Resgate

Capitã de navio humanitário pede bloqueio das redes sociais de Salvini

Alemã acusa vice-premier de extrema direita de difamação contra sua honra; ela é alvo de uma investigação por ter desafiado o político ultraconservador, que não autorizara o desembarque de 42 migrantes e refugiados

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Carola Rackete ao deixar o navio Sea-Watch 3 na ilha italiana de Lampedusa, após 17 dias à deriva
Carola Rackete ao deixar o navio Sea-Watch 3 na ilha italiana de Lampedusa, após 17 dias à deriva (Reuters)

ITÁLIA - A capitã Carola Rackete , que forçou a entrada do navio de resgate humanitário Sea-Watch 3em águas italianas, pedirá à Justiça que as contas nas redes sociais do vice-premier italiano Matteo Salvini sejam bloqueadas, acusando-o de disseminar o ódio. De 31 anos, a alemã é alvo de uma investigação por ter desafiado o político ultraconservador, que não autorizara o desembarque de 42 migrantes e refugiados a bordo do navio sob seu comando.

Segundo o advogado de Rackete, Alessandro Gamberini, ela apresentará um processo na Justiça por difamação contra Salvini na sexta-feira. O vice-premier, que é também ministro do Interior, a chamou de "pirata" e "ilegal" nas redes sociais, entre outros insultos, além de ter dito que a expulsaria da Itália imediatamente após a sua soltura.

A capitã ficou presa por alguns dias após atracar na ilha de Lampedusa, até que uma juíza considerou que ela não cometeu ato de violência e apenas cumpria seu dever de salvar vidas.

"Quando há declarações ofensivas, difamatórias e incitadoras de ódio como estas do ministro, o único jeito que um juiz pode impedi-las é bloqueando as suas contas", disse Gamberini.

Por ter recebido ameaças de morte e violência em série, a capitã está escondida na região da Sicília, no sul italiano. Enquanto isso, Salvini minimizou o pedido de bloqueio das suas contas. No Twitter, ele escreveu:

"A comunista alemã, aquela que atacou o barco de patrulha da polícia, pediu à Procuradoria que feche minhas páginas do Facebook e do Twitter. Não há limite para o absurdo. Então posso apenas usar o Instagram?".

Rackete forçou a entrada do Sea Watch-3 depois de 17 dias à deriva no Mediterrâneo, afirmando que as vidas dos migrantes a bordo estava em risco. Ela se tornou um símbolo de resistência às políticas linha-dura de Salvini para a imigração. O vice-premier ascendeu ao poder em 2018 com a promessa de frear os desembarques no Mediterrâneo. E, desde então, proibiu os desembarques no Sul italiano e impôs restrições contra ONGs que desobedeçam as regras, incluindo a apreensão de navios.

Apelo

Na quinta-feira, 11, a ONU solicitou que os barcos humanitários que socorrem os migrantes em risco no mar Mediterrâneo não sejam punidos. Em declaração conjunta, o diretor do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Antonio Grandi, e o diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Antonio Vitorino, ressaltaram o "papel-chave" destas embarcações.

Grandi e Vitorino pedem ainda que navios não sejam dirigidos de volta à Líbia — país considerado inseguro — para desembarcar passageiros resgatados e que os migrantes não sejam mais detidos no país africano. E ainda solicitaram à comunidade internacional que aja para prevenir tragédias como a ocorrida no centro de detenção em Tajura, perto de Trípoli, a capital da Líbia, no qual 50 migrantes morreram num ataque aéreo. Os 400 sobreviventes do bombardeio foram levados a outro centro superlotado, segundo as Nações Unidas.

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