Alerta

Mudança na temperatura e calor intenso podem afetar a saúde

Mês de julho marca fim do período chuvoso e sensação de calor se intensifica; especialista afirma que crianças e idosos são mais propensos aos problemas de saúde nessa época de transição climática

MONALISA BENAVENUTO / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Transição climática deste mês de julho é marcada por chuva em um período e muito sol no outro
Transição climática deste mês de julho é marcada por chuva em um período e muito sol no outro (chuva calor sol temperatura SL)

SÃO LUÍS - As altas temperaturas tornam-se frequentes após o fim do período chuvoso em São Luís. Em dias de muito calor, o incômodo afeta toda a população, contudo, crianças e idosos são mais vulneráveis devido à fragilidade do sistema imunológico e acabam expostas a doenças relacionadas ao clima quente. Insolação, desidratação e até mesmo queimaduras são alguns dos males comuns a esta época do ano. Especialista destaca cuidados essenciais para a prevenção de problemas de saúde neste período.

Sol em um dia, chuva no outro. Em comum entre os dois cenários só mesmo o calor intenso. Essas mudanças bruscas de temperatura ocorrem com frequência, especialmente, durante junho e julho, conhecidos como meses de transição climática. É exatamente nesse período que se encerra o período chuvoso e tem início o “verão”, época marcada pelo sol causticante. Assim, o sobe e desce de temperatura favorece o aparecimento de complicações como sinusites, pneumonias e até facilita a incidência de gripes e resfriados.

De acordo com o clínico geral do Hapvida Saúde, Hélio Palácio, problemas assim são comuns nesta época porque a imunidade das pessoas fica mais baixa. “Mudanças bruscas de temperatura costumam deixar as pessoas com imunidade baixa. O que deixa o organismo vulnerável, aumentando o risco de doenças”, explicou.

Se não dá para fugir dessas mudanças, o jeito é aprender a lidar com elas. Para isso, Palácio deixa algumas dicas. “Uma boa hidratação, que inclui ingestão de frutas, legumes e verduras com bastante água, é fundamental para melhorar a imunidade, principalmente se o tempo estiver seco. Mesmo não sentindo sede, carregue uma garrafinha de água com você e dê pequenos goles de tempos em tempos”, orienta. A alimentação balanceada é outra dica importante, já que é responsável por elevar a imunidade, criando uma barreira contra complicações decorrentes do sobe e desce de temperatura.
Quando o tempo fechar, a dica é: evitar aglomerações. “Lugares fechados e com muitas pessoas favorecem a transmissão de bactérias e vírus pelo ar e pelo contato”, afirma Hélio. Além disso, essa concentração pode deixar o local abafado demais, causando queda de pressão e mal-estar. Mas, quando o sol aparecer, mantenha as portas e janelas abertas.

“Seja para se proteger do calor ou evitar a entrada de insetos, muitas pessoas acabam deixando suas casas completamente fechadas. Entretanto, ao impedir a circulação de ar, você favorece a proliferação ou a estagnação de vírus, fungos e bactérias no ambiente. Como eles não são levados pela corrente de ar, acabam ficando concentrados nos cômodos da casa”, alertou o especialista. Por isso, por mais fresquinha que seja sua casa, abra as janelas e portas em alguns períodos do dia.

Idosos e crianças

Quando se trata de mudanças na temperatura e a queda da imunidade, os idosos e as crianças são os mais afetados. “As mudanças de clima são suficientes para deixarem esses dois públicos mais expostos às doenças que se proliferam com mais frequência nesse período”.

Assim, por serem o público mais exposto, os cuidados devem ser redobrados. “Tanto os idosos quanto as crianças precisam realizar regulamente consultas e check-up médico. Em caso de sintomas insistentes por mais de uma semana, é preciso buscar orientação médica. O diagnóstico precoce é o que salva, muitas vezes”, alerta o médico.

No corpo

O termostato do corpo humano é o hipotálamo, na base do cérebro. Ele programa o organismo para funcionar a 37 graus Celsius. E temos os receptores de frio e calor na pele, sensíveis às alterações térmicas do ambiente. Com o calor, a temperatura do sangue aumenta acima do limite e ocorre a vasodilatação, isto é, os capilares aproximam-se da superfície da pele para eliminar calor. Também há maior produção de suor, que, ao evaporar, reduz a temperatura.

A evaporação completa de um litro de suor leva à perda de calor de 540kcal. Daí a importância de ter uma boa quantidade de glândulas sudoríparas, e quanto mais elas são usadas, melhor funcionam. Mas umidade relativa é um fator importante. Se o suor não evapora, apenas pinga no corpo, pouco calor se perde, explicam fisiologistas.

Num dia normal, eliminamos cerca de 2,5 litros de água, a maior parte na urina. Mas além de água, perdemos eletrólitos e sais minerais, especialmente sódio, mineral essencial para as funções celulares. Especialistas recomendam o consumo de 0,5g a 0,7g de sódio por litro de água para repor o que foi perdido com o suor. Nesses dias quentes, não dá para ficar sem sódio. A laranja e a água de coco são boas fontes desse mineral. Os hipertensos devem consultar seus médicos.

Dicas

Para ajudar a resfriar o corpo, são recomendados banhos frios e ingestão muito líquido. Outra dica é aplicar toalha umedecida com água fria na nuca e no pulso, áreas onde há grande troca de calor através de grandes vasos. Quando o mecanismo de termorregulação vai mal, pode ocorrer desnaturação de proteínas, composto estrutural de células nervosas, por exemplo.

Isso pode afetar o sistema nervoso central. Os líquidos devem ser consumidos em temperatura menor do que a ambiente (entre 15 e 22 graus Celsius). Frutas como abacaxi, melancia, melão, laranja, limão, carambola, mamão e caju também são excelentes fontes de água. O melão, por exemplo, é composto 93% por água. Vale usar ainda roupas confortáveis, porosas e cores claras.

Previsão do tempo

O característico período de transição – iniciado a partir de meados de junho – marca o fim do período chuvoso para a seca, quando as temperaturas tendem a aumentar e a sensação de calor torna-se ainda mais intensa. De acordo com a plataforma Climatempo, as temperaturas podem variar entre 23º e 33º graus na capital e a sensação térmica poderá ultrapassar 35º. As chuvas, apesar de menos frequentes, ainda poderão atingir a cidade. A previsão é de 52 milímetros de chuva durante os próximos 15 dias.

SAIBA MAIS

Atendimentos

Como destacado pelo especialista, a baixa na imunidade é comum nas épocas de estiagem, quando os dias são mais quentes, e quadros de desidratação e infecções respiratórias tornam-se mais frequentes que nos demais períodos do ano.

Em São Luís, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), quadros diarreicos foram diagnosticados em 83 atendimentos feitos no Hospital da Criança durante o mês de junho. Em outros 233, Infecções Respiratórias Agudas (Ira) leves foram detectadas. Os dados revelam, ainda, que, em relação ao ano passado, houve uma redução de 18% nos casos de Iras e 21% nos quadros de diarreia.

Calor, areia, sol, piscina, mar podem ser um prato cheio para dias inesquecíveis, mas também um ambiente desafiador para o sistema imunológico infantil.

Confira a seguir quais são as chateações que mais acometem os pequenos durante o verão e como se livrar logo delas:

Insolação

Ao ficar muitas horas debaixo de sol e calor intenso, a criança pode apresentar tontura, vômito, dor de cabeça e até febre. Para prevenir o quadro, maneire na exposição às altas temperaturas e raios solares – mesmo com protetor – e ofereça muita água para o seu filho. Sucos, bebidas isotônicas e até água de coco devem ser evitados pois contém açúcar, que desidratam ainda mais o organismo.Se os sintomas aparecerem, eles costumam durar entre 24 e 48 horas. Acima disso, ou se os vômitos forem muito intensos, os pais devem procurar ajuda médica. O sol intenso por longos períodos ainda provoca queimaduras na pele.

Diarreia

Ela pode ser desencadeada por algum micro-organismo presente na piscina e no mar, geralmente um vírus, ou por uma intoxicação alimentar. O segundo cenário costuma ocorrer nesta época porque, com o calor, a comida estraga mais rápido – e muitas guloseimas vendidas prontas na praia ficam sem refrigeração ou são preparadas com poucas regras de higiene.Quando a criança for atingida, mantenha-a hidratada com água, dê um antitérmico se houver febre e entre em contato com o pediatra, que dará as primeiras orientações. O cardápio durante o período deve ter poucas fibras, ou seja, nada de folhas cruas ou grãos. Lembrando que os alimentos contaminados e a água podem causar várias outras doenças, incluindo as hepatites.

Otite

Outro clássico da estação. A água transporta bactérias que infeccionam o ouvido externo e desencadeiam a otite. Os sintomas são significativos: dor, sensação de que o ouvido está abafado, saída de secreção amarelada ou esverdeada e ainda zumbido.

Como há uma infecção na história, procure um especialista para começar o tratamento, que envolve gotas de antibióticos e, em casos mais sérios, comprimidos também. Mas não confunda a doença com um simples ouvido entupido pela água, que incomoda bem menos e tende a melhorar sozinho.

Micose

O solo, seja ele qual for, carrega diversos micro-organismos, entre eles fungos, que encontram nos pés e mãos umedecidos o lugar perfeito para se proliferar. Daí aparecem as micoses! Em uma das mais comuns, nascem lesões circulares vermelhas, com bordas elevadas, que ficam brancas com o tempo. Já outro tipo, conhecido como pano branco, formam-se várias manchas brancas pelo corpo.

Embora não seja uma micose, há também o famoso bicho geográfico, parasita transmitido pelas fezes dos animais. A larva penetra por possíveis rachaduras e faz um caminho pelo corpo. O trajeto provoca coceira intensa em quem carrega o bicho.

Em todos os casos, não passe qualquer pomada na criança. O ideal é procurar um médico para detectar qual tipo de micose é aquela e como tratá-la de forma adequada.

Escarlatina

Doença causada pelo Streptococcus pyogenes, um tipo de bactéria. Tudo começa com uma infecção de garganta que parece simples, mas depois evolui para febre alta, náusea, mal-estar, dores musculares, cefaleia e sintomas na pele, que fica com manchas vermelhas e parece mais áspera. Além disso, os pequenos com este quadro ficam com a língua bem vermelha e com as papilas inchadas.

Transmitida entre pessoas pelas gotículas de saliva e pelo toque, ela é mais frequente durante o verão e em meninos em idade escolar. O tratamento é feito com antibióticos e a situação costuma melhorar em até 10 dias. Por isso, consulte o pediatra caso suspeite da enfermidade.

Impetigo

Dois germes que já vivem na pele aproveitam a umidade para se proliferar e estourar bolinhas avermelhadas pelo corpo, que podem progredir para bolhas com pus. Para prevenir, evite deixar seu filho com a roupa úmida por muito tempo. O quadro não é lá muito grave, mas pode incomodar e, se não combatido, agredir os rins e até provocar nefrite.

O tratamento envolve medicamentos de uso local ou remédios, caso as lesões sejam muito extensas.

Infecção urinária

As meninas são mais acometidas por esse problema, que geralmente dá as caras por conta do biquíni molhado por muito tempo. Mas nem sempre a ardência para fazer xixi e a coceira são causadas pela instalação de bactérias no trato urinário. Os sintomas são provocados também por infecções mais externas, as vulvovaginites, que também merecem atenção.

Para evitar, assim que o baixinho sair da água, coloque uma roupa seca e volte a oferecer o biquíni quando ele voltar para a piscina ou mar. E leve os pequenos para fazer xixi de tempos em tempos, porque ficar segurando por muito tempo também aumenta o risco da doença surgir.

FIQUE POR DENTRO

Cuidados

Sobreviver no verão brasileiro é para os fortes. As crianças se divertem muito nos meses mais quentes, mas podem se incomodar com o calor tanto quanto os adultos, muitas vezes sem perceber, além de estarem mais sujeitas a doenças típicas da época. Veja a seguir algumas dicas para aproveitar o melhor do verão sem descuidar da saúde dos pequenos:

1 - Prefira o ventilador do que o ar condicionado

O poder refrescante do ar parece irresistível, mas prefira o ventilador, especialmente se o filho tiver bronquite ou problemas semelhantes. “O ar condicionado retira a umidade do ambiente, o que pode ressecar as vias aéreas e piorar quadros respiratórios”, explica Nelson Douglas Ejzenbaum, pediatra membro da Academia Americana de Pediatria.

2 - Recém-nascidos também sentem calor

Eles são mais sensíveis ao frio, mas, quando a temperatura estiver alta, aposte em roupas frescas e banhos com a água na temperatura ambiente. A hidratação é importante, mas abaixo dos seis meses o ideal é que ela seja feita só com o leite materno.

3 - Maneire na exposição ao sol

Até os seis meses, as crianças não devem ficar no sol. Entre seis meses e dois anos, é preciso usar protetores solares específicos para a idade. Depois disso, os protetores solares convencionais podem ser aplicados, mas prefira os infantis, que costumam ter um fator de proteção solar mais alto. Lembrando que, mesmo que o rótulo indique que o produto é mais resistente à água, ele deve ser reposto sempre que a criança se molhar demais e aplicado do jeito certo.

Ainda assim, a exposição deve ser maneirada e a proteção reforçada com roupas, chapéus e bonés, de preferência os que oferecem proteção contra os raios solares UVA e UVB.

4 - Troque o biquíni e a sunga molhada

As meninas são as mais atingidas, mas o meninos também podem sofrer com a infecção urinária, que ocorre quando bactérias oportunistas aproveitam a umidade da roupa de banho para se proliferar. Para evitar, tire a peça molhada quando a criança sair da água, coloque uma roupa de baixo seca e ofereça o biquíni de volta quando ela for voltar ao mar ou piscina.

5 - Pode tomar gelado sim!

Essa notícia é boa. “A história de que crianças não podem tomar gelado é mito”, explica Ejzenbaum. A partir dos seis meses, elas já podem tomar sucos de fruta gelados, picolés caseiros e água geladinha.

6 - Fuja dos pernilongos

Além do incômodo das picadas, os casos de doenças transmitidas pelo aedes aegypti — dengue, zika e chicungunha — aumentam no verão. Antes dos seis meses, só dá para barrar os insetos com telas em carrinhos e berços. A partir dessa idade, os repelentes infantis estão liberados e devem ser usados inclusive durante o dia, por cima do protetor.

7 - Cuide da pele dos pequenos

O risco de assaduras e dermatites de contatos na região das fraldas ou mesmo em outras dobrinhas é maior. Vale manter a pele sempre fresca e arejada, com troca frequente de fralda. Alguns minutos de exposição solar direta também ajudam na cicatrização deste tipo de irritação. Só use pomadas sob indicação médica, mas cremes vitaminados podem ser úteis pois criam uma barreira protetora entre a pele e os agentes agressores.

Já para acabar com as bolinhas esbranquiçadas da brotoeja, outro problema típico do verão e da infância, o ideal é tomar banhos mais frios e manter o ambiente refrescante, com roupas leves.

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