Após ameaças de Trump

Irã anuncia aumento de enriquecimento de urânio

Segundo o acordo nuclear do qual o país faz parte, o Irã foi autorizado a produzir urânio de baixo enriquecimento com um limite de 300 kg. Não está claro o quão abaixo desse limite o estoque do país está, segundo agência

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, respondeu às ameaças de Trump no Twitter
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, respondeu às ameaças de Trump no Twitter (Reuters)

TEERÃ - O Irã anunciou, ontem, que aumentou em quatro vezes a taxa de enriquecimento de urânio, informou a Reuters, conforme divulgado pela agência de notícias Tasnim. O anúncio foi feito dias depois de o país ter suspendido oficialmente alguns compromissosinternacionais feitos sob o acordo nuclear.

Sob o acordo, o Irã foi autorizado a produzir urânio de baixo enriquecimento com um limite de 300 kg, e poderia enviar as quantias em excesso para fora do país para armazenamento ou venda. O país afirmou, entretanto, que o teto não se aplica mais, pois diminuiu os compromissos com o acordo por causa da retirada unilateral dos Estados Unidos.

Não está claro, segundo a Reuters, o quão abaixo do limite de 300kg estava o estoque de urânio do Irã. Pelo acordo internacional, o país persa pode enriquecer urânio em 3,67% – bem abaixo dos 90% do grau das armas. Antes do acordo, o Irã enriquecia urânio a 20%.

EUA fazem novas ameaças

O anúncio do Irã veio um dia depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter advertido o país a não ameaçar novamente os EUA – ou teria que enfrentar seu "fim". O alerta foi dado depois de um foguete pousar perto da embaixada americana em Bagdá, no Iraque, durante a noite, segundo a Associated Press.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, respondeu, também no Twitter, com a hashtag #NuncaAmeaceumIraniano, em inglês. A escalada retórica vem na esteira dos ataques da semana passada à infraestrutura petrolífera da Árabia Saudita e ao disparo do foguete em Bagdá.

Uma autoridade do Departamento de Estado dos EUA disse que o incidente no Iraque não atingiu instalações ocupadas por norte-americanos nem provocou baixas ou danos significativos. Ninguém assumiu a responsabilidade, mas Washington está levando o incidente "muito a sério", diz a Reuters.

"Deixamos claro ao longos das últimas duas semanas e voltamos a sublinhar que ataques contra pessoal e instalações dos EUA não serão tolerados e serão respondidos de maneira decisiva. Responsabilizaremos o Irã se tais ataques forem realizados por suas forças militares por procuração ou elementos de tais forças, e reagiremos de acordo", disse o funcionário em um comunicado por email.

Tensões

A Arábia Saudita, que enfatizou não querer uma guerra, acusa Teerã de ter ordenado o ataque de drone contra duas estações de bombeamento de petróleo do reino na terça-feira (14), que foi reivindicado pelo grupo houthi, aliado dos iranianos no Iêmen. Dois dias depois, quatro embarcações, incluindo dois navios-tanques sauditas, foram sabotados no litoral dos Emirados Árabes Unidos.

Em resposta, países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) adotaram "patrulhas de segurança reforçadas" nas águas internacionais da área do Golfo Pérsico no sábado, informou a Quinta Frota da Marinha dos EUA, estacionada no Barein, no domingo.

O Irã nega envolvimento nos dois incidentes, que ocorreram no momento em que Washington e Teerã discutem as sanções e a presença militar dos EUA na região, provocando temores de um possível conflito entre os países.

"O reino da Arábia Saudita não quer uma guerra na região, nem a busca", disse o ministro de Estado para as Relações Exteriores, Adel al-Jubeir, em uma coletiva de imprensa no domingo,19. Ao mesmo tempo, al-Jubeir afirmou que o país "não irá ficar de mãos atadas", de acordo com a Associated Press.

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