Sobre crítica de Merkel

Brasil não veio ao G-20 para ser advertido, diz Bolsonaro

''Não aceitaremos tratamento como no passado'', diz presidente ao desembarcar em Osaka para cúpula; Augusto Heleno também rebate críticas da chanceler alemã à política ambiental do governo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Presidente Jair Bolsonaro desembarca em Osaka, no Japão, para participar do G20
Presidente Jair Bolsonaro desembarca em Osaka, no Japão, para participar do G20 (AFP)

OSAKA, JAPÃO - O presidenteJair Bolsonaro reagiu duramente a declarações da chanceler da Alemanha, Angela Merkel , sobre o desmatamento na Amazônia e críticas a ele, ao desembarcar em Osaka, Japão, para participar da cúpula do G-20 . Bolsonaro exigiu "respeito" ao Brasil e disse que não veio à reunião para ser "advertido" por outros países.

Já o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI),Augusto Heleno , considerou “muita coincidência” o questionamento feito pela chanceler alemã sobre a evolução do desmatamento na Amazônia.

Questionada por deputados ambientalistas sobre a política ambiental do governo brasileiro, Merkel disse na quarta-feira no Parlamento alemão que pretendia ter uma “conversa clara” com Bolsonaro sobre o assunto quando se encontrassem na cúpula do G-20.

"Como vocês, vejo com grande preocupação as ações do presidente brasileiro [em relação ao desmatamento] e, se a questão se apresentar, aproveitarei a oportunidade no G-20 para ter uma discussão clara com ele", afirmou a chanceler na ocasião.

Para Heleno, isso faz parte de uma estratégia para fazer o Brasil preservar a Amazônia, a fim de que a região seja depois explorada por estrangeiros. O general destacou que Bolsonaro “não vai aceitar determinadas reprimendas ao Brasil” e considerou “totalmente injustas as críticas à política de meio ambiente do Brasil”.

"Esses países que criticam? Vão procurar sua turma", afirmou.

Entrevista

Depois de 25 horas de viagem, Bolsonaro chegou ao hotel em Osaka mostrando irritação com indagações dos jornalistas e interrompeu a entrevista após alguns minutos.

O presidente foi incisivo quando questionado sobre as afirmações de Merkel. Ele disse que viu a declaração “'sem problema nenhum”', mas acrescentou:

"Nós temos exemplos para dar para a Alemanha sobre meio ambiente. A indústria deles continua sendo fóssil, utilizando carvão e a nossa não. Então eles têm muito o que aprender conosco".

Em seguida, Bolsonaro elevou o tom:

" O presidente do Brasil que está aqui não é como alguns anteriores, que vieram aqui para serem advertidos por outros países. A situação aqui é de respeito para com o Brasil. Não aceitaremos tratamento como no passado, de alguns casos de chefes de Estado que estiveram aqui".

Ele não deu exemplo de presidente que teria sido advertido por outros chefes de Estado. Indagado se achava a declaração de Merkel desrespeitosa, o presidente respondeu: "Vi o que está escrito".

Mas logo criticou a imprensa, dizendo lamentar que grande parte do que é escrito “não é aquilo, e tem que e fazer a devida filtragem”. Pouco depois afirmou que “'se nos questionarem [por] alguma coisa [no G-20], estamos prontos para responder”.

Reunião "reservada" com Trump

Bolsonaro parecia irritado desde que entrou no hotel, onde jornalistas brasileiros o aguardavam. Questionado sobre a mensagem que trazia ao G-20, disse que estava com agenda pronta, para em seguida dizer que estava concluindo os preparativos, e que vai ouvir e falar.

Quando um jornalista perguntou o que o presidente falaria, Bolsonaro mostrou-se impaciente.

"O que você quer eu fale? Vou falar dos temas indústria, G-4, economia digital, internet, meio ambiente, tudo que estiver na paut"a.

Ele não quis comentar sobre a reunião que terá com o presidente dos EUA, Donald Trump, dizendo ser uma "reunião reservada”'. Qual o assunto?, indagou um jornalista. "Se é reservada, é reservada", respondeu.

Perguntado se o Brasil tinha lado na guerra comercial entre EUA e China, Bolsonaro retrucou com um “não”, e acrescentou que ao Brasil interessa a paz. "Não queremos que haja briga para a gente poder se aproveitar. Estamos buscando paz e harmonia, como estamos trabalhando aqui a questão do [acordo] Mercosul e União Europeia".

Quando outro jornalista quis voltar ao tema da bilateral com Trump, Bolsonaro se virou e partiu.

Jantar em churrascaria

Depois de ter chegado irritado em Osaka, o presidente Jair Bolsonaro saiu com alguns membros da delegação a pé e passeou uma hora e meia pela cidade, abraçando japoneses e posando para fotos. Os jornalistas naquele momento escreviam a rápida entrevista que ele tinha dado ao chegar ao hotel e só ficaram sabendo depois.

Mais tarde, Bolsonaro de novo saiu sem ser visto. Desta vez para jantar no Barbacoa, uma churrascaria brasileira. Segundo um assessor, foi escolha dele. Foi acompanhado do ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e do deputado Elio Lopes (PSL-RJ).

Osaka é conhecido como uma das cidades onde se come melhor no Japão as especialidades do país.

Bolsonaro está hospedado no mesmo hotel que o presidente do Egito, o general Abdel Fatah al-Sisi.

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