Artigo

Uma época especial no Maranhão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24

Mês de junho, época repleta de significado para a tradição brasileira do Bumba Meu Boi.

Costumo sempre fazer referência às palavras do poeta Mário de Andrade, grande estudioso do folclore brasileiro, para quem o Bumba Meu Boi é “a mais exemplar” e “a mais complexa, estranha, original de todas as nossas danças dramáticas”.

O Bumba Meu Boi não é só festa, não é só arte, não é só religião. Ele é a mistura de todos esses elementos, envernizada pela alegria do povo maranhense. É a maior festa popular do Maranhão, mesclando as origens cristãs, africanas e indígenas.

Composto de múltiplos elementos articulados - dança, música, narrativa, teatro, artesanato, religião -, o enredo central dos festejos é a morte e o ressurgimento do Boi, que é trabalhado sob diversas abordagens, com a inclusão ou exclusão de personagens, eventos e ritos.

Aqui no Maranhão, o Bumba Meu Boi é uma paixão séria, transmitida de geração em geração. Não envolve disputas. Ao contrário, simboliza a união do povo em torno de seu próprio folclore, sua própria história, suas raízes. E é uma tradição tão forte que tem uma linguagem própria. Nesse idioma, o Boi não é só alguém fantasiado de animal. Boi é toda a agremiação encenando a legendária história de Pai Francisco e Mãe Catirina. Boi é, também, o nome da enorme festa que reúne esses grupos, que se respeitam e se aplaudem mutuamente. Sotaque, nessa linguagem, não é arrastar uma letra “S”. Sotaque, no Bumba Meu Boi, é o ritmo das melodias entoadas, os instrumentos escolhidos para ecoá-las, as coreografias e as vestimentas eleitas para a representação.

Em 2012, os brincantes de Boi festejaram sua acertada inclusão, pelo IPHAN, na lista de Patrimônio Cultural do Brasil. Em breve, possivelmente, teremos também o reconhecimento internacional, já que no ano passado o IPHAN oficializou a candidatura, na UNESCO, do Complexo Cultural do Bumba Meu Boi a Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

Foi precisamente por saber do valor de cada festejo, de cada música, por saber do enorme apreço que o Maranhão guarda por essa tradição, que apresentei o Projeto de Lei nº 4.364/2016, que denomina a cidade de São Luís como Capital Nacional do Bumba Meu Boi. O Projeto já foi aprovado tanto na Câmara dos Deputados, quanto no Senado Federal por unanimidade em todas as Comissões pelo qual ele tramitou. Agora, em breve, será sancionado pelo Presidente Jair Bolsonaro e se transformará em lei federal. Vários parlamentares federais contribuíram para que São Luís seja a capital nacional do Bumba Meu Boi. Afinal, parafraseando uma das mais belas toadas dessa cultura, até hoje me lembro da minha bela mocidade, em que eu tinha tudo à vontade nas ruas de São Luís, preenchidas pelos sons das matracas, zabumbas e orquestras.

É motivo de alegria a visibilidade conferida pela distinção da Unesco com a candidatura do complexo do Bumba Meu Boi como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Isto dará oportunidade de pessoas de todas as nacionalidades de conhecer o Bumba meu Boi, de vir ao Maranhão e se emocionarem com os festejos.

O Bumba Meu Boi é uma festa democrática, que une pessoas de todas as idades e todos os extratos sociais, e que também simboliza o sincretismo de nossa história, assim ela têm que ser celebrada e exaltada.

A todos os maranhenses que mantêm viva esta cultura, vamos celebrar os nossos festejos juninos!

Hildo Rocha

Deputado federal pelo MDB

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