Ciência e Saúde

Cirurgia refrativa: a liberdade de enxergar sem óculos

Procedimento é realizado há mais de duas décadas; porém, nos últimos anos acolheu novos pacientes que querem se livrar dos "indesejados" óculos de grau; oftalmologista Hugo Caminha esclarece um pouco sobre os métodos da cirurgia

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24

[e-s001]Quem não quer, após anos e anos utilizando os óculos de grau, se livrar do indesejado acessório? Essa realidade é possível, por meio da chamada cirurgia refrativa, procedimento oftalmológico que, apesar de usado há mais de duas décadas, somente nos últimos anos se popularizou. Apesar de não ser ofertado no Sistema Único de Saúde (SUS), é cada vez maior a presença, nos consultórios, de pessoas em busca do procedimento. Mas, antes de se submeter a um destes atos cirúrgicos, é imprescindível entender as vantagens e desvantagens de cada um deles. De acordo com especialistas, dois métodos (PRK e LASIK) são os mais comuns.

O Estado ouviu o oftalmologista Hugo Caminha, proprietário da Oftalmo Prime e membro da Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa, para esclarecimentos. Segundo ele, em 95% dos casos, há chance de sucesso nos procedimentos, independentemente de qual método escolhido.

Quais são os métodos mais comuns de cirurgia refrativa?
Dois são os mais conhecidos. O método PRK, que utiliza menos tecido corneano e que exige pelo menos uma semana para que seja possível observar o efeito desejado. E o LASIK, outro método, utiliza um pouco mais de córnea, ou seja, você precisa ter uma espessura corneana maior. A vantagem deste método, no caso, é a estabilidade, a longo prazo, no grau. Trata-se ainda de um procedimento cujos resultados práticos são obtidos com mais rapidez.

Existe uma idade mínima para se submeter a um dos procedimentos da cirurgia refrativa?
Em geral, o recomendado é que a pessoa se submeta a este tipo de procedimento, sem qualquer risco, a partir dos 21 anos e que não tenha outra doença que inviabilize a cirurgia. É neste período em que a maioria das pessoas já registra a chamada estabilização do grau. Essa idade mínima não é seguida, salvo em casos específicos.

A cirurgia refrativa registra qual potencial de risco? E quanto ao tempo de recuperação?
Com os métodos, procedimentos e estrutura corretos, em pelo menos 95% dos casos há chances de sucesso na cirurgia. Em relação ao tempo de recuperação, depende da técnica. O LASIK é com um resultado mais imediato. O PRK exige, no mínimo, uma semana. Para a cicatrização, o tempo total de ambas é de aproximadamente um ano. Como todo procedimento desta natureza, existe sempre o risco de – por exemplo – não conseguir zerar completamente o grau. Ou mesmo o risco de infecções. Porém, são problemas muito raros.

Qual perfil de pacientes que mais procuram a cirurgia refrativa no consultório?
Normalmente, é um perfil mais jovem e de pessoas que se queixam de dificuldades, por exemplo, para enxergar em determinada distância.

Este tipo de procedimento é recomendado para pessoas acima dos 60 anos?
Não há nenhum tipo de impedimento para a promoção da cirurgia refrativa nesta faixa etária. No entanto, sabe-se que, a partir desta idade, aumenta a incidência de catarata, cujo procedimento de correção utiliza lentes “premium”, em que é possível a correção do grau, tanto para longe, quanto para perto, tornando desnecessária a cirurgia refrativa a laser.

E quanto ao método “Smile”? É recomendado nas técnicas modernas oftalmológicas?
A técnica Smile usa o laser de “femtosegundo”, que faz uma lentícula corneana dentro da córnea. É uma técnica que, para alguns especialistas, há maior exatidão e controle no corte e menos trauma na córnea e lesão tecidual, porém precisa de mais estudo, de mais tempo. Ainda não vejo possibilidade de afirmar se esta técnica veio para ficar ou apenas agrega riscos.

[e-s001]A cirurgia refrativa é contemplada pelo Sistema Único de Saúde (SUS)?
Não, não é contemplada. Existem alguns hospitais-escola no Brasil que realizam de forma gratuita esse procedimento. Mas, de modo geral, não são contemplados pelo SUS, infelizmente. Talvez seja uma posição que deveria ser melhor avaliada pelo Ministério da Saúde, uma vez que há uma procura imensa.

SAIBA MAIS

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) informam que a miopia atinge 1 bilhão de pessoas no mundo atualmente, e estima-se ainda que até 2050, a metade da população mundial seja míope. No Brasil, até 2020, o índice deve aumentar de 27 para 50, 7%.

Sintomas miopia

- Visão embaçada quando se olha para objetos distantes
- A necessidade de apertar os olhos ou parcialmente fechar as pálpebras para ver claramente
- Dores de cabeça causadas por fadiga ocular excessiva
- Dificuldade ao dirigir um veículo, especialmente à noite

NÚMEROS

95% é o percentual da população mundial com problemas de visão
1 bilhão é a quantidade de pessoas no mundo com miopia

Fonte: Organização Mundial de Saúde (OMS)

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