Opinião

Governador prende e demite escritor

Benedito Buzar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Sem condições de permanecer em São Luís, depois de dez anos prestando relevantes serviços ao magistério, o professor Viveiros transfere-se para o Rio de Janeiro, para dar continuidade à sua vida de professor, no Colégio Pedro II, onde impôs-se pela reconhecida autoridade de intelectual e historiador. Benedito Buzar

Nos primeiros dias de outubro de 1937, a imprensa impactou São Luís com a informação de que, por ordem do governador Paulo Ramos, o professor de História Universal do Liceu Maranhense, Jerônimo de Viveiros, havia sido preso pelo fato de, no recinto da Assembleia Legislativa, “tumultuar os trabalhos parlamentares e desrespeitado publicamente e em alta vozes, com palavras indecorosas, os poderes constituídos do Estado, incorrendo assim nos dispositivos da Lei de Segurança.”

Além de preso, o emérito professor respondeu a inquérito administrativo, que resultou em sua demissão, a bem do serviço público, das funções de professor do Liceu Maranhense, ato, também, executado pelo prefeito de São Luís, Pedro Neiva de Santana, que o demite das funções de Ajudante de Inspetor de Ensino Municipal, sob o pretexto de que “na hierarquia administrativa, nenhum detentor do poder público, sobrepuja ao do Governador do Estado, que no exercício daquele alto cargo não se despe nunca de suas relevantes funções, esteja ou não presente a qualquer reunião, seja de que natureza for.”

Nesse período em que o historiador esteve sob à mira da Polícia e da Justiça, a esposa, Luíza de Viveiros, desenvolveu ingentes ações no sentido de livrá-lo daquelas nefandas perseguições, inclusive por meio de cartas ao Ministro da Justiça, ao qual relatou o sofrimento do marido na prisão, que se viu atacado “por crise depressiva pela violência sofrida e agravada pela carência da alimentação na Penitenciária e às condições de absoluta falta de higiene da célula infecta em que foi encerrado”.

As cartas de Dona Luíza não surtiram nenhum efeito, já que o país vivia sob o tacão do Estado Novo.

Sem condições de permanecer em São Luís, depois de dez anos prestando relevantes serviços ao magistério, o professor Viveiros transfere-se para o Rio de Janeiro, para dar continuidade à sua vida de professor, no Colégio Pedro II, onde impôs-se pela reconhecida autoridade de intelectual e historiador.

Quando os tormentos que desabaram sobre a sua vida começaram a ser consumidos pelos ventos da redemocratização do país, Viveiros retorna à sua terra e ao convívio de sua gente, para, desta feita, escrever em jornal e mostrar o outro lado de sua personalidade de emérito pesquisador, ao trazer a lume episódios que marcaram a vida política maranhense, pontuada de memoráveis eventos, como os das eleições movidas a cacetes, nos tempos de Dona Ana Jansen.

A repercussão desse trabalho, pela divulgação no jornal O Imparcial, levou a direção da Biblioteca Pública, localizada na Rua da Paz, hoje, sede da Academia Maranhense de Letras, destinar a ele um gabinete especial para realizar as suas atividades jornalísticas e produzir matérias com informações preciosas e desconhecidas da sociedade, objetos de seus estudos e pesquisas.

Como se não bastasse, o poderoso Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, ficou tão encantado com a leitura dos trabalhos do incansável mestre, que mandou um repórter de O Cruzeiro veio a São Luís com a missão específica de entrevistá-lo.

Recentemente, todo aquele material da lavra do professor Jerônimo Viveiros, reunido com o título de Quadros da vida maranhense, em boa hora resgatado pelo pesquisador Luiz de Mello, deu ensejo à Academia Maranhense de Letras de orgulhosamente publicá-lo, sob a forma de fascículos e patrocinado pela Lei de Incentivos Fiscais do Governo do Estado do Maranhão.

Persona Non Grata

Não é por acaso que a imprensa brasileira critica o ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, pelos votos quase sempre contrários aos sentimentos do povo brasileiro.

Na semana passada, o povo maranhense foi vítima do ministro, pela decisão de suspender os efeitos da gratuidade de 30 minutos nos estacionamentos de São Luís.

A Câmara Municipal de São Luís praticaria uma boa ação se concedesse ao ministro o título de Persona Non Grata.

Ponto e contra ponto

Se o presidente Jair Bolsonaro é o ponto, o governador Flávio Dino é o contra ponto.

De uns tempos para cá, o governador maranhense só pensa em contrapor-se às iniciativas e aos atos praticados pelo chefe da Nação.

Recentemente, concedeu um título honorífico à viúva do saudoso educador e professor Paulo Freire.

Em Brasília corre a notícia de que o presidente Bolsonaro, por causa disso, tem perdido noites de sono.

Médicos cubanos

O governador Flávio Dino consulta a Organização Pan-Americana de Saúde, para saber se o Governo do Estado pode contratar médicos cubanos para prestarem serviços no Maranhão.

Para esse programa ser executado no Maranhão, não precisa importar profissional de Cuba, basta oferecer bons salários aos jovens que a UFMA e o CEUMA colocam anualmente no mercado.

Rádio web da AML

No propósito de divulgar a cultura do Maranhão, a Academia Maranhense de Letras vem de criar a Rádio Web AML, utilizando os recursos da comunicação e disponibilizados pela Internet.

Em apenas um mês, a Rádio Web, pelas informações a respeito das atividades desenvolvidas na Casa de Antônio Lobo, bem como das ações de seus integrantes no campo cultural, obteve mais de três mil acessos, inclusive do exterior.

Amigos se confraternizam

Em São Luís, cresce um saudável movimento de grupos de amigos, que se reúnem semanalmente, geralmente em restaurantes, para se confraternizarem e trocarem informações sobre assuntos variados.

Um animado grupo, que pratica esse tipo de sadio relacionamento, pode ser visto aos domingos, das sete às nove horas da manhã, na Fribal, da Ponta D’Areia.

Fazem parte dessa confraria: Aparício Bandeira, que a preside, Carlos Gaspar, José Vitor Abdala, Arimatéa Alves, Airton Lopes, Marcélio Monteiro, Cristovam Teixeira, Vicente Ferrer, Cursino Moreira, Alim Maluf, Fábio Braga, Jesus Guanaré e este jornalista.

AVISO AOS REITORÁVEIS

O Ministério da Educação não está levando muito a sério as listas tríplices dos candidatos a reitor, mesmo que votadas pela comunidade universitária.

Se nenhum membro da lista passar pelo rigoroso crivo do MEC, poderá ser indicado um professor interino ou pró-tempore.

Foi o que aconteceu recentemente na Universidade de Grande Dourado, de Mato Grosso do Sul.

O Avanço de Duarte

O eleitorado de São Luís, até agora, não tomou conhecimento da forte campanha que setores da mídia desenvolvem contra o jovem e combativo deputado Duarte Junior, que postula ser candidato à prefeitura de São Luís, em 2020.

Quanto mais batem, mais ele cresce junto ao eleitorado, sobretudo no meio da juventude.

Até agora, em todas as pesquisas realizadas, Duarte Junior só perde para Eduardo Braid.

Conselho de Tancredo Neves

Nunca foi tão atual este conselho do saudoso Tancredo Neves: - Só fale pelo telefone aquilo que você fala em público.

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