INICIATIVA

Parceria internacional para fazer a limpeza do litoral de São Luís

Compromisso foi firmado ontem (4), durante abertura do Congresso Internacional de Prevenção e Combate ao Lixo no Mar; projeto contará com atuação de órgãos municipais, estaduais e federais, além da Agência de Proteção Ambiental da Suécia

MONALISA BENAVENUTO / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Lixo se acumula na orla de São Luís; ação promoverá limpeza
Lixo se acumula na orla de São Luís; ação promoverá limpeza

SÃO LUÍS - O descarte incorreto de resíduos sólidos tem afetado a vida marinha e é grande preocupação pa­ra os gestores públicos. Uma vez descartados inadequadamente, nas grandes cidades, a exemplo de São Luís, os rejeitos têm como destino final a orla e contribuem para tamanho impacto ambiental. Diante deste cenário, que já estampa a fundo as praias da Ilha, os mais de 16 quilômetros que compõem a faixa litorânea de São Luís recebem, de forma inédita entre as capitais brasileiras, apoio de entidades nacionais e internacionais que atuarão em parceria com o Comitê Gestor de Limpeza Urbana municipal na identificação e efetivação de medidas no combate à poluição marinha, após compromisso firmado ontem (4), durante abertura da Conferência Internacional de Prevenção e Combate ao Lixo no Mar.

Promovida ontem e hoje (5), pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) em parceria com a Agência de Proteção Ambiental da Suécia (Sepa) e apoio da Prefeitura de São Luís, por meio do Comitê Gestor de Limpeza Urbana, a Conferência Internacional busca fortalecer políticas de conscientização ambiental, redução na geração de resíduos e práticas sustentáveis entre a população. O objetivo é adequar o manejo dos resíduos sólidos e reduzir a quantidade de lixo descartado irregularmente nas cidades. A programação, que encerra-se na tarde de hoje, inclui debates e palestras com especialistas em gestão de resíduos sólidos do Sepa, da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA, sigla em inglês), Ministério do Meio Ambiente (MMA), além de especialistas locais.

De acordo com Carlos Silva Filho, presidente da Abrelpe, há uma discrepância entre a geração de resíduos e a infraestrutura de gestão desses materiais, capaz de possibilitar o descarte adequado. Uma estimativa baseada em dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil da associação aponta que, anualmente, dois milhões de toneladas de resíduos - compostos, em sua maioria, por plásticos e bitucas de cigarro - vão parar nos mares. Por não haver dados precisos, neste sentido, referente à capital maranhense, o projeto torna-se essencial para o delineamento de medidas efetivas no combate à problemática local, como destacou Silva.

“A missão do projeto é, justamente, constatar como é a situação em cada local, quais são as fontes de vazamento de resíduos para o mar nesta localidade e qual é o plano de ações que a gente pode desenvolver para evitar que este lixo vá parar no mar. É isto que nós vamos trazer para São Luís com a expertise do governo da Suécia, que está sendo mentor desse projeto todo e, a partir daí, que a gente possa replicar esta experiência para outros municípios brasileiros”, esclareceu o presidente da Abrelpe.

Estratégias
Uma das estratégias adotadas para dimensionar o problema do lixo na orla de São Luís será implantar uma calculadora capaz de apontar a quantidade de resíduos despejadas constantemente nos mares. A metodologia, desenvolvida pela ISWA e lançada em junho em Bali (Indonésia), foi apresentada pela primeira vez em um evento internacional durante a conferência e, de acordo com Carlos Silva Filho, será essencial para o desenvolvimento do projeto. “Esta calculadora é uma ferramenta de monitoramento deste plano de ações. Ela vai entrar em um momento em que vamos precisar verificar a situação atual e, quando as ações forem implantadas, medir os efeitos e resultados do projeto”, explicou.

Pioneiro entre as capitais brasileiras, o projeto contará, ainda, com o apoio do MMA, por meio da Secretaria Nacional de Qualidade Ambiental, que desde março tem buscado medidas para combater a realidade do lixo nos oceanos. “Hoje, aqui em São Luís, se dá mais um passo neste cenário, na medida em que vai ser lançado uma chamada para que municípios costeiros possam receber apoio nacional e internacional para que possa desenvolver ações concretas e tangíveis para reduzir os impactos que o lixo no mar traz para a economia, turismo, navegação e, principalmente, para a saúde dos ecossistemas marinhos. O desafio é grande, mas acreditamos que, com coordenação, integração e orientação desses esforços,

Apesar de não atuar diretamente na questão da balneabilidade das praias da região metropolitana de São Luís – impróprias para banho desde dezembro –, o projeto poderá contribuir para identificar as origens dos resíduos poluidores da orla ludovicense. Para a anfitriã e presidente do Comitê Gestor de Limpeza Urbana da capital, Carolina Estrela, a iniciativa é um importante colaborador no trabalho desempenhado diariamente na cidade.

“São Luís é a primeira capital brasileira a receber esse incentivo que deixará um legado muito importante para a cidade por meio de um acordo de colaboração firmado hoje, que consiste, exatamente, na promoção de um diagnóstico a respeito dos resíduos que vão parar na nossa faixa de praia, a respeito do descarte irregular e nos oferecerá metodologias eficientes para contenção desse problema”, ressaltou Estrela.

Momento da Conferência Internacional de Prevenção e Combate ao Lixo no Mar
Momento da Conferência Internacional de Prevenção e Combate ao Lixo no Mar

Situação atual

Somente em São Luís, de acordo com dados do Comitê Gestor de Limpeza Urbana, são recolhidas cerca de 300 toneladas de resíduos que são descartadas de forma irregular na cidade. Parte deste descarte acaba indo parar nos manguezais e orla da cidade, prejudicando o meio ambiente. Diariamente são retiradas das praias da cidade cerca de 20 toneladas de resíduos sólidos que são oriundos do descarte irregular feito diretamente nas praias, mas o lixo que é jogado indiscriminadamente nas ruas também pode ir parar na faixa de areia e mar por causa da ação das chuvas, dos ventos entre outras.

Para combater o descarte irregular na orla da cidade todos os dias a Prefeitura executa diversos serviços de limpeza urbana na orla. Os agentes de limpeza fazem a varrição, catação e remoção dos resíduos descartados na faixa de areia ou na área urbanizada da orla. Além dos agentes, são utilizadas ainda caçambas e retroescavadeiras para recolher o lixo descartado irregularmente nas praias de São Luís. Também são feitas ações de educação ambiental por meio da Campanha Cidadão Limpeza Cidade Beleza para conscientizar a população sobre o descarte ambientalmente adequado dos resíduos sólidos.

Saiba Mais

ISWA

A Associação Internacional de Resíduos Sólidos é a principal entidade em âmbito global de atuação voltada à melhoria da gestão de resíduos. Em setembro de 2017, lançou uma força-tarefa para combater o lixo marinho no mundo através de ações de gestão de resíduos no ambiente terrestre. Segundo a instituição, cerca de 80% dos resíduos que vão parar nos mares são oriundos das cidades.

Abrelpe

Fundada em 1976 por um grupo de empresários pioneiros nas atividades de coleta e transporte de resíduos sólidos, a ABRELPE tem pautado sua atuação nos princípios da preservação ambiental e do desenvolvimento sustentável, para representação e defesa do setor, com a missão de promover o desenvolvimento técnico-operacional da gestão de resíduos sólidos no Brasil.

Ao longo de sua atuação, a entidade conquistou a representação da ISWA no Brasil e foi escolhida para ser sede da Secretaria Regional para a América do Sul da IPLA (Parceria Internacional para desenvolvimento da gestão de resíduos junto a autoridades locais), um programa reconhecido e mantido pela ONU através da UNCRD – Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento Regional.

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