Violência

Homicídios mataram mais que conflitos armados em 2017, diz ONU

Novo relatório divulgado ontem, 8, constatou, ainda, que o crime organizado foi responsável por 19% dos homicídios naquele ano. O Brasil aparece com um dos países com as maiores taxas de homicídio

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Migrantes feridos depois que um ataque aéreo atingiu um centro de detenção na cidade de Tajoura
Migrantes feridos depois que um ataque aéreo atingiu um centro de detenção na cidade de Tajoura (AFP)

GENEBRA - Mais pessoas morreram assassinadas do que em conflitos armados em 2017, constatou a ONU em em um relatório divulgado nesta segunda-feira (8).

Segundo o Escritório para as Drogas e o Crime Organizado das Nações Unidas (Unodc, na sigla em inglês), 463.821 pessoas morreram por causa de homicídios naquele ano, comparado a 89 mil mortes causadas por conflitos armados. O terrorismo causou 26 mil vítimas fatais.

"O Estudo Global sobre Homicídio busca esclarecer assassinatos relacionados a gênero, violência de gangues e outros desafios, para apoiar a prevenção e as intervenções para reduzir as taxas de homicídio", afirmou, em comunicado, o diretor-executivo do Unodc, Yury Fedotov.

O crime organizado foi responsável por 19% de todos os homicídios em 2017. Desde o início do século 21, diz a organização, o crime organizado matou aproximadamente a mesma quantidade de pessoas que todos os conflitos armados combinados ao redor do mundo.

Apesar da queda na taxa de homicídios pelo mundo, de 7,2 para 6,1 a cada 100 mil habitantes, houve um aumento no número de assassinatos em todo o mundo: de 395.542 para a 463.821. As comparações foram feitas entre os anos de 1992 e 2017. A maioria das vítimas de assassinato são homens, que também são mais de 90% dos suspeitos de homicídio. A maior parte dos homicídios ocorreu no continente americano (173 mil), seguido pela África (163 mil) e Ásia (104 mil).

Brasil

O Brasil aparece, entre os países americanos, com a segunda maior taxa de homicídios em 2017 - 30,5 para cada 100 mil habitantes, segundo o relatório. O índice fica atrás apenas da Venezuela, que registrou uma taxa de 56,8 para cada 100 mil pessoas. A taxa brasileira é cinco vezes maior que a média global.

Em números absolutos, pontua o relatório, a Nigéria e o Brasil, que juntos compõem cerca de 5% da população mundial, foram responsáveis por 28% dos homicídios em todo o mundo.

O relatório aponta ainda que, entre 1991 e 2017, cerca de 1,2 milhão de pessoas foram assassinadas no país - número equivalente à população de Campinas, no interior de São Paulo.

O Brasil, diz a ONU, é o lugar em que mais se mata no mundo: 1 em cada 7 homicídios acontecem em solo brasileiro. A organização considerou números de 2015 - ano em que, segundo o relatório, 58 mil pessoas foram assassinadas no país. A quantidade é comparável às mortes causadas por conflitos que ocorreram em todo o mundo naquele ano: 66,4 mil.

Em 2017, segundo levantamento do Monitor da Violência feito pelo G1, 59.103 pessoas foram assassinadas no país.

Mulheres

Conforme relatório divulgado no final do ano passado, 87 mil mulheres foram assassinadas em 2017, uma média de 238 por dia e 10 por hora. A maior parte delas morreu pelas mãos de parceiros íntimos ou de outro membro da família: 50 mil, o que equivale a 58%. A casa, diz o estudo, permanece sendo o lugar mais perigoso para as mulheres.

Segundo o relatório, homens que matam suas parceiras íntimas têm um perfil marcadamente diferente dos que cometem homicídio fora de um relacionamento: eles tendem a ter empregos e um padrão de vida melhores do que os outros, e muitas vezes não têm antecedentes criminais. A constatação foi feita em vários estudos de países europeus.

Na distribuição por continente, a Ásia foi o lugar onde mais mulheres morreram nas mãos de parceiros íntimos ou de membros da família: 20 mil. Em seguida veio a África, com 19 mil mulheres assassinadas. Por ser um continente muito menor que a Ásia, entretanto, a África foi considerada o lugar onde as mulheres tinham o maior risco de serem mortas por alguém próximo.

No final de junho, a ONU divulgou um relatório no qual recomenda 8 medidas para diminuir a desigualdade de gênero dentro das famílias.

Crianças e jovens

A ONU estima que 21.540 crianças entre 0 e 14 anos e outros 182.887 jovens adultos, com idades entre 15 e 29 anos, foram assassinados em 2017. Desses, a maioria eram meninos e homens: 58% e 87%, respectivamente.

Entre 2008 e 2017, 205.153 crianças com idades entre 0 e 14 anos e 1,7 milhão de adolescentes e jovens adultos entre 15 e 29 anos foram assassinados.

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