Meio ambiente

60% da água distribuída no Maranhão é desperdiçada, afirma instituto

Dados foram disponibilizados pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados; oito estados do Brasil desperdiçam mais da metade do que produzem; falta de conscientização é um dos problemas que geram o desperdício

Emmanuel Menezes / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Rompimento de canos também geram desperdícios de água
Rompimento de canos também geram desperdícios de água (desperdício de água)

SÃO LUÍS - Na semana marcada pelo Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), dados sobre o desperdício de água em todo o país foram disponibilizados pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados. A realidade alarmante traz o Maranhão como o 5º estado no Brasil que mais desperdiça água, entrando para os piores índices em nível mundial.

Oito estados do país perdem mais da metade da água que produzem com problemas de vazamentos, ligações clandestinas, falhas de leitura de hidrômetros e, lógico, falta de conscientização da população.

No Maranhão, 60% da água produzida para distribuição é desperdiçada. Isso significa que, a cada 100 litros de água captada, tratada e pronta para ser distribuída, 60 litros não são usadas da maneira adequada. Neste cenário, o estado se mantém atrás apenas de Roraima, que tem o pior índice (75%), Amazonas (69%), Amapá (66%), e Acre (também 60%). A média nacional é de 38%.

“Nós sabemos dessa realidade, e é muito triste. Mas os investimento para que trabalhos efetivos, como a implantação de 130 mil hidrômetros pela Ilha, são muito caros e demoram mais que o esperado para sair do papel”, diz Carlos Rogério Araújo, presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema).

Com dados informados pelo presidente da companhia, para se ter uma noção do desperdício, o reservatório do Batatã tem condição de distribuir água para 1,5 milhão de pessoas diariamente, mas apenas 1,1 milhão de pessoas são abastecidas.

“A implantação dos 130 mil hidrômetros é um meio para que essa redução seja eficaz. Porém, a conscientização é uma das peças mais importantes para que essa água possa ser melhor aproveitada”, enfatiza o presidente da Caema.

Melhorias na distribuição
Dos oito estados que desperdiçam 50% ou mais da água preparada para distribuição, cinco es­tão na região Norte do país e três no Nordeste. Enquanto 83,5% dos brasileiros são atendidos com abastecimento de água tratada, a média da região Norte para o mes­mo indicador é de 57,5%. A do Nordeste é a segunda pior, com 73%. Em relação ao acesso à coleta de esgoto, a situação é ainda mais grave: 10,2% da população do Norte e 26,9% do Nordeste são atendidas, contra a mé­dia nacional de 52,4%. O estudo utiliza os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), referentes ao ano de 2017.

A perda de distribuição é medida pela diferença entre a água produzida pela concessionária responsável pelo setor e o volume que chega e sai das casas das pessoas de forma oficial. Essa diferença significa desperdício por vazamentos, roubos e furtos de água e erros de leitura ou leituras imprecisas de hidrômetros antigos. Assim, quanto menor é o índice, menores são os problemas de serviço, gestão e conscientização.

O estudo destaca ainda que o indicador de perda de água potável nos sistemas é um dos mais negligenciados do país. Entre 2015 e 2017, por exemplo, é possível perceber que houve um aumento na produção de água do país, movimento natural para conseguir atender uma população crescente. Ao mesmo tempo, porém, as perdas também aumentaram. Isso significa, diretamente, que, para diminuir as perdas de água, é preciso fazer investimentos.

O estudo ainda destaca
Considerando o Brasil, a média de perda de água potável é de 38%. Isso representa uma perda de 6,5 bilhões de m³ de água, o equivalente a mais de 7 mil piscinas olímpicas por dia.

Analisando apenas as perdas físicas do sistema, ou seja, a água que não chegou à casa das pessoas por conta de vazamentos, o volume desperdiçado seria suficiente para abastecer 30% da população brasileira por um ano.
Em termos financeiros, a perda de faturamento custou para o país R$ 11,3 bilhões em 2017, valor superior ao total de recursos investidos em água e esgoto no Brasil no ano (R$ 11 bilhões).

SAIBA MAIS

Dicas para evitar o desperdício
- Uma torneira fechada pode economizar até 20 litros. Ao escovar os dentes ou se barbear, deixe-a fechada. Para lavar a louça, procure acumular ao longo do dia: não deixe a torneira aberta enquanto estiver limpando os utensílios com detergente;
- Não tome banhos demorados. Para se ensaboar, feche a torneira: um banho de cinco minutos pode consumir até 45 litros de água em casas e mais do que o dobro em apartamentos;
- O gotejamento pode resultar em um desperdício de até 50 litros ao longo do dia
- Não jogue o lixo na descarga. Além disso, certifique-se de que a válvula não está com defeito
- Reutilize a água da máquina de lavar. Use para limpar o chão, azulejos e vidros da sua casa;
- Para regar as plantas, utilize um regador;
- Para lavar a roupa, deixe acumular mais peças para não ter de lavar uma de cada vez;
- Não jogue água na calçada. Prefira limpar com uma vassoura;
- Se estiver com um problema de vazamento, é importante resolvê-lo rapidamente: uma torneira pode desperdiçar quase 1 litro de água por minuto;
- Para retirar a sujeira do carro, use um balde e um pano para esfregar. Não use a mangueira.

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