida pelos governos da Polônia e da Hungria contra a candidatura de Frans Timmermans .

A indicação de Timmermans havia sido proposta por Emmanuel Macron, presidente da França, Merkel e pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, mas a Itália e países do Leste Europeu que compõem o Grupo de Visegrado (Hungria, Polônia, República Tcheca e Eslováquia), onde a direita nacionalista está na poder, rejeitaram. O holandês comandou as investigações sobre medidas dos atuais governos de Hungria e Polônia, acusadas de violarem os princípios de respeito ao Estado de Direito — algo que os social-democratas alemães, que fizeram oposição à vice-líder da CDU não consideram que Von der Leye combata com tanta eficiência.

O grupo, entretanto, encontrou um consenso no nome da alemã após 50 horas de negociações entre 28 líderes que também selecionaram Christine Lagarde , que anunciou sua renúncia da chefia do Fundo Monetário Internacional ontem para a Presidência do Banco Central Europeu e o chanceler espanhol Josep Borrell para a liderança da diplomacia da União Europeia.

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