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Brasileiro banaliza utilização dos colírios, diz pesquisa

Interações com outros remédios podem inibir anticoncepcional, piorar glaucoma e causar outros problemas; oftalmologista esclarece sobre o tema e dá dicas para o melhor uso

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Especialista alerta que olhos merecem atenção redobrada na hora de usar o colírio e outros medicamentos
Especialista alerta que olhos merecem atenção redobrada na hora de usar o colírio e outros medicamentos (olhos colirio)

SÃO PAULO - O brasileiro pensa que colírios são inofensivos e usa à vontade. Dependendo da estação do ano, a situação piora. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a incidência de gripe, resfriado e outras doenças respiratórias triplica no inverno e isso aumenta a irritação dos olhos.

Um levantamento realizado pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier nos prontuários do hospital mostra que durante a estação o maior consumo de diferentes remédios faz as interações perigosas com colírios atingir 20% dos pacientes, o dobro do restante do ano.

“Este é o caso dos antibióticos que podem inibir o efeito da pílula anticoncepcional”, exemplifica.
Olhos branquinhos.

O especialista alerta cardiopatas e hipertensos para redobrar a atenção sobre o uso de remédios para afinar o sangue com colírio adstringente para combater a irritação dos olhos que é bastante usado no frio. Isso porque esta associação pode causar hemorragia, já que o colírio tem ação vasoconstritora. A diminuição do calibre dos vasos e da oxigenação de todos os tecidos também predispõe a picos de hipertensão arterial, alterações cardíacas e a longo prazo à catarata.

Para combater a vermelhidão dos olhos sem correr risco, a dica do oftalmologista é aplicar nos olhos compressas de gaze embebida em água filtrada fria ou usar colírio hidratante sem conservante. Não desaparecendo em dois dias é necessário consultar um especialista.

Glaucoma
Queiroz Neto afirma que 90% dos que têm glaucoma fazem tratamento com colírio para baixar a pressão interna dos olhos. Os colírios adstringentes e os descongestionantes nasais inibem o efeito do tratamento, salienta. Isso porque os dois medicamentos são vasoconstritores e levam à baixa perfusão ocular. O especialista explica que isso significa menor circulação sanguínea, de humor aquoso e de colírio antiglaucomatoso no olho que levam à progressão da doença.

O corticoide, sobretudo na forma de colírio, é outro remédio bastante usado no inverno que corta o efeito do colírio antiglaucomatoso, afirma. Isso porque, explica, prejudica a parte do olho que escoa o humor aquoso, líquido que preenche o globo ocular. Resultado: o humor aquoso acumula no olho e a pressão intraocular sobe. “Pessoas que nunca tiveram glaucoma nem têm casos na família podem desenvolver a doença se o uso do corticoide for prolongado”, adverte o médico.

Asma
O médico ressalta que outro exemplo de associação perigosa é usar colírio betabloqueador indicado para glaucoma com remédio broncodilatador. Isso porque provoca falta de ar e, dependendo da sensibilidade da pessoa, uma crise de asma.

“Os efeitos dos medicamentos diferem quando associados e usados isoladamente. A consulta ao ‘Dr. Google’ não prevê este risco”, afirma.

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