Cúpula do G-20

No Japão, Bolsonaro reitera apoio à reeleição de Trump

Presidente dos EUA disse que colega é ''muito querido pelo povo brasileiro''; os dois se reuniram na cúpula do G-20 e, segundo governo americano, conversaram sobre Venezuela e China; Bolsonaro e Macron tiveram reunião informal

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Os presidentes Trump e Bolsonaro, durante reunião bilateral durante o G-20, no Japão
Os presidentes Trump e Bolsonaro, durante reunião bilateral durante o G-20, no Japão (Reuters)

OSAKA, Japão — O presidente dos EUA, Donald Trump , disse na sexta-feira,28, que Jair Bolsonaro é "muito querido pelo povo brasileiro", em uma troca de elogios mútuos no início de uma reunião bilateral em Osaka, no Japão, durante a cúpula do G-20, grupo formado pelas 20 maiores economias do mundo. Foi o segundo encontro entre os dois presidentes, que se encontraram pela primeira vez durante a visita oficial do brasileiro a Washington, em março.

"Ele é um homem especial, está muito bem, muito amado pelo povo do Brasil", disse Trump, afirmando que EUA e Brasil "estão mais próximos do que nunca".

De seu lado, Bolsonaro respondeu que “interessa e temos prazer de nos aproximar dos EUA”. Ele declarou sua satisfação e orgulho de estar ao lado de Trump, acrescentando que sempre admirou o americano e reiterando o apoio a sua reeleição, gesto pouco usual na diplomacia e que já havia feito na viagem aos Estados Unidos:

" Eu sou um grande admirador há muito tempo, inclusive antes de sua eleição. Eu apoio Trump, apoio os Estados Unidos, eu apoio sua reeleição".

Bolsonaro destacou que os dois têm muita coisa em comum, além de dois grandes países que juntos podem fazer muito por seus povos.

" O que temos no Brasil, que o mundo não tem, estamos à disposição para conversar com Trump, fazer parcerias e desenvolver nossos países", acrescentou o presidente brasileiro.

Bolsonaro voltou a dizer que gosta do povo americano e gosta de Trump e o convidou a visitar o Brasil antes ainda da eleição americana se possível, “para mostrar ao mundo que a política do Brasil mudou de verdade”.

Trump agradeceu e respondeu que estava ansioso para visitar o Brasil. Mencionou que o Brasil tem enormes ativos, entre os maiores no mundo, e que os dois iriam falar muito sobre comércio e sobre fazer mais.

Antes de os jornalistas terem de sair da sala, uma repórter indagou a Trump se o Brasil podia ajudar na guerra comercial entre os EUA e a China.

"Ajudar em quê?", retrucou Trump, que passou a falar de seu encontro com o presidente Xi Jinping neste sábado,29. "No mínimo, será produtivo, vamos ver o que acontecerá", afirmou, prometendo “um dia muito animador”.

Trump, no seu estilo, relatou que os líderes que conversaram com ele não cessaram de congratulá-lo pelo desempenho da economia americana. " Estamos indo muito bem", repetiu.

Antes de Bolsonaro, Trump tinha se encontrado com o presidente russo, Vladimir Putin, e um dos temas temas foi a Venezuela. O americano disse que os EUA apoiam o povo venezuelano, usou o que acontece no país para criticar o socialismo e terminou ironizando, dizendo ter ouvido rumores de que o Partido Democrata americano iria mudar o nome para Partido Socialista.

Segundo nota emitida pela Casa Branca, durante a reunião com Bolsonaro Trump declarou apoio à agenda econômica do brasileiro e voltou a apoiar a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Também estiveram na pauta discussões sobre a crise na Venezuela e sobre a guerra econômica entre os Estados Unidos e a China.

Segundo a nota, os dois conversaram "sobre os riscos associados às atividades chinesas no Ocidente", uma possível referência à pressão americana para que os demais países não permitam que a companhia chinesa Huawei participe da implantação de suas redes de internet móvel 5G.

Na véspera, ao chegar a Osaka, ao ser questionado se o Brasil tinha lado na guerra comercial entre EUA e China, Bolsonaro retrucou com um “não”, e acrescentou que ao Brasil interessa a paz.

" Não queremos que haja briga para a gente poder se aproveitar. Estamos buscando paz e harmonia, como estamos trabalhando aqui a questão do [acordo] Mercosul e União Europeia", disse.

O vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, que visitou a China em maio, disse recentemente que o Brasil não vê razões para impor restrições à Huawei. Já o chanceler Ernesto Araújo, em entrevista na semana passada à revista Veja, afirmou que o assunto ainda estava em discussão no governo brasileiro.

Encontro com Macron

Depois do cancelamento do encontro bilateral com o presidente francês Emmanuel Macron que estava previsto na agenda de Bolsonaro, os dois acabaram tendo quase uma hora mais tarde uma reunião "informal" e "amigável", disse um porta-voz do governo brasileiro. Durante a conversa, o presidente brasileiro convidou o francês a visitar a Amazônia.

A Presidência francesa informou que a discussão entre ambos foi "muito direta" e que Macron "insistiu na necessidade de que o Brasil permaneça no Acordo de Paris". O Palácio do Eliseu anunciou ainda que o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, visitará o Brasil em julho.

Na véspera do início da cúpula do G-20, Macron chegou a dizer que não assinaria o acordo entre o Mercosul e a União Europeia que está sendo negociado nesta semana em Bruxelas caso Bolsonaro saísse do Acordo de Paris sobre o clima. O francês disse que não teria como cobrar dos seus agricultores e empresários medidas para o cumprimento do acordo — que estabelece metas voluntárias para a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa — caso o Brasil não o cumprisse.

"Foi um encontro amigável, por que não seria?", disse o porta-voz do Planalto, Otávio do Rêgo Barros, referindo-se às críticas de Macron à política ambiental brasileira.

Pressão

A política ambiental do governo Bolsonaro e o avanço do desmatamento na Amazônia estão causando pressão da opinião pública europeia sobre os seus governos. Nesta semana, a chanceler Angela Merkel, cobrada por deputados do Partido Verde, disse no Parlamento alemão que pediria esclarecimentos ao presidente brasileiro durante a cúpula do G-20. Suas declarações provocaram respostas ríspidas de Bolsonaro e do ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional.

Depois do encontro entre Macron e Bolsonaro, o porta-voz do Planalto disse que as negociações do acordo entre a UE e o Mercosul estão "muito avançadas" e que ele deve ser concluído "o mais breve possível". Durante o encontro, também foram discutidas questões relativas ao comércio internacional e à fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa.

A questão da mudança climática divide a cúpula do G-20, com Trump - que retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris - pressionando por um comunicado mais ameno sobre a questão. Na reunião informal dos países do Brics — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - realizada também nesta sexta-feira em Osaka, o comunicado final reiterou o apoio ao Acordo de Paris.

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