Ameaça

EUA querem coalizão militar para proteger navegação

Americanos devem fornecer navios de comando e liderar a vigilância; aliados patrulhariam a região perto de Irã e Iêmen; a medida é uma resposta à escalada das tensões entre Washington e Teerã

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Petroleiros no Estreito de Ormuz: EUA querem coalizão para patrulhar a área
Petroleiros no Estreito de Ormuz: EUA querem coalizão para patrulhar a área (Reuters)

WASHINGTON e TEERÃ — Os Estados Unidos anunciaram que pretendem trabalhar com países aliados na criação de uma coalizão militar internacional que proteja a navegação em pontos-chave do Oriente Médio , nas costas do Irã e do Iêmen . A medida é uma resposta à escalada das tensões entre Washington e Teerã , que vêm se agravando desde que os americanos deixaram o acordo nuclear de 2015 e voltaram a aplicar sanções no país persa.

"Nós estamos em contato com vários países para ver se podemos criar juntos uma coalizão que garanta a liberdade de navegação nos Estreitos de Ormuz e Bab al-Mandeb" , disse o chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, Jospeh Dunford. "Acredito que provavelmente identificaremos nas próximas duas semanas as nações que têm interesse em apoiar a iniciativa e, depois, trabalharemos diretamente com seus Exércitos para identificar as capacidades específicas".

De acordo com o plano, finalizado nos últimos dias, os Estados Unidos devem fornecer navios de comando e liderar a vigilância da região. Nações aliadas iriam patrulhar as áreas próximas às embarcações americanas e patrulhar barcos com bandeiras de seus países.

As autoridades americanas culpam os iranianos por seis ataques a naviosem maio e junho, nas proximidades do Estreito de Ormuz — o Irã nega qualquer participação. No mês passado, Teerã abateu um drone na região e, em resposta, o presidente Donald Trump ordenou bombardeios de retaliação, cancelando-os minutos antes.

Ormuz e Bab al-Mandab são estrategicamente importantes, fornecendo acesso entre o Oceano Índico e o Golfo Pérsico e o Mar Vermelho, respectivamente. Cerca de 20% de todo o petróleo consumido no mundo passam pelo Estreito de Ormuz, enquanto navios que fazem o trajeto entre o Oriente Médio e a Europa pelo Mar Vermelho devem passar por Bab al-Mandab.

Estreito de Ormuz

Há anos, o Irã ameaça fechar o Estreito de Ormuz caso seja impedido de exportar seu produto, a principal fonte de renda do país, algo que Trump vem tentando fazer com sua política de "pressão máxima" com Teerã.

Pelo acordo nuclear de 2015 — assinado por Irã, EUA, França, Reino Unido, China, Rússia, Alemanha e a União Europeia — os iranianos se comprometeram a abandonar seu programa atômico em troca do alívio das sanções econômicas. Em abril do ano passado, contudo, os EUA deixaram o tratado e voltaram a aplicar restrições à Teerã.

Em maio, estas sanções foram ampliadas, praticamente impedindo que o Irã venda petróleo pelos meios oficiais. A medida derrubou as exportações, principal fonte de renda do país. Em abril do ano passado, os iranianos exportavam 2,5 milhões de barris de petróleo diariamente. Em junho, caiu para 300 mil barris diários.

Em resposta, o Irã anunciou que iria deixar de cumprir suas obrigações no acordo até que os outros países signatários agissem para minimizar os efeitos das sanções, realizando novas violações a cada 60 dias. Na semana passada, os iranianos superaram o limite permitido para o estoque de material nuclear no país, de 300kg e, na segunda-feira, anunciaram que estavam enriquecendo urânio acima dos 3,67% . Nesta quarta-feira, a Agência Internacional de Energia Atômica confirmou que o enriquecimento a 4,5%.

Bomba atômica

O país persa disse ainda que poderá elevar a taxa de enriquecimento a até 20%, similar à anterior ao acordo. Ainda assim, ficará bem distante dos mais de 80% necessários para a produção de uma bomba atômica, o grande temor americano.

A União Europeia divulgou um comunicado conjunto das Chancelarias da França, da Alemanha e do Reino Unido e de funcionários do alto escalão do bloco no qual expressa "profunda preocupação de que o Irã possa estar realizando atividades inconsistentes com seus compromissos" relacionados ao tratado nuclear.

O chanceler iraniano, Javad Zarif, entretanto, rejeita as acusações de que teria violado o acordo, dizendo que o seu governo tem o direito de suspender as obrigações , uma vez que os demais signatários não estão cumprindo os seus termos.

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