Raoni de Aquino, artista plástico

Uma prova de amor à arte e ao teatro

Ele faz questão de demonstrar admiração pelo Teatro Arthur Azevedo e, além de ter confeccionado uma réplica do palco, assina uma exposição em homenagem aos 202 anos do segundo mais antigo teatro do Brasil

Evandro Junior/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24

SÃO LUÍS - Autodidata na área das artes plásticas, o maranhense Raoni de Aquino, 31 anos, é desde criança apaixonado pelo Teatro Arthur Azevedo. Conheceu o mais importante templo das artes no Maranhão na era dos espetáculos do bailarino e coreógrafo Reynaldo Faray (falecido em 2003), quando passou a frequentar o espaço na companhia da irmã, a bailarina Márcia de Aquino, que integrava a turma de alunos do professor de balé.

Bisneto da pianista Cinhazinha Carvalho Moreira e filho do artista plástico Aquino, ele nunca se separou do teatro desde então. Curioso em relação a tudo o que acontecia nos bastidores, Raoni era assíduo na plateia e nas coxias. E continua sendo, com o mesmo entusiasmo.

“Um espaço que sempre chamou a minha atenção, por sua grandiosidade, história e por ser uma casa acolhedora de talentos e grandes espetáculos. Toda vez que entro no Arthur Azevedo sinto a presença daqueles com os quais convivi e que por ali passaram, deixando sua marca registrada. É o caso do professor de balé Reynaldo Faray, que marcou bastante com seus espetáculos”, diz.

A assiduidade do artista plástico e seu interesse em acompanhar os ensaios dos espetáculos
assinados por Faray levaram o professor a oferecer
uma bolsa de estudos ao dedicado visitante. No entanto, a oferta foi declinada por Raoni, que sempre gostou das artes plásticas e, embora sempre presente, não se interessava por balé clássico.

raoni de Aquino pintando quadro em seu ateliê
raoni de Aquino pintando quadro em seu ateliê
Toda vez que entro no ‘Arthur Azevedo’ sinto a presença daqueles com os quais convivi e que por ali passaram, deixando sua marca registrada. É o caso do professor de balé Reynaldo Faray, que marcou bastante com seus espetáculos”

Exposição
Os anos se passaram, a morte congelou os passos de Reynaldo Faray, mas a dedicação de Raoni de Aquino continuou, firme e forte. Até que ele decidiu homenagear o teatro secular com a delicadeza de sua pintura, por meio da exposição “Primeiro Ato” e que permanecerá em cartaz até 15 de junho, no próprio Arthur Azevedo.

As telas foram apresentadas ao público na última sexta-feira, dentro da programação de aniversário de 202 anos do Teatro Arthur Azevedo. São 12 trabalhos, em óleo sobre tela, os quais retratam, principalmente, ícones maranhenses que pisaram naquele palco, entre eles a atriz Apolônia Pinto, o teatrólogo Aldo Leite e o professor Reynaldo Faray.

Raoni conta que queria expressar seu amor e admiração pelo segundo teatro mais antigo do Brasil, edificado em estilo arquitetônico neoclássico e que se constitui no único exemplar verdadeiro desse estilo em São Luís. No Brasil, o neoclássico foi difundido com a chegada da missão artística francesa, trazida por Dom João VI, em 1816. No Rio de Janeiro, a primeira edificação no estilo neoclássico só ocorreu em 1819.

De tanto frequentar a imponente casa da Rua do Sol, Raoni de Aquino fez amizade com o diretor, Celso Brandão. “Conversa vai, conversa vem, surgiu a ideia da exposição, como um presente meu para o teatro. Eu fiz as telas com muito amor e espero que o público esteja gostando”, diz.

Obras que farão parte da exposição em homenagem ao TAA
Obras que farão parte da exposição em homenagem ao TAA

Réplica
As telas, no entanto, não são o bastante para traduzir a paixão do artista plástico pelo “Arthur Azevedo”. Em casa, ele construiu uma réplica do suntuoso palco, cujo arco da boca de cena tem 7 metros de altura e 12 de largura, fechando com uma majestosa cortina de veludo bordeaux, com abertura no estilo à francesa ou “imperial”, com dois reguladores verticais e um horizontal.

A réplica em madeira pesada criada por Raoni tem dimensões de 1,28 x 1,25. A obra de arte fica na sala da casa dele, guardada como um troféu e uma prova física de sua admiração. “Não incluí a peça na exposição devido às dificuldades de transportar, pois a réplica é muito pesada e representa toda a caixa cênica. Além de madeira, eu usei pedaços de molduras de quadros para o acabamento. É um
objeto que apresento com muito orgulho, por fazer parte da minha vida”, finaliza.

Além de madeira, eu usei pedaços de molduras de quadros para o acabamento. É um objeto que apresento com muito orgulho, por fazer parte da minha vida”

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.