The Intercept

Procuradores não entregam celulares para a Polícia Federal

Polícia Federal quer periciar aparelhos para auxiliar na investigação sobre ataques de hackers a celulares de autoridades ligadas à Lava Jato

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
PF acredita que os contatos dos procuradores foram obtidos a partir do celular do ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot
PF acredita que os contatos dos procuradores foram obtidos a partir do celular do ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot (Rodrigo Janot)

BRASÍLIA

Os procuradores do Ministério Público Federal (MPF), que atuam na Operação Lava Jato, não entregaram os celulares para a perícia na investigação sobre a invasão dos aparelhos dos integrantes da força-tarefa. Eles não são obrigados a fazê-lo.
A investigação da Polícia Federal (PF) aponta que a possível origem dos ataques de hackers a celulares de autoridades ligadas à Lava Jato foi o celular do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, em abril deste ano.
Por meio do celular dele, o invasor conseguiu o número dos celulares dos procuradores da Lava Jato. A polícia também acredita que a invasão ocorreu porque possivelmente os integrantes do grupo de mensagens não usava a dupla verificação de senha do aplicativo.
Mais de dez autoridades tiveram os celulares violados, segundo as investigações.
A PF no Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília está trabalhando com trocas de informações para chegar até o hacker.

Linha de investigação
Uma das linhas de investigação é a de que esse invasor é brasileiro ou um brasileiro auxiliando um estrangeiro. E que esse invasor conhece todos os nomes da Operação Lava Jato.
Na quinta-feira, 13, em Belém do Pará, o presidente Jair Bolsonaro fez nova defesa enfática do ministro Sérgio Moro, que nas conversas divulgadas aparece em trocas de mensagens com o procurador Deltan Dallagnol, quando ainda era juiz, em Curitiba.
Os dois, segundo o site The Intercept, discutiam procedimentos da Operação Lava Jato.
“Acusações pairaram sobre ele, por invasão criminosa no celular de um de seus companheiros. A imprensa queria uma palavra minha e acredito que gestos valem muito mais do que palavras. Fui ao lado dele à cerimônia da Batalha do Riachuelo, no Distrito Naval lá de Brasília. E no dia seguinte fui com ele ao estádio Mané Garrincha assistir ao jogo do Flamengo. São gestos que dizem mais que palavras. Você olha nos olhos de outra pessoa e sente que aquela pessoa quer o bem e acredita em você, isso não tem preço”, disse o presidente.
Ainda na quinta, os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva anexaram ao recurso, as mensagens entre o então juiz Sérgio Moro e o procurador Dallagnol.
Os advogados de Lula afirmaram ainda que as conversas demonstram “situações incompatíveis com a exigência de exercício isento da função jurisdicional e que denotam o completo rompimento da imparcialidade objetiva e subjetiva” de Sérgio Moro.

Moro contesta mensagens

Moro voltou a afirmar que não tem como comparar as mensagens que eventualmente tenha trocado com o procurador Deltan Dallagnol, chefe da Força-Tarefa Lava Jato em Curitiba, com as reproduções de trechos dessas conversas que vêm sendo publicados pelo site de notícias The Intercept Brasil. O ministro, no entanto, reiterou que o teor das conversas, além de descontextualizado, pode ter sido alterado. O site The Intercept não revela a origem das mensagens que afirma ter recebido de uma fonte anônima. A Constituição Federal reserva a todo jornalista o direito de não revelar suas fontes de informações.

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