Legislação

Suíça faz referendo sobre compra e posse de armas

País precisa se adequar às normas europeias, mas praticantes de tiro esportivo são contrários

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Praticantes esportivos da Suíça são os maiores opositores da lei que restringe comércio de armas no país
Praticantes esportivos da Suíça são os maiores opositores da lei que restringe comércio de armas no país (Reuters)

SUÍÇA - Os suíços vão votar neste domingo,19, em um referendo para decidir se respaldam a lei do governo destinada a endurecer a compra e posse de armas. A legislação foi feita para que o país se adapte às regras da União Europeia.

Os maiores opositores são os praticantes de tiro esportivo, que consideram que há uma ameaça à atividade deles.

Se os suíços votarem para rejeitar a lei, o país, que não é membro da União Europeia, será excluído de acordos que dá a eles a permissão para trafegar para outros países sem passar por controles e de pactos com outros países da Europa para receber asilados políticos.

O setor turístico sofrerá impactos de bilhões de francos suíços ao ano, segundo as autoridades federais.

Opositores

Considerando as ameaças exageradas, o mundo do tiro esportivo lançou um referendo, garantindo que a lei será "totalmente inútil contra o terrorismo" e que "eliminará o direito de ter uma arma", além de "enterrar" sua disciplina.

Mesmo assim, consideram que poderia ser encontrada uma "solução pragmática" com a União Europeia.

O bloco não tem nenhum interesse em excluir a Suíça da rede europeia de informação comum em matéria de criminalidade e terrorismo, explicou à AFP Olivia de Weck, capitã do Exército e vice-presidente do grupo de armas suíço ProTell.

A UDC, partido de direita populista mais bem votado no país, é a única formação a apoiá-los.

'Arma proibida'

Sem um registro federal, é difícil saber quantas armas estão em circulação na Suíça. Além disso, uma mesma pessoa pode pedir várias permissões, e cada uma permite adquirir três armas.

Segundo o centro de pesquisa Ginebra Small Arms Survey, em 2017, havia mais de 2,3 milhões de armas nas mãos de civis na Suíça, ou seja, quase 3 por cada 10 habitantes, o que colocaria a Suíça no 16º lugar da escala mundial de países segundo o número de armas por habitante.

A nova legislação não prevê um registro central, mas obriga a marcar todos os elementos essenciais de uma arma. Ela também classifica as armas semiautomáticas com carregador de grande capacidade na categoria de armas "proibidas" - embora colecionadores e atiradores esportivos possam continuar a adquiri-las com um "autorização excepcional".

Colecionadores e museus devem indicar como preveem garantir a conservação dessas armas "proibidas", que estão que ser listadas. Atiradores terão que demonstrar, após cinco anos e depois de dez anos, que praticam o esporte com regularidade.

Exército de milicianos

Na Suíça, onde quase não há ataques a tiros, o apego pelas armas tem origem na tradição de um exército de milicianos que mantêm seus rifles em casa.

Há muitas ocasiões em que se pode praticar o tiro, como a festa federal de tiro ou competições populares, e o interesse por calibres de todos os tipos cresceu nos últimos anos.

Com a nova lei, o rifle do exército não será incluído na categoria de calibres "proibidos" se o seu proprietário o mantiver ao final de seu serviço militar. No entanto, será se a arma passar para um herdeiro ou for vendida.

A última pesquisa do instituto gfs.bern, publicada em 8 de maio, indicou que sim (65%) vencerá o não (34%).

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