INOVAÇÃO

Lona de banner''s vira produto de potencial lucratividade em projeto social

Desenvolvido pelo Grupo Potiguar, o projeto sustentável, que leva oficinas a comunidades carentes da Grande Ilha, proporcionam empoderamento feminino e geração de renda a desempregadas

IGOR LINHARES

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Mulheres participam do projeto promovido pelo Grupo Potiguar
Mulheres participam do projeto promovido pelo Grupo Potiguar (Banner's)

SÃO LUÍS – Com o objetivo de minimizar os impactos ambientais que o descarte de materiais plásticos de longa vida causam à natureza, além de proporcionar conhecimento e contribuir para a geração de renda familiar de mulheres de comunidades carentes da Grande São Luís, um projeto promovido pelo Grupo Potiguar oferece, gratuitamente, oficina de educação sustentável que auxilia na confecção de produtos ecológicos a partir de suas lonas e banner’s publicitários inutilizáveis, os quais demorariam 400 anos para se decompor se descartados no meio ambiente.

O toque de feminilidade incrementado pela desenvoltura em enxergar novos destinos a matérias que podem se tornar arte e fonte de renda, tem sido o principal ingrediente do curso gratuito de corte e costura de lonas recicláveis desenvolvido na capital e região metropolitana, desde 2017, pelo Grupo Potiguar. Em sua mais recente edição, realizada na sexta-feira (28), cerca de 30 mulheres, moradoras do bairro João de Deus, foram beneficiadas com o programa de incentivo ao empoderamento feminino.

Além do fortuito momento para estimular a independência feminina, o projeto nasceu com intuito social e sustentável, de acordo com o gerente de marketing do Grupo Potiguar. Segundo ele, a tarde da última sexta-feira, período em que as máquinas de costura ensinavam não só os novos formatos de utilização das lonas plásticas de banner’s publicitários, mas, também, davam formas aos sonhos das participantes da oficina, as atividades são reflexos de uma preocupação do grupo, que oferta serviços na Ilha há mais de três décadas, com a população.

“Já são 38 anos de mercado onde utilizamos de diversos materiais que, se não tratados, iriam diretamente para o meio ambiente. A Potiguar tem em sua D.N.A muita preocupação com a natureza e com a comunidade para qual trabalha, e, pensando nisso, foi assim que surgiu a ideia de iniciar essas atividades capazes de proporcionar um retorno para as participantes, além de contribuirmos para a implementação de hábitos mais sustentáveis. Ou seja, damos início a um ciclo consciente em que a produção dessa oficina, ao mesmo tempo em que gera renda, incentiva hábitos mais ecológicos à sociedade”, disse Adriano Pestana.

De acordo com a artesã Maria Divina Dias, que leva as técnicas inovadoras para reutilização das lonas plásticas descartadas pelo Grupo Potiguar ao público-alvo das comunidades de baixa renda da Grande Ilha, os incentivos proporcionados pela oficina são de grande importância não só para se aprender a técnica, mas para entender que o muito visto como lixo, pode ser reaproveitado, reciclado e transformado, tal qual resultado pode ser a materialização do sonho de quem tem uma relação íntima com a produção artística e vê na oficina a chance da realização.

“O material utilizado durante a oficina, que sem essa ideia inovadora iria para o lixo, é nada mais do que lona plástica de banner. A partir desse material, a gente viu a oportunidade da transformação, tanto do plástico quanto da vida das mulheres que participam da oficina a cada edição, exatamente o que nós enxergamos logo no início”, contou Divina, “Essa iniciativa da Potiguar é uma possibilidade de se oportunizar renda a mães de família que estão fora do mercado de trabalho, além da gente passar ensinamentos ecológicos e sustentáveis, uma vez que se poupa o planeta de mais lixo e ajuda o meio ambiente com práticas mais saudáveis. No fim, todo mundo sai ganhando”.

Entre os materiais produzidos a partir da oficina de reutilização das lonas plásticas e banner’s, sacola de todos os tamanhos, aventais de diversas cores e estampas, assim como estojos escolar, necessaires e jogos americanos de jantar foram os resultados obtidos durante a décima edição do projeto. “Atualmente, eu trabalho como educadora em uma escola comunitária do bairro, e, em paralelo, trabalho com artesanato. Soube da oficina por intermédio de uma amiga e, quando cheguei na associação, fiquei surpresa em ver que era a partir de material reciclável”, contou Maria Lúcia Furtado.

“Como já trabalho com educação, também relacionada ao meio ambiente e práticas sustentáveis, vi a oportunidade de unir o útil ao agradável. Fiquei feliz em ver que a matéria a ser utilizada seria a lona do banner, pois eu ainda não tinha visto nada parecido, porque, geralmente, as pessoas jogam no lixo. Então, sem dúvida, é um grande aprendizado para mim e, com certeza, servirá muito para o trabalho que desenvolvo como artesã”, pontuou, ainda, a educadora, dona de casa e mãe de dois filhos. “Essa oficina me renderá, assim como a todas as outras, bons frutos!”.

Assim, como a educadora, quem também ficou contente com o proporcionado durante a oficina foi a dona de casa, de 59 anos, Terezinha de Jesus Diniz. Mãe de cinco filhos, atualmente ela cuida de dois netos em casa e disse que os ensinamentos da oficina serão, sem sombra de dúvidas, um grande incentivo para a sua independência. “Fiquei muito feliz em poder participar. São coisas simples, mas que nos dão grandes resultados. Tudo o que aprendi, nesse projeto, me servirá de muita coisa”, declarou.

Enxergue além

O banner pode virar necessaire, jogo americano, cachepô para plantas, avental ou lixeira de carro. O fundo de palco, também lona plástica, pode se transformar em capa para notebook e tablet, bolsa, carteira, sacola e estojo. Então, da próxima vez que olhar para esses materiais de publicidade, vale a pena enxergar além deles, como vem fazendo o Grupo Potiguar na Grande São Luís.

É difícil imaginar um evento de médio ou grande porte que não utilize a conhecida lona vinílica em seus materiais promocionais. Mas quando termina o evento, todo esse material normalmente vai parar no lixo. Milhares de toneladas de lonas usadas em eventos vão se acumulando, de ano em ano, nos lixões das grandes cidades.

A lona vinílica, principal item utilizado em banner’s, fundos de palco e outdoors, painéis, pórticos e outros materiais promocionais, vem ganhando uma nova cara nas mãos de costureiras e artesãos de São Luís, durante as 10 edições do projeto sustentável promovido pelo Grupo Potiguar. Pelo fato de serem confeccionadas com uma mistura de substâncias diferentes, entre as quais PVC e fibra de nylon, essas lonas não podem ser facilmente recicladas, mas podem muito bem ser reutilizadas. Esse material, que demora 400 anos para se decompor naturalmente, está ganhando nova utilidade.

IMPORTANTE

Quando descartado de forma incorreta, o lixo plástico pode causar entupimentos de valas e bueiros, que geram enchentes e desabrigam pessoas, principalmente os moradores de periferias. A poluição visual também é outro malefício causado pelos resíduos plásticos. Isso sem contar o impacto dos plásticos no ecossistema marinho.

Pesquisas demonstram que o plástico, no ambiente marinho, sofre ações do meio (sol, altas temperaturas, diferentes níveis de oxigênio, energia das ondas e presença de fatores abrasivos, como areia, cascalho ou rocha), fragmenta-se e passa a ter aparência de alimento para muitos dos animais marinhos, causando a morte deles e interferindo no ciclo reprodutivo de muitas espécies.

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