DÉFICIT

Estoque de banco de leite não é suficiente para atender demanda

Unidade Materno Infantil do HU-UFMA dispõe, atualmente, de oito litros de leite cru, para um mês de atendimento; 25 litros mensais é a meta estabelecida para atender à demanda do hospital; doações são bem necessárias

MONALISA BENAVENUTO / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Banco de leite humano está em déficit
Banco de leite humano está em déficit

Com um deficit mensal de, aproximadamente, 30% no Banco de Leite Humano (BLH) da Unidade Materno Infantil do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA), campanhas de conscientização e sensibilização voltadas para a doação de leite humano tornam-se essenciais na busca pelo incremento do estoque da instituição, destinado às crianças internadas no Serviço de Neonatologia do hospital. Em alusão ao Dia Nacional de Doação de Leite Humano, celebrado no domingo (19), ações serão realizadas pela unidade durante esta semana.

O leite materno é, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a melhor fonte de nutrientes para recém-nascidos até os seis meses. No entanto, algumas condições dificultam e até impedem que a amamentação seja feita de forma adequada, razão pela qual mães contam com o serviço de distribuição oferecido pelo BLH que, conforme sua coordenadora, Feliciana Pinheiro, dispõe, atualmente, de oito litros de leite cru para um mês de atendimento, quando necessitaria de, pelo menos, 25 litros mensais para assistir à demanda do hospital.

“O ideal seria ter um banco com 150 litros de leite mensalmente. Assim, atenderíamos às nossas demandas e teríamos estoque para casos emergenciais e distribuição para outras unidades. Co­mo contamos com doações abai­xo da média, estipulamos que pelo menos 25 litros sejam coletados para atendermos aos recém-nascidos internados em nossas UTIs neonatais e unidades intermediárias. Ainda assim, te­mos dificuldade em alcançar. Hoje, temos oito litros para um mês, e as campanhas têm sido uma das alternativas para incentivar novas doações”, explicou.

Doação
Além da importância de amamen­tar seu próprio filho, muitas mães também podem levar esse benefício para outros bebês. É o caso de mulheres que têm leite excedente e não apresentam problemas de saúde, podendo, dessa forma, realizar a doação de leite materno. Para possibilitar o estoque ideal, uma média de 70 doadoras cadastradas deveriam integrar o sistema do BLH, mas, segundo Pinheiro, o banco dispõe de 40 mães credenciadas.

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Entre elas, Francilene Santos, mãe do pequeno Joaquim, que, aos dois meses, já aprende sobre partilha e solidariedade, como contou sua mãe. “Saber que eu e meu filho estamos ajudando outras mães e outras crianças é uma sensação única. Espero poder incentivar outras mães a salvarem vidas por meio da doação”, ressaltou Francilene Santos, que se conscientizou sobre a possibilidade de doar leite após o parto, ainda no hospital.

“As enfermeiras acompanham nossa amamentação e, como elas perceberam que eu tinha muito leite, me orientaram sobre a doação. O Joaquim é meu segundo filho, mas eu não sabia que poderia doar meu leite. Assim que sou­be, não pensei duas vezes e, além de fazer o bem a outras famílias, cuido da minha saúde também, porque sentia muita dor quando meu peito ‘empedrava’ por causa do acúmulo de leite. Agora não, é tranquilo”, revelou a mãe.

Além do baixo número de doações, o BLH lida com outro problema. Utilizados para o armazenamento do leite, frascos de vidro de maionese, café instantâneo e outros produtos têm sido substituídos – nas indústrias – por recipientes de plástico, o que exige a compra de materiais, como pontuou a coordenadora. “Esses são os frascos adequados para o processo de armazenamento do leite e nós também os recebemos por meio de doações. Quando não temos este material em estoque, precisamos comprá-los, o que tor­na o processo mais dispendioso”, esclareceu.

Neste sentido, campanhas e ações de sensibilização da população têm sido as melhores alternativas de fomento e incentivo a doação de leite materno, assim como a importância da amamentação regular. Em alusão ao Dia Nacional de Doação de Leite Humano, celebrado domingo (19), o Banco de Leite da Unidade Materno Infantil do HU-UFMA realizará, nesta sexta-feira (24), uma cerimônia em homenagem às doadoras e, também, o lançamento da campanha de doação 2019, a fim de aumentar o volume de leite armazenado no banco, assim como o número de doadoras.

Qualquer quantidade de leite humano doado pode ajudar bebês internados nas UTIs neonatais a terem uma melhor recuperação e uma vida mais saudável. Dependendo do peso do recém-nascido, apenas 1 ml já é suficiente para nutri-lo a cada refeição. Entre os anos de 2008 e 2018, 2 milhões de recém-nascidos foram beneficiados com 2 milhões de litros de leite humano de 1,8 milhão de mulheres, segundo a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (RBLH). Contudo, a quantidade de leite coletado supre 55% da demanda real.

SAIBA MAIS

Vantagens para a saúde da mulher

Amamentar é bom não só para a saúde do bebê, mas também para a saúde da mulher. Na mulher, o sangramento após o parto é menor, assim como as chances de desenvolver anemia e uma série de doenças no futuro, como câncer de mama e de ovário, diabetes e infarto do miocárdio. Também a mulher que amamenta perde mais rápido o peso que ganhou durante a gravidez.

Vantagens para a saúde do bebê

Nos primeiros seis meses de vida, o bebê que mama no peito não precisa de nenhum outro alimento e nem de outros líquidos ou leite artificial, pois o leite materno é completo de tudo que o bebê precisa. Mata a sede, a fome e possui todos os nutrientes para que ele cresça e se desenvolva mais forte e saudável. Após o seis meses, o bebê deve começar a receber alimentos saudáveis e continuar sendo amamentado por até os dois anos ou mais, pois assim ele receberá todos os nutrientes e os benefícios que a amamentação oferece.

É importante saber

- Nos primeiros seis meses de vida, o bebê que amam no peito não precisa de nenhum outro alimento. O leite materno é o melhor, é completo e tem tudo o que o bebê precisa, inclusive a água;

- O leite materno nunca é fraco, é o melhor alimento e é sempre adequado ao desenvolvimento do bebê. Nos primeiros dias, a produção do leite é pequena, chamada de colostro, tem alto valor nutritivo e é suficiente para atender às necessidades do bebê;

- Os benefícios da amamentação são maiores se a criança mamar por mais tempo. Por isso, se recomenda que o bebê mame até os dois anos ou mais;

- As crianças amamentadas têm menos infecções como: diarreias, doenças respiratórias, otites e menos chance de ter no futuro, doenças como obesidade e diabetes;

- Sugar o peito é um excelente exercício para a criança. Favorece o desenvolvimento harmonioso da face, ajuda a ter dentes saudáveis, a desenvolver a fala e ter uma boa respiração;

- As mulheres que amamentam têm menos chance de desenvolver câncer de mama, câncer de útero, de ovário e o diabetes;

- Doar leite materno aos bancos de leite humano é um ato de solidariedade e uma maneira das mulheres terem sempre bastante leite para os seus filhos.

SAIBA MAIS

Doação de leite

O ato é fundamental para o crescimento saudável de dezenas de crianças prematuras internadas na UTI neonatal do Hospital Universitário do Maranhão (HUUFMA – Unidade Materno Infantil). Atualmente, o BLH tem um déficit em seu estoque de leite devido à grande redução do número de doadoras.

O ideal, para que a demanda do HUUFMA seja atendida, é que haja, no mínimo, a distribuição de 5 litros diariamente, porém, em média, o hospital somente consegue ofertar cerca de 1 litro por dia. O leite coletado é destinado para as crianças internadas no Serviço de Neonatologia, que conta hoje com 20 leitos (UTI Neo). Apenas 40 mães doadoras estão cadastradas atualmente no banco de dados do BLH, contudo, esse número é variável, dependendo da época e do tipo de doadora. O Banco de Leite funciona de segunda a sexta na Unidade Materno Infantil, das 7 h às 19 h.

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