Empreitada

Facções usam a internet na divulgação de seus crimes

Criminosos exibem imagens de suas ações, exibem armas e até escolhem suas próximas vítimas; a morte de um jovem em Bacabal foi mostrada na rede e as imagens enviada seus familiares

Ismael Araújo

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h24

SÃO LUÍS - Líderes de facções criminosas estão usando a internet, principalmente o Facebook e o WhatsApp para divulgarem conteúdos de suas ações e até mesmo para escolherem suas novas vítimas. Eles exibem, sem nenhum receio, emblemas das facções, armamento, munições, imagem que reforçam o apoio ao crime e ao tráfico de entorpecente nesse tipo de plataforma digital.

A polícia informou que Jhousef Silva Gonçalves, de 15 anos, foi assassinado por ter postado uma foto na rede social em que aparecia, em companhia de outro adolescente, fazendo referência com as mãos a uma facção criminosa. O faccionado e acusado desse crime, Anselmo Bispo Ferreira Machado Júnior, o Bolero, de 23 anos, foi condenado a 16 anos de reclusão na última segunda-feira.

O julgamento ocorreu no Fórum Desembargador Sarney Costa e foi presidido pelo juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri, Osmar Gomes, com participação da promotora de Justiça, Cristiane Lago. A defesa do réu foi feita pelo defensor público Adriano Campos.

Esse crime ocorreu no dia 3 de outubro de 2017, no povoado Itapera. Segundo a polícia, os adolescentes passaram a ser ameaçados de morte por facções rivais. O jovem foi assassinado a tiros quando estava a caminho da escola, inclusive, estava com a farda escolar. O criminoso ao ser preso no dia 4 de outubro de 2017, declarou em depoimento que era integrante de uma facção criminosa e que pretendia matar o outro jovem que apareceu na foto com Jhousef Silva.

Vídeo

Outra vítima de faccionados foi Luyan Roges, o Diabo Louro, de 20 anos. Esse crime foi gravado e postado na rede social, além de enviado, também, para os familiares da vítima. Nesse vídeo aparecem os criminosos fazendo referência a um determinado grupo criminoso e a vítima com as mãos amarradas. Também é possível observar os acusados exibindo armas de fogo.

A vítima era ex-presidiária e estava desaparecida desde o dia 9 de junho deste ano e foi encontrada morta no dia seguinte em uma área de matagal, no bairro Setúbal, em Bacabal. O corpo estava enterrado em cova rasa, com as mãos e os pés amarrados. Havia sinais de violência, principalmente na cabeça.

O caso ainda está sendo investigado pela Delegacia Regional de Bacabal, que até agora não conseguiu prender os criminosos. Esse crime teria sido motivado por rixa entre facções criminosas.

Tribunal do crime

Ainda na primeira quinzena de maio circulou nas redes sociais um vídeo bárbaro que chocou a população. As imagens mostram Evanderson Hollyfilder Gaioso Pereira, de 22 anos, e Nathaniel de Sousa Barbosa, o Nathan, de 24 anos, sendo agredidos a socos, pontapés e a pauladas. O vídeo exibe, ainda, as vítimas sendo baleadas. Uma delas chegou a informar que era moradora do Bairro de Fátima e se autodenominou integrante de um determinado grupo criminoso com base no Rio de Janeiro.

A polícia informou que as vítimas haviam sido penalizadas pelo “Tribunal do Crime”, em julgamento realizado na noite do dia 12 de maio, na área da Pirâmide, na cidade de Raposa. Mais de 20 faccionados teriam participado dessa operação. Toda a ação criminosa teria sido filmada e postada na internet pelos criminosos.

Os jovens teriam ido passar o Dia das Mães na residência de parentes na Pirâmide e à tarde, foram a um ponto comercial na localidade onde teriam sido ameaçados de morte pelos criminosos.

No começo da noite, o grupo invadiu a residência dos familiares dos jovens e criaram um clima de pânico no local, sequestraram Evanderson Gaioso e Natahaniel Barbosa que foram levados para uma área de matagal onde foram espancados e mortos a tiros.

O caso ainda está sob investigação da Superintendência de Homicídio e Proteção a Pessoas (SHPP), que até agora prendeu apenas dois envolvidos, Leandro do Nascimento da Silva, de 26 anos, e Juarez Silva Ferreira, de 25 anos, na Raposa. Os investigadores garantem que já conseguiram identificar mais seis envolvidos. As prisões já foram solicitadas ao Poder Judiciário.

Cerco policial

Um cerco policial realizado em abril deste ano, nos bairros do Coroadinho, João de Deus e Vila Isabel Cafeteira, resultou na prisão de sete criminosos suspeitos de assaltos a estabelecimentos comerciais da Região Metropolitana de São Luís.

A polícia informou, que após cometerem as ações criminosas, o bando postava fotos e vídeos nas redes sociais ostentando armas, drogas e pertence das vítimas. Além disso, fotos das reuniões dos criminosos eram divulgadas em perfis nas redes sociais. O grupo também é suspeito de ter participado do assalto a agência dos Correios da cidade de São Bento. Os nomes dos detidos não foram revelados pela polícia.

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