Artigo

Amizade, confiança e consideração

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24

Meu saudoso pai, Antônio Brandão, foi prefeito de Picos (atual Colinas), em 1931 e 1940. Nesse tempo penso que, na primeira vez, nomeou o jovem médico Pedro Neiva de Santana, para dirigir o Posto de Saúde da cidade. Tornaram-se amigos desde então.

Quando retornei ao Maranhão, em fins de 1965, papai lembrou dessa amizade e recomendou-me ao então secretário de Fazenda do recém iniciado governo José Sarney. Já em São Luís, fui procura-lo naquele casarão da Praia Grande e entreguei-lhe a carta.

O dr. Pedro, como eu o chamava, era afável no trato com as pessoas e nos assuntos de Estado, enérgico. Leu a carta de papai, escreveu algumas palavras em um cartão com timbre oficial, sorriu e disse que eu fosse aos baixos do Palácio dos Leões, onde estava funcionando a Assessoria de Planejamento do governo, e entregasse o cartão.

Assim fiz e, se bem me lembro, no mesmo dia. Fui atendido pelo Eliezer Moreira (tempos depois falei a ele sobre esse fato, que não se lembrava), em meio a outros competentes técnicos; ele foi figura ilustre na prestação de relevantes serviços ao Estado do Maranhão, no Executivo e no Legislativo e, atualmente, pertence aos quadros da Academia Maranhense de Letras.

Eliezer, depois de ler a recomendação do dr. Pedro, e meu currículo, falou que sabia de uma pessoa, membro do Governo, que está precisando de um técnico com o meu perfil; vá até a Secretaria de Viação e Obras Públicas - SVOP ou ao Departamento de Estradas de Rodagem - DER e procure o dr. Haroldo Tavares, então secretário e respondendo pelo DER.

Foi assim que, por intermédio do Eliezer, conheci e iniciei sólida amizade com dr. Haroldo, do qual fui assessor e chefe de gabinete, na SVOP (no livro “Maranhão Novo - A saga de uma geração”, o autor cita meu nome) e secretário de Administração, quando ele foi prefeito de São Luís; com a criação da Federação das Escolas Superiores do Maranhão - FESM, com o seu apoio, fui um dos Superintendentes.

Da minha passagem pelos governos estadual e municipal, entre 1965 e 1974, de harmônica e produtiva convivência de respeito à hierarquia e integridade no trabalho, e de grandes conquistas, quero confidenciar aos que conviveram comigo aqueles tempos, e aos meus ‘padrinhos’ de ontem, muitos meus amigos de hoje, alguns fatos de grande relevância para mim.

Quando eu estava na SVOP e a Barragem do Bacanga, sendo construída, a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia - Sudam havia financiado uma parte do projeto; todo mês, por delegação de competência, cabia a mim a tarefa de ir a Belém e levar a prestação de contas da aplicação desses recursos.

Em uma dessas vezes, o coronel João Walter de Andrade, então superintendente da Sudam, depois governador do Estado do Amazonas, chamou-me à sua presença e recomendou que eu dissesse ao prefeito, para contratar uma firma com credenciais técnicas em engenharia de solos, porque já tinha visto muitas barragens serem levadas água abaixo.

Na volta, sem perda de tempo, dei o recado ao dr. Haroldo e, como todos podem constatar, a Barragem ainda está firme.

De outra feita, eu estava a bordo de um voo para São Paulo, enquanto o governador José Sarney seguia à reunião da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste - Sudene, em Recife.

Durante o voo, o coronel Albérico Ferreira, que acompanhava o governador, ficou sabendo aonde eu estava indo; em seguida voltou e disse que o governador queria falar comigo.

Fui e o governador entregou-me um envelope dizendo conter os originais do seu livro “Norte das Águas”, que deveriam ser entregues ao Editor, em São Paulo; no aeroporto, estava o amigo Yêdo Saldanha, que testemunhou a entrega da importante encomenda.

Missão cumprida, passei um cabograma, via Western, ao governador, dando conta da entrega dos originais do seu livro; tempos depois, o coronel Albérico falou-me: o governador mandou dizer que você foi o portador mais eficiente que ele já encontrou.

Quando “Norte das Águas” foi lançado, em 1970, em São Paulo, ano em que eu frequentava o curso de pós-graduação, na Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas, compareci ao Evento e ganhei um exemplar da primeira edição, devidamente autografado, que ainda guardo com zelo.

Outro dia, em São Luís, no dia 27/10/2000, quando do lançamento de mais um livro de José Sarney, “Saraminda”, lembrei ao ex-presidente a odisseia dos originais de “Norte das Águas”; ele riu e disse que também se lembrava e à minha filha Mônica e esposo Fábio Lúcio, que me conhecia de longas datas.

É verdade, pois desde o seu governo, no Maranhão, até 1970, presente a algumas reuniões de trabalho com dr. Haroldo, até sua presidência, em Brasília, quando eu trabalhava no Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT, em 1987, estive em várias recepções de ordem administrativa, no Palácio do Planalto, prestigiando-o.

Antônio Augusto Ribeiro Brandão

Economista, membro da ACL, do IWA e do ELOS Literários, fundador e membro Honorário da ALL

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