Reação

EUA abandonam Conferência de Desarmamento da ONU

Ao deixar sala, embaixador americano disse que representante de Juan Guaidó deveria estar no fórum; Brasil boicota cerimônia presidida pela Venezuela; diversos países não reconhecem o governo Maduro

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
O embaixador americano Robert Wood deixa conferência na ONU após embaixador da Venezuela começar a discursar
O embaixador americano Robert Wood deixa conferência na ONU após embaixador da Venezuela começar a discursar (Divulgação)

GENEBRA - A delegação dos Estados Unidos decidiu abandonar ontemn, 28, a Conferência de Desarmamento, um fórum internacional da ONU em Genebra, depois que a Venezuela assumiu a presidência rotativa. O embaixador americano Robert Wood saiu da sala imediatamente após que o embaixador da Venezuela Jorge Valero começar a discursar após assumir a presidência.

Representantes de Argentina, Chile, Brasil, Paraguai, Panamá e Peru também boicotaram a cerimônia e sequer enviaram diplomatas para o encontro. Brasil, Estados Unidos e outros 50 países reconheceram o opositor venezuelano Juan Guaidó como presidente interino e não reconhecem a presidência de Nicolás Maduro.

"O que acontece aqui dentro agora mesmo é uma propaganda", disse Wood, antes de afirmar que a Venezuela é um “Estado pária”. "Independente do que falarem ali, o que decidirem, não tem absolutamente nenhuma legitimidade porque é um regime ilegítimo que preside este fórum. Um representante de Juan Guaidó, o presidente interino, deveria estar sentado na cadeira agora mesmo".

A mudança de presidência ocorre por conta de uma rotação obrigatória entre os países que fazem parte da Conferência. Até o mês passado, os EUA, país com o maior número de ogivas nucleares do mundo, presidiam o fórum.

Em seu primeiro discurso, Valero prometeu trabalhar para buscar o “consenso” entre os países e pediu que governos atuem de forma “respeitosa”. Segundo ele, a reunião estava sendo usada de maneira “indevida”, já que não seria o local apropriado para promover “opiniões golpistas”.

"Lamentavelmente, o representante dos EUA e seus dóceis aliados continuam trazendo a esse fórum assuntos fora do mandato em questão", criticou. "Felizmente, a maioria decisiva dos países que compõem as Nações Unidas reconhece o governo venezuelano".

Dia trágico

Wood descreveu a presidência atual do fórum como “outro dia trágico na história do CD”, depois que no ano passado a Síria assumiu o posto, ocupado de maneira rotativa e por ordem alfabética do países membros. A Conferência de Desarmamento (CD) foi um fórum chave da ONU na negociação de acordos de controle de armas, mas nos últimos anos seu trabalho vem sendo bloqueado por divergências diplomáticas.

Também nesta terça-feira, a União Europeia nomeou o ex-banqueiro e diplomata hispano-uruguaio Enrique Iglesias como assessor para ajudar a acabar com a crise no país, como parte de uma intensificação dos esforços diplomáticos para buscar novas eleições. A UE, que lidera o Grupo Internacional de Contato (GIC), ao lado de nações sul-americanas, espera que Iglesias possa auxiliar a encontrar um caminho para convencer o presidente Nicolás Maduro a renunciar e permitir que todos os grupos políticos no país possam concorrer em um processo eleitoral livre e justo.

Iglesias, ex-ministro das Relações Exteriores do Uruguai e ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, é visto como detentor de contatos e conhecimento para negociar tanto com Maduro quanto com o líder da oposição, Juan Guaidó, assim como outros grupos políticos.

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