Editorial

Horror no campus

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25

O achado do cadáver de uma mulher com sinais de espancamento no campus da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), no bairro Bacanga, no início desta semana, trouxe de volta à tona um problema que vinha sendo minimizado, mas que se mantém presente de forma assustadora e ininterrupta naquele ambiente: a violência. Não se sabe, exatamente, que tipo de ações vêm sendo realizadas para enfrentar a ameaça da criminalidade na Cidade Universitária, mas uma coisa é certa: as medidas estão aquém do que pode ser feito para proporcionar a sensação de segurança necessária à comunidade acadêmica para que esta desempenhe suas atividades sem sobressaltos.

O crime bárbaro no campus chocou não só estudantes, professores e servidores da UFMA, mas toda São Luís. A ampla repercussão do caso reforçou o clima de medo que impera na vastidão da Cidade Universitária, cercada por bairros que ostentam altos índices de criminalidade e, não raramente, é invadida por pessoas estranhas ao universo acadêmico, desde adeptos da vadiagem a bandidos de alta periculosidade. Seja nos turnos matutino e vespertino, seja no período noturno, o perigo sempre ronda quem estuda ou trabalha no principal núcleo da maior instituição pública de ensino superior do Maranhão.

Nem mesmo o imponente muro erguido há alguns anos para proteger o território da universidade é capaz de conter as investidas de usuários de drogas, assaltantes, traficantes, estupradores e outros tipos de malfeitores. E como bem comprovou o recente achado do corpo, as mulheres correm perigo constante e, muitas vezes, estão vulneráveis. Mas não são só elas que estão expostas. Homens também são vítimas potenciais da violência, que não faz distinção de gênero.

O aparato de segurança particular dentro do campus do Bacanga não oferece cobertura suficiente, que torne o espaço à prova de crimes. O policiamento também é modesto, incapaz de atender as múltiplas ocorrências registradas no dia a dia. A proporção entre o contingente de homens, a frota de viaturas, a imensidão da área e o número de pessoas a proteger, entre estudantes, professores e servidores, está longe do que possa ser considerado ideal. Tal distorção é sinônimo de risco à integridade, para desespero de quem precisa ir ao campus em busca de conhecimento e qualificação profissional e para garantir o ganha pão.

Em agosto de 2016, em meio à comoção e ao pavor provocados pelo assassinato de um estudante em uma calourada, a UFMA firmou um convênio com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) cujo objetivo era restabelecer a tranquilidade na comunidade acadêmica, com ações preventivas e ostensivas dentro do campus. Pelo que foi acertado, policiais militares atuariam junto à equipe de segurança privada da universidade, com realização de rondas em locais vulneráveis e de alto risco e monitoramento dos espaços físicos da instituição. Passados quase três anos, o efeito prático da iniciativa é praticamente imperceptível.

Diante do pânico que voltou a tomar conta do campus nos últimos dias, após o achado macabro, as operações de combate à violência devem ser retomadas com todo vigor nas áreas externas e até dentro das salas de aulas e outras instalações universitárias. Nesse esforço, vale até mesmo recorrer aos laços consanguíneos que unem a reitora Nair Portela e o secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela, que por serem irmãos biológicos devem estar solidários à mesma causa.

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