A temporada das festas juninas se foi, mas a necessidade de aproveitar a força dos festejos em benefício do fortalecimento da cadeia econômica continua. Denota uma preocupação dos gestores públicos com esse grande potencial.
A cada dia que passa a pujança das manifestações culturais do Maranhão se consolida como a mais rica e diversificada em todo o nosso país. São incontáveis os sotaques e os ritmos das brincadeiras e a alegria toma conta da cidade. O povo sai de casa com a energia de suas matracas, acompanhando as brincadeiras a iluminar os folguedos pelos quatro cantos da cidade.
Com o advento das novas tecnologias, as bandeirolas, que outrora enfeitavam as portas das casas e os terreiros do São João, ganharam um colorido especial, transformando-se em pixels que antes só se viam na linguagem binária dos computadores. Painéis foram criados, tetos lúdicos encantaram os turistas por onde passaram, as velhas escadarias deram lugar à criatividade de artistas que as transformaram em gigantescas telas ao ar livre. Se vivo estivesse Bandeira Tribuzzi, iria cantar em voz alta “ Quero ler nas ruas, fontes, cantarias, torres e mirantes, igrejas, e sobrados.... “
São Luís é uma cidade encantadora! Ilha dos amores, cidade rebelde, capital brasileira do reggae, ela, de fato, encanta a todos. Mas o que falta para se transformar no grande atrativo nacional e gerar riqueza com a força da sua efervescência cultural?
Acredito que precisamos trabalhar melhor esse nosso produto. A Cidade precisa estar preparada para acolher e encantar os turistas. Há que se melhorar em muito a oferta dos serviços, afinal de contas o turista quando sai de casa ele está em busca de novas descobertas e quer se sentir melhor que se em casa estivesse. Temos uma gastronomia sem igual. As reentrâncias do litoral nos garantem os mais variados tipos de pescados e o camarão do Maranhão têm um sabor sem igual.
Aqui reside uma enorme oportunidade para encantamento daqueles que nos procuram. Temos a fama da hospitalidade única, mas estamos importando garçons de outros estados vizinhos.
Neste final de semana presenciei duas cenas que me chamaram a atenção. Uma delas, em um restaurante dos mais frequentados da cidade. Estávamos à mesa aguardando um pedido que se arrastava há tempos, quando aparece, para aplausos de todos, o garçom. Entre as duas mãos trazia a nossa enorme travessa de camarão e, pendurado nos dedos mindinho e anelar, “aproveitava a viagem” e carregava, para a mesa vizinha, uma quentinha embrulhada numa sacola de plástico... Ninguém merece !...
Logo em seguida, um amigo pediu ao garçom que trouxesse um copo com água de coco e gelo. A bebida chegou e meu amigo reclamou:
- E o copo com gelo?
- Não precisa! Tá gelada! Disse o garçom...
Para não perder o tom, compartilho com os leitores uma outra passagem, envolvendo a qualidade do atendimento nos restaurantes da cidade. Tempos atrás, esteve a nos visitar aqui em São Luís, um dos maiores empresários do pais, o Beto Sicupira. Depois de uma manhã de troca de experiências com os executivos da Cemar, levei-o para almoçar em um restaurante à Beira Mar. Quis fazer as vezes de um bom guia turístico e desandei a elogiar as frutas de nossa terra; bacuri, cajazinho e buriti, graviola, cupuaçu e murici. Pedi um pot-pourri delas para que ele as experimentasse.
Tal qual uma paleta de tintas vibrantes, surgiu pelas mãos do garçom uma linda e perfumada bandeja com seis copos de sucos diferentes.
O Beto Sicupira, que além da grande habilidade em ganhar dinheiro, é também conhecido como praticante de esportes ao longo da vida, pegou um dos copos, virou-se e perguntou ao garçom:
- Tem açúcar?
- É só não mexer, doutor! ... Retrucou com a maior simplicidade.
José Jorge Leite Soares
Ex-deputado estadual, membro da Academia Pinheirense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
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