Denúncias

Câmara marca oitiva de delegados que denunciaram grampos

Delegados Tiago Bardal e Ney Anderson serão ouvidos na Comissão de Segurança da Casa; eles falarão sobre denúncia de grampo ilegal feito pela SSP

Gilberto Léda/Da Editoria de Política

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Aluisio Mendes vai ouvir delegados que acusam Portela de grampos
Aluisio Mendes vai ouvir delegados que acusam Portela de grampos (Aluisio Mendes)

A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados mar­cou para a próxima semana audiência com os delegados de Polícia Civil do Maranhão Tiago Mattos Bardal e Ney Anderson Gaspar. Eles falarão aos parlamentares sobre as denúncias de uso da estrutura da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) do Maranhão coman­dada pelo também delegado Jefferson Portela, para monitorar ilegalmente autoridades estaduais.
A oitiva foi marcada, a pedido do deputado federal Aluisio Mendes (Pode), para o dia 2 de julho, a partir das 16h30.
A suposta espionagem veio à tona quando Ney Anderson e Bardal apresentaram uma série de acusações contra Portela. Segundo eles, ordens para interceptar ligações telefônicas de desembargadores, filhos de magistrados do Tribunal de Justiça do Maranhão, deputados e senadores opositores do governo teriam partido do titular da pasta.
Ele nega. “Em toda essa armação, não apontaram nenhum ato praticado por mim. Por que eu seria afastado, como sugere a postagem? No meu caso, o preso Bardal e o delegado afastado Ney Anderson nada apresentaram, a não ser afirmações desprovidas de qualquer elemento de prova”, declarou.

Debate
A realização da oitiva com os delegados motivou um debate público entre Aluisio Mendes e Jefferson Portela. Na semana passada, o deputado federal respondeu, em discurso na Câmara dos Deputados, a ataques desferidos pelo titular da SSP.
Disse que, como autor do requerimento, será o presidente da audiência do dia 2 de julho. Como tal, decretará a prisão do secretário maranhense, se ele “faltar ao respeito com qualquer autoridade, ou parlamentar, aqui nessa Casa”
“Como autor do requerimento, irei presidir essa reunião. E se esse desequilibrado acha que vai transformar o Congresso Nacional num circo e a comissão num picadeiro, ele está muito equivocado. Virá aqui para prestar conta das denúncias. E, se faltar ao respeito com qualquer autoridade, ou parlamentar, aqui nesta Casa, será decretada sua prisão. Eu pessoalmente o farei”, disse. E emendou: "Ele que venha preparado para se defender".
O discurso de Mendes foi proferido um dia depois de Jefferson Portela partir para cima do parlamentar. Em entrevista, o titular da SSP declarou que as denúncias de Bardal e Gaspar são uma tentativa de intimidar o sistema de segurança e de usar a acusação de espionagem co­mo defesa.
Acrescentou, ainda, que é Mendes quem deve explicações. “Ele [Aluísio] deveria se explicar, porque ele caiu em uma interceptação e a Polícia Federal pediu a prisão dele quando ele ligou para um investigado no Maranhão comunicando a operação e a pessoa estava interceptada. Por isso, à época, a PF pediu a prisão dele. Ele também deve explicar a péssima gestão dele com o estabelecimento das facções na capital. De 2009 a 2014, o índice de homicídios no Maranhão aumentou 308%. Já diminuímos em 63%”.
O secretário também afirmou que Aluísio, que foi secretário de Segurança, deve saber como fazer ao falar em interceptação telefônica ilegal. E garantiu que, na sua gestão, grampos são feitos “somente dentro da lei”.
“Ele aparece abraçando criminosos e dando total crédito a esta história de interceptações. Será que ele é um analfabeto na condição de policial? Ele sabe que a interceptação só é implantada com a ordem de um juiz. A operadora não implanta com ofício de oficial. Se ele fala de interceptação ilegal ele deve saber algo sobre isso. Na nossa gestão, somente dentro da lei”, acrescentou.

Sem data

Embora ainda sem data confirmada, o secretário Jefferson Portela também será ouvido pelos integrantes da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara.

Presença de Tiago Bardal depende de autorização da Justiça

Apesar de já formalmente solicitada, a presença do delegado Tiago Bardal na audiência da semana que vem na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados ainda depende de autorização.
Bardal está preso desde o ano passado, acusado de integrar uma quadrilha especializada em contrabando no Maranhão. Por isso, para que ele viaje até Brasília, é necessária uma autorização do juiz Ronaldo Maciel, titular 1ª Vara Criminal de São Luís, responsável pelo decreto de prisão do delegado.
Segundo Aluisio Mendes, no entanto, entendimentos feitos com o magistrado antes da definição da data da oitiva, devem garantir que Bardal seja autorizado a deixar a prisão para prestar o depoimento.
“Já foi enviado pelo presidente da Comissão, deputado Capitão Augusto, um ofício ao juiz responsável pela prisão do Tiago Bardal que solicita autorização liberação do delegado para vir a Brasília depor, sob a escolta da Polícia Federal, tanto na ida quanto na volta. Em entendimentos feitos via Comissão, o juiz de antemão já autorizou desde que fosse oficializado esse pedido. Então, já mandamos o ofício e estamos apenas aguardando a confirmação do juiz consolidando essa autorização”, destacou Mendes. l

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