Saúde

Doença Celíaca atinge 1% da população mundial

Dificuldade para processar o glúten causa reações dos pés à cabeça, em especial no intestino; dieta balanceada e acompanhamento nutricional reduzem os sintomas e ampliam a qualidade de vida

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Há produtos que possuem  glúten e pouca gente sabe; ler os rótulos é importante
Há produtos que possuem glúten e pouca gente sabe; ler os rótulos é importante (sem glúten)

São Paulo - Transmitida geneticamente e desencadeada pela ingestão de glúten, a Doença Celíaca afeta o sistema imunológico de 1% da população mundial, conforme os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A nutricionista Cintya Bassi, explica que pela falta da enzima responsável pela quebra do glúten, essa proteína fica acumulada no intestino delgado, então o corpo passa a atacar a região, dificultando a absorção de nutrientes.

A dificuldade no diagnóstico
No Brasil, a Associação de Celíacos estima que um a cada 600 habitantes possuam a doença, mas esse número pode ser muito maior. O diagnóstico da doença costuma ser demorado, isso porque os sintomas da celíaca são similares aos de outras doenças, então a confirmação só é obtida por meio de uma biópsia, da observação contínua da alteração no revestimento interno do intestino delgado e de exames de identificação de anticorpos.

Os sintomas vão desde físicos a emocionais, incluindo anemia, vômito, diarreia crônica, alteração do peso corporal, atraso no crescimento, alteração de humor, dores abdominais, aftas de repetição e osteoporose. “Muitos pacientes só são diagnosticados quando estão debilitados, por causa da baixa taxa de absorção de nutrientes essenciais, mas isso tem melhorado com a maior atenção que tem sido dada à doença”, afirma Cintya Bassi.

Convivendo com a doença
Após o diagnóstico, o paciente começa uma dieta com restrição total de alimentos a base de grãos que contenham glúten, como o trigo, o centeio, a cevada e o malte. Também se aconselha a retirada da aveia que, por ser armazenada, processada e transportada junto com o trigo, acaba sofrendo contaminação cruzada, ou seja, ela contém traços de glúten pelo contato com outros grãos.

Há alguns anos, essa exclusão da proteína acabava removendo quase todos os carboidratos da alimentação dos celíacos, devido à utilização de farinha de trigo em grande parte desses alimentos e aos altos preços de produtos sem glúten. “Com a moda das dietas de emagrecimento sem glúten, a indústria passou a produzir mais produtos para atender esse público, aumentando tanto as quantidades quanto a variedade, o que abaixou o preço desses alimentos no mercado”, afirmou a especialista.

Para substituir a farinha de trigo nas receitas, a nutricionista recomenda que os celíacos utilizem farinhas de arroz, de milho e de maisena, assim como polvilho e fécula de batata. Já para quem não tem nenhum tipo de intolerância ao glúten, ela aconselha que a proteína não seja retirada, mas que as farinhas normais sejam substituídas pelas integrais, que possuem maior quantidade de fibras e favorecem no funcionamento do intestino e do sistema imunológico.

O QUE É GLÚTEN?

O glúten nada mais é do que uma proteína de tamanho grande, formada por duas proteínas menores, chamadas gliadina e glutenina. Ele é encontrado junto ao amido, em cereais como trigo, centeio, cevada, triticale e malte. Essa substância possui diferentes finalidades na produção dos alimentos. No processo de fermentação do pão, por exemplo, o glúten contido na farinha de trigo é responsável pela permanência dos gases no interior da massa, fazendo com que o pão aumente de volume e não diminua após esfriar.

MITOS E VERDADES SOBRE A DOENÇA CELÍACA

1. A Doença Celíaca é uma alergia alimentar
MITO.
Essa confusão existe porque tanto a Doença Celíaca quanto as alergias alimentares são uma reação do sistema imunológico a um determinado alimento. Entretanto, existem diferenças importantes entre elas. Por exemplo, a reação alérgica começa segundos ou minutos após o consumo do alimento, podendo causar falta de ar e outros sintomas súbitos potencialmente graves ou mesmo fatais. A doença celíaca pode ser mais lenta e silenciosa, com sintomas indo de leves a intensos, se manifestando por um longo período.

2. Sensibilidade ao glúten é a mesma coisa que Doença Celíaca
MITO.
Pessoas com sensibilidade ao glúten têm sintomas semelhantes ao da Doença Celíaca, mas uma investigação médica pode mostrar resultados diferentes nos exames. Na sensibilidade ao glúten, o corpo reage mal à proteína, mas o intestino não sofre danos.

3. A doença celíaca pode surgir na idade adulta
VERDADE.
É possível desenvolver Doença Celíaca em qualquer idade, inclusive na terceira idade. Embora surja com mais frequência em bebês de até um ano de idade. Logo que o glúten é introduzido na dieta, muitas vezes os primeiros sintomas se manifestam somente na vida adulta.

4. A doença celíaca causa apenas sintomas digestivos
MITO.
Embora os sintomas clássicos da Doença Celíaca sejam os gastrointestinais – como dor abdominal, constipação, gases, náusea, perda de peso e diarreia – mais da metade dos celíacos têm sinais e sintomas que não estão relacionados ao sistema digestivo, tais como:
• Anemia;
• Dermatite herpetiforme (lesões bolhosas na pele);
• Lesões na boca;
• Cansaço;
• Formigamento nas mãos e pés;
• Alterações de humor;
• Dor nas articulações;
• Menstruação irregular;
• Problemas de crescimento em crianças.

5. Ter sintomas é suficiente para o diagnóstico da doença celíaca
MITO.
Os sintomas da Doença Celíaca são muito variados e podem estar relacionados a vários outros problemas de saúde. Se você acha que tem a doença, consulte um médico antes de eliminar o glúten da dieta.

6. Quem tem familiares celíacos está em maior risco
VERDADE.
A Doença Celíaca é genética e costuma afetar várias pessoas da mesma família. Se você tem parentes de primeiro ou segundo grau com a condição, pergunte ao seu médico se você precisa fazer exames para investigá-la. Além do histórico familiar, existem outros fatores que aumentam as chances de ter doença, incluindo:
• Diabetes tipo 1;
• Síndrome de Down;
• Doenças da tireoide.

7. Apesar dos sintomas desagradáveis, a doença celíaca não é grave
MITO.
Se não for tratada, a Doença Celíaca pode levar a complicações bastante sérias, incluindo:
• Cânceres intestinais;
• Desnutrição;
• Infertilidade e aborto espontâneo;
• Osteoporose;
• Problemas neurológicos, como epilepsia.

8. A Doença Celíaca pode ser curada
MITO.
Por ser uma condição autoimune, ela pode ser apenas controlada. Pessoas diagnosticadas com doença celíaca precisam evitar completa e permanentemente a ingestão de glúten. Mesmo que a doença esteja controlada, se a proteína for introduzida novamente à dieta o intestino voltará a sofrer danos.

9. Celíacos podem ingerir glúten em pequena quantidade
MITO.
Mesmo quantidades mínimas de glúten podem ser prejudiciais para quem tem doença celíaca. E é preciso muito cuidado, porque evitar o glúten significa mais do que abrir mão de pães, bolos, massas e pizzas. Ele também se esconde em muitos outros produtos, incluindo molhos de salada. Por isso, é importante a orientação médica e nutricional. O profissional pode ajudar a identificar quais alimentos não contêm glúten e a planejar uma alimentação saudável e equilibrada sem a proteína.

10. Celíacos devem evitar cosméticos que contenham glúten
MITO E VERDADE.
O glúten presente nos produtos de higiene e beleza não é uma ameaça para celíacos, a menos que seja ingerido acidentalmente. Isso é mais fácil de acontecer com produtos próximos da boca, tais como batom, protetor labial, pasta de dente e enxaguante bucal. Embora valha a pena procurar produtos sem glúten, nesses casos você não precisa se preocupar com maquiagens, xampus, hidratantes, etc. Mas lembre-se de lavar bem as mãos depois de aplicá-los para evitar qualquer ingestão não intencional.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.