Tensão

Venezuela: Polícia cerca Assembleia Nacional por suposta bomba

Guaidó denuncia ''sequestro'' da Casa; impedidos de entrar no Parlamento, deputados opositores levantam possibilidade de motivações políticas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25

CARACAS - A Assembleia Nacional da Venezuela foi cercada por forças de segurança do governo do presidente Nicolás Maduro por conta de uma suposta bomba dentro da sede do Legislativo, em Caracas. Segundo deputados, o acesso ao prédio está vetado, enquanto há cerca de 15 membros do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) dentro do edifício. O líder opositor Juan Guaidó denunciou a tentativa de sequestro da Casa.

Os agentes da unidade antibomba do Sebin chegaram ao local às 6h30 e proibiram a entrada de deputados e funcionários. Em sua conta no Twitter, a Assembleia Nacional (AN) — o único órgão de poder venezuelano de maioria opositora — protestou contra a presença dos agentes de segurança, que incluem também a Guarda Nacional Bolivariana (GNB) e a Polícia Nacional Bolivariana (PNB): "Corpos de segurança (GNB, PNB e SEBIN) do regime usurpador continuam impedindo os acessos ao Palácio Federal Legislativo."

O Legislativo considera Maduro um "usurpador do poder", por conta das suspeitas de fraude na votação nacional que o reelegeu no ano passado para um segundo mandato. Isso levou a Casa a proclamar, em janeiro, seu líder, Juan Guaidó, como presidente interino do país — assim reconhecido por mais de 50 nações. O governo, por sua vez, considera a AN em desacato. Na prática, a Assembleia Nacional Constituinte, formada por deputados chavistas, assumiu as funções parlamentares.

No Twitter, Guiadó denunciou a tentativa de sequestro. "Eles tentam sequestrar o Poder Legislativo enquanto o ditador se entrincheira sozinho, em um palácio onde não deveria estar, suspeitando de todos ao seu redor."

Impedidos de entrar, deputados avaliavam a possibilidade de realizar a sessão no prédio administrativo, mas membros da força policial formaram um piquete no local. Nas proximidades, há inclusive um guindaste da Polícia Nacional Bolivariana.

"Seja em uma praça, nos anexos, debaixo de uma ponte, a Assembleia continuará a realizar sessões e hoje haverá sessão",disse o congressista Luis Stefanelli a repórteres.

Para esta terça-feira, está previsto um debate sobre a prisão do primeiro vice-presidente da AN, Edgar Zambrano , detido de forma truculenta pelo Sebin há uma semana, e a retirada de imunidade a membros do Parlamento, decretada pelo Supremo Tribunal de Justiça, além de uma discussão sobre a diminuição do poder de compra e do salário dos venezuelanos.

Crimes contra Humanidade

A ação gerou desconfiança da oposição, que levantou a possibilidade de motivações políticas para a entrada de agentes do Sebin no Legislativo:

"Há instantes fui informado por funcionários da Assembleia que estão ingressando no Palácio Legislativo 15 funcionários do Sebin. A desculpa: um suposto aparato explosivo. Outra lenda urbana?", escreveu o deputado Biagio Pilieri no Twitter.

As práticas de repressão contra a população executadas pelo governo venezuelano podem constituir crimes contra a Humanidade, alertou a Anistia Internacional nesta terça-feira em um relatório que pede ao Tribunal Penal Internacional que expanda sua investigação sobre o país.

Execuções extrajudiciais, mortes por uso excessivo da força, detenções arbitrárias e em massa são algumas das práticas detectadas pela organização em seu relatório "Fome por justiça: crimes contra a Humanidade na Venezuela", apresentado na Cidade do México. A Anistia Internacional recomenda a criação de uma comissão de inquérito no âmbito do Conselho de Direitos Humanos da ONU durante sua próxima sessão em junho e julho de 2019.

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