Oposição

Polícia de Hong Kong expulsa manifestantes que ocupavam prédio do Parlamento

Grupo ocupou o prédio por algumas horas; uma bandeira colonial de Hong Kong, de quando a cidade fazia parte do Reino Unido, foi posta no plenário

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Manifestante coloca bandeira colonial britânica de Hong Kong na tribuna do plenário do Parlamento da cidade
Manifestante coloca bandeira colonial britânica de Hong Kong na tribuna do plenário do Parlamento da cidade (Reuters)

HONG KONG — A polícia de Hong Kong expulsou centenas de manifestantes que invadiram o parlamento de Hong Kong, ontem 1º de julho, no dia em que a cidade marca os 22 anos da devolução da então colônia britânica para a China. Não há relatos de prisões, mas bombas de gás foram usadas dentro e fora do prédio.

Os manifestantes participavam de uma grande marcha contra a administração da ilha, especialmente contra uma proposta de lei que permitiria a extradição de pessoas para a China continental. A tramitação do projeto foi suspenso pela chefe do Executivo local, Carrie Lam, o que não acalmou os ânimos da oposição.

A invasão aconteceu no começo da noite, pelo horário local — manhã no Brasil. A polícia tentou proteger as entradas do prédio usando bombas de gás e balas de borracha, mas sem sucesso. Com pedaços de pau e até uma espécie de aríete improvisado , o grupo da manifestantes encapuzados e usando capacetes quebrou as portas de vidro reforçado e entrou no Parlamento.

Lá dentro, picharam frases e palavras contra o governo local, chamado de "regime assassino". Móveis, quadros e paredes foram vandalizados. O plenário também foi alvo de depredação, com cadeiras quebradas e paredes pichadas. Alguns manifestantes cobriram o brasão de Hong Kong com uma bandeira dos tempos em que a cidade era controlada pelo Reino Unido. Uma das pichações dizia: " Hong Kong não é China ".

Por volta de meia-noite no horário local, 1 da tarde no horário de Brasília, a polícia entrou no prédio, expulsando os manifestantes que ainda estavam por lá. Os agentes também tentam esvaziar todas as ruas nos arredores do Parlamento. As autoridades de Hong Kong dizem que várias regiões da cidade oferecem " ameaça elevada ", e sugerem a todos que queiram participar das manifestações que " pensem bem antes de sair de casa ".

Protestos contra governo

Mais cedo, a polícia havia utilizado spray de pimenta para dispersar protestos nas proximidades de uma cerimônia comemorativa do aniversário de 22 anos da devolução de Hong Kong à China, conduzida pelo governo local. Ao ser incorporado à China, o território manteve sistemas político, jurídico e administrativo próprios, em um arranjo conhecido como " um país, dois sistemas ". A atual legislação exclui as extradições para a China continental.

Os protestos também pedem a renúncia da chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, tida como aliada de Pequim, que havia afirmado que a lei de extradição não voltaria a ser discutida durante seu governo. No evento oficial desta segunda, ela voltou a adotar um tom conciliatório:

— O incidente que aconteceu nos últimos meses gerou controvérsias e disputas entre o público e o governo — disse Lam. — Isso me fez perceber que, como uma política, eu devo me lembrar constantemente de interpretar com precisão os sentimentos do público.

Desde que o projeto da lei de extradição começou a tramitar no Legislativo, em fevereiro, Lam negou que a medida fosse limitar a independência do Judiciário local. Segundo o projeto, um pedido de extradição feito pela China seria examinado pelos tribunais de Hong Kong , mas a palavra final caberia ao chefe do Executivo.

As autoridades locais argumentam que salvaguardas para garantir osdireitos humanos e procedimentos justos foram estabelecidos, incluindo a proteção contra a aplicação da pena de morte e o veto a extradições sob acusações políticas. Seus opositores , contudo, afirmam que os governantes se sentiriam pressionados a apoiar um pedido de extradição feito pela China, já que são escolhidos por uma comissão de maioria favorável a Pequim.

'Hong Kong é assunto da China'

Sem falar diretamente sobre os protestos de ontem, o governo chinês atacou o Reino Unido, dizendo que o país "não tem mais responsabilidades sobre Hong Kong".

— Os assuntos relacionados a Hong Kong são um assunto interno da China, nenhum país estrangeiro tem o direito de interferir — disse Geng Shuang, porta-voz do governo chinês.

Também ontem, usuários de redes sociais chinesas relataram que postagens relacionadas aos protestos e à invasão do prédio do Legislativo de Hong Kong estavam sendo bloqueadas.

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