Imigração

Uma criança imigrante morre por dia em todo o mundo, revela ONU

Pelo menos 1.600 perderam a vida em jornadas perigosas na busca por melhores condições de vida desde 1014, segundo a Organização das Nações Unidas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Óscar Martinez e Valeria, de El Salvador, morreram enquanto tentavam atravessar o Rio Grande, ou Rio Bravo para os mexicanos
Óscar Martinez e Valeria, de El Salvador, morreram enquanto tentavam atravessar o Rio Grande, ou Rio Bravo para os mexicanos (Reuters)

BRUXELAS — Uma criança imigrante morreu quase todos os dias durante os últimos quatro anos ao tentar chegar a um lugar seguro, disse a Organização das Nações Unidas na sexta-feira,28. Os números foram revelados depois que a foto de um imigrante e sua filha de El Salvador, mortos afogados ao tentarem entrar nos Estados Unidos, gerou repercussão mundial e se transformou no símbolo do drama de imigrantes centro-americanos .

De acordo com a agência para imigração da ONU, pelo menos 32 mil imigrantes, incluindo 1.600 crianças, morreram em jornadas perigosas na busca por melhores condições de vida desde que o órgão começou a compilar dados, em 2014.

"As crianças estão morrendo em todas as regiões do mundo. Aquelas crianças não estão cientes do que está acontecendo e enfrentam riscos terríveis", disse Frank Laczko, chefe do centro de análise de dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

O retrato de Óscar Alberto Martínez, de 25 anos, e sua filha Angie Valeria, de quase 2 anos, deu destaque à luta das 70 milhões de pessoas deslocadas à força pelo mundo — crianças na maioria, de acordo com os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Pai e filha viajaram de El Salvador para o México e estavam cruzando o Rio Grande em busca de asilo nos Estados Unidos.

Segundo a mãe Tania Ávalos, única sobrevivente, Martínez nadava com Valeria nas costas, presa em sua camisa, enquanto ela ia atrás, carregada por um amigo. Em entrevista ao jornal La Jornada, ela contou que o marido conseguiu chegar à outra margem, deixou a menina e voltou para ajudá-la.

Nesse momento, a bebê voltou a entrar na água, aparentemente por medo de ficar sozinha. Oscar tentou resgatá-la, mas ambos foram arrastados pela correnteza. Os corpos só foram resgatados na segunda-feira, algumas centenas de metros à frente, na mesma posição. O retrato de desespero foi capturado no mesmo dia pela jornalista Julia Le Duc .

Mortes de imigrantes

A Patrulha de Fronteira dos EUA reportou 283 mortes de imigrantes em 2018. Ativistas dizem que o número real é bem maior, uma vez que muitos imigrantes que morrem em trechos acidentados do deserto ao longo da fronteira de 3.138 quilômetros nunca são encontrados.

O Acnur comparou a foto ao retrato do refugiado sírio de 3 anos Aylan Kurdi , cujo corpo apareceu em uma praia do Mediterrâneo em 2015 . Kurdi fazia parte de uma leva de refugiados sírios que causou pânico na Europa, o que levou a Turquia efetivamente a fechar a rota de imigrantes pela Grécia, sob pedido da União Europeia.

Desde então, as passagens pelo Mar Mediterrâneo têm diminuído, contribuindo para a queda no número de mortes em travessias no mundo para 4.734 em 2018, em comparação a 6.280 mortos em 2017, segundo a OIM.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.