Saúde dos olhos

Prevenção ao ceratocone é tema da campanha Junho Violeta

Especialista esclarece sobre doença, que tem como característica o encurvamento e o afinamento progressivos da córnea e como um dos fatores associados o hábito frequente de coçar ou esfregar os olhos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Esfregar os olhos é um  dos fatores associados à doença dos  olhos
Esfregar os olhos é um dos fatores associados à doença dos olhos (ceratocone coceira olhos)


SÃO PAULO - Coçar os olhos. Ato inofensivo, certo? A resposta é não e pode prejudicar a visão. Com esse mote, acontece neste mês a campanha Violet June (Junho Violeta), iniciativa que visa à prevenção do ceratocone, doença caracterizada pelo encurvamento e afinamento progressivos da córnea, que tem como um dos fatores associados o hábito frequente de coçar ou esfregar os olhos. A ação conta com o apoio do Grupo H.Olhos, um dos maiores centros oftalmológicos do Brasil, e de entidades como o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO).

Doença congênita, ou seja, a pessoa já nasce com a predisposição a desenvolvê-la, o problema acomete entre 0,5% e 3% da população mundial e pode levar ao desenvolvimento de altos graus de astigmatismo e miopia, comprometendo a visão.

“Alguns estudos indicam que o ceratocone pode estar relacionado a mudanças físicas e bioquímicas no tecido corneano. Entretanto, é importante destacar que aproximadamente um terço dos pacientes tem alergia ocular, com consequente coceira nos olhos. O ato de coçá-los com frequência está diretamente ligado ao afinamento da córnea, uma das características da doença”, explica a oftalmologista Myrna Serapião, especialista em córnea do H.Olhos.

A córnea normal tem um formato arredondado, quase esférico, o que faz com que as imagens sejam focalizadas corretamente. Com ceratocone, ela sofre uma deformação progressiva, com sua resistência e elasticidade alteradas, deixando-a mais fina e com formato cônico, por isso, o nome da doença.

“Muitos pacientes não percebem o ceratocone em seu início, quando a córnea começa a se curvar. Por este motivo, a campanha Junho Violeta é extremamente importante para disseminar o conhecimento e incentivar uma postura de atenção da população com a saúde ocular. Educar as pessoas para que procurem auxílio médico não só quando o problema vem à tona é essencial para garantir a boa visão”, destaca a oftalmologista.

Tratamento
A doença possui quatro fases e diversos tratamentos, a depender da gravidade. Na fase inicial, a visão pode ser corrigida com o uso de óculos. No estágio moderado, com o uso de lentes de contato específicas para ceratocone ou com o implante de anel intracorneano, no caso de intolerância às lentes.

Outra opção de tratamento é o procedimento conhecido como crosslinking. Neste processo, o uso de colírio de vitamina B2, associado à luz UVA emitida por uma fonte, aumenta a ligação das fibras de colágeno da córnea, o que a enrijece, evitando a progressão da doença.
Nas etapas mais avançadas, o tratamento baseia-se no transplante de córnea, que é a cura definitiva para o ceratocone.

Saiba Mais

Os sintomas
Há casos de pessoas com história da doença na família que apresentam um quadro de ceratocone subclínico, sem sintomas. Quando eles aparecem, porém, variam de acordo com a fase da doença. O mais característico é a perda progressiva da visão, que se torna borrada e distorcida (tanto para longe quanto para perto) e obriga a aumentar com frequência o grau das lentes dos óculos até que a solução é substituí-los por lentes de contato, que podem ser de diferentes tipos.

Outros sintomas incluem:
- Sensibilidade à luz (fotofobia);
- Comprometimento da visão noturna;
- Visão dupla (diplopia);
- Formação de múltiplas imagens de um mesmo objeto (poliopia) ou de halos ao redor das fontes de luz são outros sintomas da doença.
- O recuo da pálpebra inferior provocado pelo crescimento do cone, quando a pessoa olha para baixo (sinal de Munson), e a perda aguda da visão causada pelo escape do humor aquoso que flui para dentro da córnea (hidropsia) são complicações que podem surgir nos estágios mais avançados da doença.


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