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Maranhenses viram ''mulas'' no tráfico internacional de droga

Em menos de dois anos, sete pessoas nascidas no Maranhão e serviço de traficantes internacionais, foram presas em aeroportos de vários países, transportando cocaína, muitas vezes em cápsulas; no estômago

Ismael Araújo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Paulo Henrique, de Olho D'Água das Cunhãs, está preso na Tailândia
Paulo Henrique, de Olho D'Água das Cunhãs, está preso na Tailândia (Paulo)

SÃO LUÍS - Em menos de dois anos, sete maranhenses foram presos em flagrante em aeroportos internacionais, desempenhando o a função de “mulas” para traficantes internacionais. Essa atividade levou à prisão, no aeroporto de Servilha, na Espanha, no dia 25 de junho, o sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, de 38 anos, que fazia parte da comitiva do presidente Jair Bolsonaro. Ele transportava 39 kg de cocaína em sua bagagem.

O Ministério da Defesa confirmou a prisão do militar, apontado como “mula qualificada”. Essa atividade tem despertado o interesse dos maranhenses que constantemente estão sendo presos transportando cocaína, inclusive em cápsulas no estômago.

O delegado Ricardo Herlon, de combate ao narcotráfico em Timon, disse que algumas dessas “mulas” são de Timon. “Esse tipo de crime é de competência da Polícia Federal, mas a Polícia Civil tem sido informada sobre pessoas de Timon presas em outros países pelo crime de tráfico de droga”, disse o delegado.

Lisboa

Ele informou ainda, que no fim do ano passado, uma moradora de Timon tinha desaparecido no aeroporto de Fortaleza, no Ceará. A família registrou ocorrência e após alguns dias ficou sabendo que ela tinha sido presa no aeroporto em Lisboa, em Portugal. Foi constatado que a detida estava transportando uma porção de cocaína no estômago.

Ainda segundo semestre do ano passado, mais duas jovens de Timon foram presas em flagrante ao desembarcarem no aeroporto de Lisboa. A polícia constatou que elas tinham ingerido cápsulas de cocaína no Brasil para serem comercializadas na Europa.

O delegado lembrou que em 2018 ocorreu a prisão de mais um maranhense, em Marrocos. “A rota do tráfico de droga, na maioria das vezes, acaba mudando para despistar a polícia. Normalmente, isso ocorre quando há prisões na África”, explicou Ricardo Herlon.

Segundo o delegado, as “mulas” ganham uma determinada quantia em dinheiro para desenvolver essa atividade, que na maioria das vezes, pode resultar em morte, agressão a saúde e prisão, pois a fiscalização nos aeroportos internacionais estão cada vez mais sofisticadas.

Tailândia

Ainda nesta sexta-feira, 5, permanecia preso em Bangcoc, na Tailândia, o maranhense de Olho d’Água das Cunhãs, Paulo Henrique Pires do Nascimento, de 27 anos. Segundo a polícia, ele foi preso em companhia de outro brasileiro, Elsonias Coleta da Silva, de 35 anos, no dia 6 de setembro de 2017. A polícia identificou que havia 1,3 kg de cocaína no estômago dos detidos, avaliado em torno de R$ 605,5 mil. De acordo com a legislação local, a pena para esse tipo de crime na Tailândia é de 20 anos de cadeia ou prisão perpétua.

A polícia informou, também, que denúncias anônimas levaram os policiais tailandeses a prender os brasileiros. Paulo Henrique havia embarcado em um voo comercial no aeroporto de São Paulo, com escala na Etiópia, no continente africano, e seguiu para a Tailândia, onde desembarcou no aeroporto internacional Suvarnabhumi, em Bangcoc, no dia 6.

Ele foi abordado pela Utit Chantasri, do escritório antidrogas da Tailândia, no momento em que estava pegando a sua bagagem e foi submetido a um exame de raio X, que constatou que havia várias cápsulas de cocaína no seu estômago.

Ele declarou aos policiais que deveria entregar a droga no dia seguinte a um homem, nome não revelado, em um hotel, na avenida principal dessa cidade. A brigada antinarcóticos fez uma abordagem nesse estabelecimento e prendeu Elsonias Coleta, que negou qualquer envolvimento nesse ato criminoso. O maranhense tinha saído de casa no dia 2 de março para ir trabalhar em um garimpo, no Suriname. Inclusive, esta era a quarta vez que ele deixava a sua cidade para trabalhar fora do Brasil.

Mais casos

Seis pessoas, entre elas uma maranhense, nome não revelado, de 24 anos, foram presas no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, no dia 30 de março de 2017 com 40 kg de cocaína. O delegado Marcelo Ivo de Carvalho, da Polícia Federal, informou que a maranhense foi abordada no portão de embarque do aeroporto, quando se preparava para viajar com destino ao Cairo, no Egito. No momento da abordagem, a mulher estava muito nervosa o que despertou a atenção dos policiais, que, ao revistarem a sua bolsa, encontraram em um fundo falso, 2 kg de cocaína. O restante da droga estava com os outros membros da quadrilha.

No dia 16 de setembro de 2017, a equipe da Superintendência Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Senarc) prendeu o maranhense Alessandro Silva, no Planalto Anil, acusado de ser integrante de um bando especializado em tráfico internacional e suspeito de abastecer as bocas de fumo na Ilha de São Luís. Essa organização é chefiada pelo pernambucano e líder de facção criminosa José Mário Monteiro Júnior, o Júnior Kalango, de 28 anos.

Número

7

é o número de maranhenses presos fora do Brasil ao desempenharem a função de “mulas” para traficantes internacionais de droga

Entenda

Países onde ocorreram prisões

Portugal: três pessoas de Timon foram presas por tráfico de droga;

Marrocos: Uma pessoa de Timon foi presa acusado de transportar cocaína;

Tailândia: Um maranhense de Olho d’Água das Cunhãs foi preso em companhia de outro brasileiro, com cocaína;

Egito: Uma maranhense que pretendia levar droga para Cairo, foi presa em São Paulo;

Paraguai: Alessandro Silva é acusado de fazer parte de uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de droga

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