Tensão

Acordo sobre mísseis nucleares de EUA e Rússia pode fracassar

Otan não convence russos a abandonarem míssil que violaria os termos do Tratado de Forças Nucleares Intermediárias; Washington e Moscou anunciaram que podem deixar o acordo; Rússia é acusada de desenvolver o sistema de mísseis 9M729

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Mísseis 9M723, desenvolvidos pela Rússia, durante demonstração perto de Moscou, em junho
Mísseis 9M723, desenvolvidos pela Rússia, durante demonstração perto de Moscou, em junho (Reuters)

BRUXELAS — Rússia e Otan não chegaram a termos comuns para salvar o acordo que impede o desenvolvimento de mísseis balísticos de curto e médio alcance , capazes de levar armas nucleares . O Tratado de Forças Nucleares Intermediárias , em vigor desde 1988, baniu mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro, lançados de plataformas terrestres, com alcance entre 500 e 5.000 km. Mais de 2.600 mísseis foram destruídos desde então.

O acordo começou a ruir em outubro do ano passado, quando os EUA acusaram a Rússia de desenvolver o sistema de mísseis 9M729 , que teria alcance de até 4.000 km, violando os termos do texto. Caso os mísseis não fossem destruídos, os americanos anunciaram que deixariam o tratado no dia 2 de agosto . Eles já deixaram de cumprir os termos em fevereiro.

A resposta russa veio no mesmo tom. Em março, Putin anunciou que a Rússia deixaria o acordo, decisão corroborada pelo Parlamento e ratificada pelo presidente na quarta-feira,3. Os russos dizem que não violaram os termos, mas a imprensa do país afirma que os planos de deixar o Tratado vêm desde 2005. Moscou também não esconde o incômodo com planos americanos para instalar mísseis de médio alcance na Europa, por vezes mencionados em Washington.

Para evitar o fracasso de um dos mecanismos considerados mais importantes para a manutenção da paz nas últimas décadas, a Otan tenta convencer os russos a suspender o desenvolvimento dos novos mísseis, além de voltar às negociações sobre o tratado. Mas o secretário-geral da aliança militar, Jens Stoltenberg, diz que as chances de sucesso são menores a cada minuto .

Preocupação na Europa

O fracasso, se confirmado, preocupa as lideranças europeias. Isso porque a maior razão do tratado existir é a proteção do continente contra possíveis ataques soviéticos, posteriormente russos. Alguns países, como a Ucrânia, já anunciaram a intenção de desenvolver seus próprios mísseis de médio alcance.

Além do Tratado de Forças Intermediárias, as tensões diplomáticas também colocam dúvidas sobre o programa Novo START , que limita o arsenal nuclear de Rússia e Estados Unidos. Os dois lados concordaram em prorrogar as negociações sobre o acordo, previsto para expirar em 2021, com a opção de ser renovado até 2026. O plano impoe o limite de1.550 ogivas estratégicas operacionais para cada país.

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