Aquecimento global

Americanos e europeus discordam sobre mudanças climáticas no G-20

Europa defende tom mais duro, enquanto Estados Unidos apoiam linguagem amena; o tratado histórico prevê uma série de esforços internacionais para impedir o aumento da temperatura do planeta

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24

TÓQUIO — Negociadores do G-20 estão disputando o tom do comunicado que será emitido neste final de semana, durante o encontro , sobre o combate às mudanças climáticas. Segundo fontes da agência Reuters e rascunhos do documento, os Estados Unidos fazem pressão para que o texto tenha linguagem mais amena, indo na contramão dos países europeus, que defendem uma postura mais dura com relação ao aquecimento global .

A desavença é uma reprise das discussões sobre as mudanças climáticas e das discordâncias sobre o tema, que ganharam força após o presidente Donald Trump retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris. O tratado histórico prevê uma série de esforços internacionais para impedir o aumento da temperatura do planeta.

Visto pela Reuters, o último rascunho do documento inclui linguagem que apoia a implementação do Acordo de Paris e diz que o pacto assinado por 200 países é "irreversível".

Segundo duas fontes familiarizadas com a negociação, por insistência dos americanos, uma versão anterior do documento não possuía tal linguagem. O comunicado provavelmente ainda será alterado antes da divulgação do texto final, no sábado.

A inclusão de uma postura mais dura ocorreu após o presidente francês, Emmanuel Macron, dizer que a França não iria aceitar um texto que não mencionasse o Acordo de Paris.

" Se não conseguirmos um acordo entre os 20 membros na sala, não seremos mais capazes de defender nossas metas de mudança climática e a França não fará parte disso", disse Macron, pouco antes de embarcar para Osaka, no Japão, cidade que sediará a cúpula neste final de semana.

A França foi uma das principais impulsionadoras do Acordo de Paris. Atualmente, seu Parlamento está debatendo um projeto de lei que visa reduzir a zero as emissões líquidas de gases causadores do efeito estufa até 2050.

"Negociações sobre questões climáticas serão especialmente difíceis desta vez", disse uma autoridade do governo alemão, que preferiu não se identificar, disse ontem, 27.

Selado em 2015 e assinado em 2016, o Acordo de Paris é considerado um marco no combate ao caos climático e tem como objetivo limitar o aquecimento global em dois graus Celsius, em relação às temperaturas pré-industriais.

O ritmo atual coloca o mundo nos trilhos de um aumento catastrófico de pelo menos três graus até o final do século, de acordo com um relatório de 2016 das Nações Unidas.

Ações urgentes

Ontem, investidores que administram mais de 34 trilhões de dólares em ativos, quase a metade do capital investido no mundo, pressionaram os líderes do G-20, exigindo ações urgentes dos governos sobre a mudança climática. No mesmo dia, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também pediu que países do grupo apoiem metas climáticas mais ambiciosas, entre outras iniciativas internacionais.

Trump, que considera que o tratado teria um efeito "draconiano" na economia americana, é cético com relação ao aquecimento global. Desde que chegou à Casa Branca, o presidente já enfraqueceu legislações que controlam a emissão de gases poluentes, já acusou cientistas ambientais de seguirem uma "agenda política" e afirmou, em 2017, que gostaria do "bom e velho aquecimento global" contra o frio do inverno americano.

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