Negócios

Maternidade eleva empreendedorismo feminino e chega ao patamar de 48%

Empreendedoras maranhenses criam negócios que atendem necessidade de acompanhar crescimento dos filhos ou dar assistência

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Ana Luzia Alhadef, da Doce Pecado: o sonho de ver crescer a empresa e a filha, Sofia
Ana Luzia Alhadef, da Doce Pecado: o sonho de ver crescer a empresa e a filha, Sofia

Em todo o Brasil, elas comandam cerca de 24 milhões de pequenos negócios, com uma taxa de empreendedorismo mais elevada que os homens. A maioria abre um negócio motivada por necessidade. Dentre os novos empresários, 48% das mulheres, empreende porque precisa, segundo números da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2017, pesquisa realizada em parceria pelo Sebrae e IBQP.
No Maranhão, os dados repetem a cena nacional e, como em todo o Brasil, é uma realidade que vem mudando gradativamente, numa jornada que alia também criatividade, inovação e percepção de oportunidades.
A propósito do Dia das Mães, o Sebrae conta as histórias de mulheres que se tornaram donas de um negócio após vivenciarem a experiência da maternidade. Motivadas por alguma necessidade específica dos filhos não atendidas pelo mercado; ou pelo desejo de estarem mais próximas dos rebentos ou, ainda, aproveitando uma oportunidade para inovar, ajudando outras mães na desafiadora missão da maternidade.
Chegar lá depende de uma série de fatores: menos burocracia e mais facilidades para criação de um negócio; crédito mais fácil; capacitação e um ambiente mais favorável ao empreendedor são ingredientes dessa receita. Porém, acreditar no empreendedorismo como caminho de transformação e buscar ajuda para crescer são aspectos fundamentais para a mudança dessa realidade.
“Conhecer a trilha percorrida por essas mulheres, entender suas necessidades, pensar e propor soluções que possam ajudar a percorrer a caminhada empreendedora com mais chance de êxito, é missão do Sebrae e um desafio, uma vez que o mercado requer atenção permanente para as transformações quase diárias no mundo dos negócios”, analisa Marina Lavareda, gestora de Atendimento da Unidade do Sebrae em São Luís.

Doce prazer de empreender
Pouco mais de 25% das mulheres que empreendem, segundo dados de pesquisas do Sebrae, trabalham em casa. Esse foi o caminho encontrado por Ana Luzia Alhadef, da Doce Pedaços. Unindo a necessidade de estar em casa para ficar mais perto da filha Sofia, portadora de necessidades especiais.
Há 12 anos, nascia Sofia, filha de Ana Luzia. A menina necessita de cuidados especiais. Para acompanhar a criação da filha, Ana Luzia deixou o trabalho como professora e descobriu na fabricação de biscoitos e sequilhos uma oportunidade para aliar essa necessidade e recompor a renda familiar.
Assim surgiu a Doce Pedaço, um negócio especializado na fabricação de biscoitos e amanteigado de sabores variados, como castanhas, queijo, goiabada, leite, dentre outros. “Quando Sofia nasceu, foi diagnosticada com paralisia cerebral e eu não pude mais trabalhar. Então, a Doce Pedaço me deu a oportunidade de acompanhar o dia a dia de minha filha e de me descobrir como empreendedora”, explica.
“Meu sonho é ver a empresa e a Sofia crescerem com segurança. Por isso, procuro planejar cada pas­so da empresa, investindo em qualificação e no aprimoramento do meu produto, em novidades para o mercado e também buscando no­vos espaços e parcerias para comercialização dos biscoitos”, diz Ana, frisando que os produtos da Doce Pedaço já estão presentes em mais de dez pontos de vendas em espaços comerciais de São Luís, como supermercados, lojas de conveniência, entre outros.

Inclusão por meio da comida
Já Letícia Almeida, da Cozinha Zero Lactose, em 2014 entrou no universo empreendedor aproveitando uma oportunidade de mercado em função de uma necessidade específica do filho, Ricco.
Portador de alergias múltiplas, o bebê necessitava de produtos alimentares bem específicos, a maioria inexistentes ou de difícil acesso em São Luís. Veio daí a ideia do negócio, um microempreendimento individual especializado na produção de alimentos para portadores de restrições a leite, ovos e glúten. “São alimentos gostosos, inclusivos e seguros para esse público específico”, explica a empreendedora. “Trabalho com critérios de segurança alimentar e insumos livre de componentes que possam desencadear processos alérgicos”, completa.
A empresa atende hoje ao mercado de São Luís e ingressa no ramo da confeitaria inclusiva, aliada à linha original de alimentos para pessoas com algum tipo de restrição. “Trata-se de um mercado com grande potencial, se pensarmos que 30% dos adultos apresentam restrições a insumos como glúten, por exemplo. Tenho como missão adoçar e marcar na memória daquela família, daquele cliente, mostrando que é possível ingerir guloseimas gostosas e seguras”, comenta.
Planejamento é também a apos­ta de futuro para garantir o crescimento sustentável da Cozinha Zero Lactose. “No começo, busquei apoio do Sebrae para formulação do plano de negócios, mas acabei desistindo. Agora, sinto a necessidade de planejar bem o crescimento da empresa e vou buscar toda ajuda necessária”, afirma Letícia.

Descomplicando a maternidade

Para a influencer digital e blogger Amanda Lícia, a experiência com a maternidade impulsionou um negócio em franca expansão. “Comecei falando de moda. Com a chegada do Benício, senti a necessidade de mudar um pouco o foco. Percebi que minha experiência como mãe de primeira viagem poderia ajudar outras mamães a descomplicar essa experiência desafiadora que é a maternidade”, explica.

“Eu ao me colocar no lugar dessas mães que precisam de ajuda, eu descobri um nicho de atuação interessante para o meu trabalho como influencer. Hoje, faço uma espécie de mentoria para grupos de mães, onde, muito mais do que negócios, compartilhamos experiências, dicas de serviços e produtos e pitadas de empreendedorismo, num trabalho que conto com o apoio do Sebrae. Hoje, nosso trabalho chega a mais de 600 mães”, acrescenta.

Os planos de Amanda agora são de ampliar esse suporte e interagir cada vez mais com esses grupos, potencializando sempre a capilaridade de suas redes sociais e participar de promoções. “Além do trabalho como influencer, abri uma loja de produtos para bebês, que precisa crescer e se consolidar. O grande desafio é, sem dúvida, conciliar os empreendimentos com a atenção ao Benício, nesta fase em que uma criança necessita tanto da mãe”, conclui Amanda.

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