Ameaça

Irã se prepara para aumentar produção de urânio enriquecido

País abandonou pontos do acordo nuclear de 2015 em resposta à decisão americana de se retirar unilateralmente do pacto nuclear; a pressão crescente dos EUA sobre o Irã enfraqueceu o presidente moderado Hassan Rouhani

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Hassan Rohani anunciou que o seu país abandonaria dois pontos do acordo nuclear de 2015
Hassan Rohani anunciou que o seu país abandonaria dois pontos do acordo nuclear de 2015 (Reuters)

TEERÃ - O Irã se prepara para aumentar sua produção de urânio enriquecido e água pesada após renunciar a alguns de seus compromissos em matéria nuclear, informou ontem, 16, o porta-voz da Organização Iraniana de Energia Atômica (OIEA), Behruz Kamalvandi.

"O processo de aumento da capacidade e do ritmo de produção de urânio enriquecido e de água pesada começou no dia em que o presidente [Hassan Rohani] ordenou", declarou Behruz Kamalvandi à agência Isna .

Em 8 de maio, o presidente iraniano, Hassan Rohani, anunciou que o seu país abandonaria dois pontos do acordo nuclear de 2015 - chamado oficialmente de Plano de Ação Global Conjunto (PAGC) - em resposta à decisão americana de se retirar unilateralmente do pacto no ano passado.

Na ocasião, Rohani anunciou que o país não venderá urânio enriquecido, nem o excedente de água pesada - condições estabelecidas pelo pacto.

O líder ainda deu um prazo de 60 dias para que os demais signatários do pacto (Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia) cumpram as exigências, como a suspensão de obstáculos às transações com o sistema bancário iraniano e à venda de petróleo - resultados das sanções impostas pelos EUA após sua saída do pacto.

Rouhani enfraquecido

A pressão crescente dos Estados Unidos sobre o Irã enfraqueceu o presidente moderado Hassan Rouhani e tornou seus rivais linha-dura mais assertivos dentro do país e no exterior, como mostram desdobramentos recentes.

Quando sucedeu o polêmico líder Mahmoud Ahmadinejad em 2013, Rouhani era visto como uma figura do establishment que faria pouco para acabar com o longo impasse do Irã com o Ocidente.

Dois anos depois, seu governo assinou um acordo nuclear com potências mundiais que despertou esperanças de uma mudança política mais abrangente.

Agora, a autoridade de Rouhani está diminuindo — seu irmão, um conselheiro essencial para o acordo de 2015, foi condenado à prisão devido a acusações de corrupção não especificadas, um adversário linha-dura lidera o Judiciário, e sua gestão está sob ataque por responder com muita calma ao aperto das sanções dos Estados Unidos.

Donald Trump disse que suspender as sanções em troca de limitações ao programa nuclear não impediram Teerã de interferir em países vizinhos ou de desenvolver mísseis balísticos, e que a tentativa de aproximação de Rouhani com o Ocidente é uma cortina de fumaça.

Entretanto, a saída dos EUA do acordo nuclear em maio do ano passado e as tentativas subsequentes de acabar com as exportações de petróleo do Irã aumentaram consideravelmente a tensão regional. Na terça-feira, os militares norte-americanos disseram que estão se preparando para 'possíveis ameaças iminentes a forças dos EUA' da parte de grupos apoiados por Teerã no vizinho Iraque.

Rouhani incentivou facções opositoras a trabalharem juntas e chegou aos limites de seu poder em uma nação onde o governo eleito opera sob controle clerical e ao lado de forças de segurança poderosas e um Judiciário influente.

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