Depoimento

Juiz autoriza ida de Tiago Bardal à Câmara

Ronaldo Maciel deferiu solicitação do presidente da Comissão de Segurança da Casa, Capitão Augusto; oitiva de delegado acontecerá no próximo dia 2 de julho

Carla Lima/Editora de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Juiz Ronaldo Maciel determinou escolta de Tiago Bardal até Brasília
Juiz Ronaldo Maciel determinou escolta de Tiago Bardal até Brasília (Documento Bardal)

O delegado da Polícia Civil, Tiago Bardal, foi autorizado pelo juiz Ronaldo Maciel, da 1ª Vara Criminal de São Luís, a comparecer à Comissão de Segurança e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados. Bardal e também o delegado Ney Anderson Gaspar prestarão depoimentos aos membros da comissão sobre os supostos grampos ilegais a desembargadores e seus familiares e ainda a políticos com o comando do secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela.
O magistrado deferiu a solicitação feita pelo presidente da Comissão de Segurança da Câmara, Capitão Augusto (PR-SP), para que o de­legado, preso sob acusação de participação em grupo organizado de contrabando de mercadorias, deixasse a prisão para prestar depoimento na Casa.
Pela decisão, Tiago Bardal poderá ir a Brasília se tiver escolta da Polícia Federal.

Requerimento
A convocação de Bardal e de Ney Anderson aconteceu após requerimen­to do deputado federal Aluisio Mendes (Pode) ser aprovado na comissão. O parlamentar argumentou que é necessário que sejam apuradas as denúncias feitas pelos dois delegados de que o secretário de Segurança do Maranhão determinou o monitoramento de desembargadores e políticos adversários do governo estadual.
Em depoimento em juízo, Tiago Bardal afirmou que Jefferson Portela determinou que os telefones de quatro desembargadores (Nelma Sarney, Fróz Sobrinho, Tyrone Silva e Guerreiro Júnior) fossem grampeados. Segundo o delegado, o secretário desconfiava das decisões favoráveis a presos dadas pelos magistrados.
Após as denúncias de Bardal, o delegado Ney Anderson também se manifestou e disse que, além dos desembargadores, Portela determinou também grampos em telefones de familiares dos magistrados e ainda de adversários do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Na lista dos políticos, Ney Anderson apontou interceptação telefônica ao senador Roberto Rocha (PSDB).
Portela nega que tenha determinado os grampos.

Depoimento

Os depoimentos de Tiago Bardal e Ney Anderson acontecerão na próxima terça-feira, 2, às 16h30, na Comissão de Segurança da Câmara. Também será ouvido na Casa o secretário Jefferson Portela. Ainda não há data definida para a fala do gestor aos membros da comissão.

Aluisio Mendes quer
federalizar as investigações

Ao ser anunciada a data para as oitivas dos delegados, o deputado Aluisio Mendes foi à tribuna da Câmara para falar a respeito e propôs que as investigações sobre o caso fossem federalizadas. Segundo o parlamentar, com Portela ainda no comando da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP), não há isenção para que o caso seja investigado no estado.
“Eu faço aqui um conselho ao governador Flávio Dino que afaste imediatamente […] do comando da Secretaria de Segurança Pública, para que possam ser apuradas essas denúncias. Porque aqui em Brasília nós pediremos a federalização dessa investigação, por total falta de isenção do sistema de Segurança Pública em investigar o seu próprio chefe. Esse é o intuito da vinda desses delegados aqui”, disse.
O posicionamento de Aluisio ocorreu depois de Jefferson Portela ter feito ilações, em blogs alinhados ao Palácio dos Leões, sobre membros da bancada maranhense no Congresso Nacional. Sem citar no­mes, ele afirmou que revelará “coisas que estão escondidas aqui”. Ele fez referência ao crime organizado e ao contrabando de cigarros.
Além de sugerir a federalização da investigação, Aluisio Mendes também alertou o secretário de Segurança de que ele poderá sair preso caso desrespeite as autoridades na Comissão de Segurança.
“Como autor do requerimento presidirei essa reunião. E se ele acha que vai transformar o Congresso Nacional num circo e a Comissão num picadeiro, ele está muito equivocado. Virá aqui para prestar conta das denúncias. E, se faltar ao respeito com qualquer autoridade, ou parlamentar aqui nessa Casa, será decretada sua prisão. Eu pessoalmente o farei”, disse. E emendou: “Ele que venha preparado para se defender”, enfatizou.

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