Perigo

Uso de cerol em linha de pipa oferece risco e requer atenção

Empinar papagaio ou pipa pode ser divertido, desde que praticado com atenção e cuidado, do contrário, perigos são iminentes e podem causar tragédias;

Igor Linhares / O Estado do MA

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Criança brinca empinando papagaio em São Luís durante as férias
Criança brinca empinando papagaio em São Luís durante as férias (pipa / papagaio)

SÃO JOÃO - O mês de julho traz as esperadas férias escolares e, também, os bons ventos. A criançada e até jovens e adultos aproveitam para colorir o céu com uma das brincadeiras mais tradicionais da época, soltar pipa ou papagaio, como é mais conhecida pelos maranhenses. Porém, como toda e qualquer brincadeira, é preciso atenção para que o momento lúdico e divertido não se transforme em tragédia. Quando enganchadas na fiação elétrica, as pipas podem ocasionar interrupção do fornecimento de energia e até acidentes envolvendo choque elétrico. Para se ter ideia, os meses de julho do último quadriênio contabiliza mais de 2 mil ocorrências no Maranhão.

No fim da tarde da última terça-feira (2), por exemplo, Erik Medrado, promotor de vendas, de 19 anos, pedalava por uma via do bairro Anjo da Guarda quando foi surpreendido por uma linha de pipa com cerol. No momento, o susto foi grande, mas a gravidade do ocorrido só foi notada quando ele chegou em casa e teve a curiosidade de averiguar a região do pescoço pelo reflexo do espelho.

"Era por volta de 18h, quando eu estava passando de bicicleta por uma rua do Anjo da Guarda. Percebi que, de um lado da rua, havia três crianças, dois meninos e uma menina, que aparentavam ter entre 13 e 14 anos. Vi que eles estavam tentando soltar uma pipa, mas não me importei muito por eles estarem distante de onde eu passava, mas, de repente, senti algo no pescoço. Na hora, o celular que eu carregava no braço caiu e só não cai, também, porque freei e coloquei os pés no chão. Foi então que eu senti que o que tinha enganchado no meu pescoço era a linha da pipa que eles estavam tentando soltar, com cerol", narrou Medrado.

De acordo com o promotor de vendas, ele ainda teve a iniciativa de se dirigir até as crianças para alertá-las sobre o ocorrido, já que elas ainda não haviam percebido o acidente, e sobre o perigo de soltar papagaio em locais de movimentação pública. "Fiquei com o coração a mil quando percebi o que tinha acontecido. Então, fui até onde elas [as crianças] comunicar o que tinha ocorrido e aproveitei e chamei atenção para o perigo da brincadeira, além de alertar sobre o risco de soltar pipa àquele horário e deixar a linha com cerol atravessada de um lado ao outro da rua".

Mas ao chegar em casa, depois do ocorrido, foi que o jovem percebeu a marca da imprudência em seu pescoço. "Peguei a bicicleta e fui embora sentindo aquela aderência na região da garganta, mas só quando cheguei em casa, que entrei no banheiro para tomar banho e olhei no espelho, que me deparei com o que tinha acontecido ao meu pescoço, de fato". Erik teve o pescoço cortado. O ferimento media entre três e cinco centímetros e não houve a necessidade de nenhuma intervenção médica.

Mais riscos

Além de acidentes como o que acometeu com Erik Medrado, na última terça-feira, há também outros riscos que podem ser fatais. Comumente, vê-se os papagaios feitos com papel de seda colorida enroscados nos fios de alta tensão que cortam ruas e avenidas - situação que pode provocar desde curtos circuito e prejuízos a eletrodomésticos de residências assistidas por aquela rede elétrica ou choque a quem tenta resgatar o objeto da brincadeira preso à fiação em que ficou enroscado, o que não é uma orientação da Companhia Energética do Maranhão (Cemar), que contabilizou 412 ocorrências em julho do ano passado envolvendo pipas - geralmente, mês com mais ocorrências do tipo.

E como as ocorrências são ainda mais frequentes a esta época do ano, a orientação da Cemar é única: as pipas devem ser empinadas longe da rede de energia elétrica. Para se ter ideia, nos últimos quatro anos, durante os meses de julho, a companhia contabilizou 2.001 ocorrências envolvendo pipas e a rede elétrica - 570 em 2015; 383 em 2016; 636 em 2017 e 412 em 2018. Neste ano, de janeiro a junho, foram 724. Por causa disso, o cenário mais indicado, são aqueles abertos, sem a presença de postes de iluminação e que carregam a fiação elétrica.

De acordo com a Cemar, a criançada, jovens ou adultos que gostem da brincadeira, devem dar preferência para praias, locais abertos bem afastados da rede elétrica. Jamais se deve usar fios metálicos ou cerol, e caso a pipa fique presa na rede elétrica, jamais se deve tentar resgatá-la, pois isto, além de deixar muita gente sem energia, pode provocar graves situações de choque elétrico.

Fique por dentro

Bombeiros orientam

O Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA) informa que, no período de férias, crianças e adolescentes costumam se reunir com maior frequência para atividades de lazer e uma delas é soltar pipas, uma brincadeira que pode ser bastante perigosa.

O CBMMA orienta que algumas medidas de segurança sejam tomadas, são elas:

1- Jamais usar linhas com fio de cobre ou cerol;

2- Prestar atenção a motocicletas e bicicletas, tendo em vista que a linha, mesmo sem cerol, é perigosa para os condutores, podendo causar hemorragias e até a morte;

3- Não soltar pipas perto de fios ou antenas para evitar choques elétricos;

4- Não soltar pipas em dias de chuva ou relâmpagos;

5- Não retirar pipas presas em fios de transmissão de eletricidade ou árvores, nem fazer pipas com papel laminado, pois o risco de choque e acidente é ainda maior;

6- Procurar locais abertos como, parques, praças ou campos de futebol para empinar pipa;

7- Não soltar pipa em lajes ou telhados, para evitar quedas;

8- Observar bem onde pisa, especialmente quando andar para trás, para não cair;

9- Caso a linha quebre, não correr atrás da pipa sem observar se o caminho é seguro, como atravessar ruas e passar por buracos, para evitar acidentes.

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