Especial Dia das Mães

Dom divino e a honra de ser mãe, agora cada vez mais trintona

Dados do IBGE revelam que, dos 2,86 milhões de nascimentos registrados no Brasil em 2017, em 35,1% dos casos a mulher estava acima dos 30 anos

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Técnica de Enfermagem, Rayd Gaspar, deixou o emprego para cuidar do filho
Técnica de Enfermagem, Rayd Gaspar, deixou o emprego para cuidar do filho (Rayd Gaspar mãe)

Gerar, conceber, alimentar, dar amor e proteção, educar, corrigir, edificar. Não há outra forma de ser mãe com M maiúsculo se uma mulher não apresentar estes requisitos. Todas estas condições independem de recursos tecnológicos ou mesmo de ajudas externas e depende única e exclusivamente de quem foi escolhida por Deus para incluir no mundo mais uma vida.
O Estado, nas últimas semanas, escolheu histórias de mulheres que pensaram ou que jamais tiveram o sonho materno, mas que se dedicam de “corpo e alma” para serem as melhores pessoas para seus filhos (biológicos e de criação). Algumas mulheres nem se atentam que educam e, ao mesmo tempo, acolhem pelo sentimento de proteção de mãe.

A concessão do símbolo mãe vem da bíblia. Nos 10 Mandamentos (para quem crê na palavra divina), está escrito que “aquele que honra seu pai e sua mãe” terá vida longa na terra. Desde a instrumentalização dos seus preceitos, Deus sempre estimulou seus seguidores a ter respeito pela mãe, pois isso significaria que a palavra Dele seria seguida.

Mesmo para os que não creem no Divino, há o reconhecimento da importância da figura da mãe. Quem não é criado pela “mãe legítima” a substitui por aquela mãe de coração, mãe de “leite”, mãe de alma, mãe de gente.

No Maranhão, o perfil ainda é reconhecidamente de mulheres que estão inclusas em um nicho familiar “liderado” essencialmente por homens. No entanto, a mudança de valores sociais e efeitos da chamada modernidade (com certo liberalismo comportamental) reforçam o grupo de mulheres que criam seus filhos sozinhas, ou seja, sem a ajuda dos pais.

Dados do IBGE apontam que, até 2015, mais de 11,6 milhões de famílias brasileiras tinham como peça central as mães solteiras. Segundo a entidade, o perfil traçado se deve principalmente à chamada emancipação feminina, que modificou valores e comportamentos deste público.

A mudança no perfil fez com que as mulheres, em vez de se tornarem prioritariamente mães, pensassem na formação acadêmica. Somente com o diploma na mão, a mulher se torna mãe propriamente dita. Dados do Registro Civil do IBGE revelam que, dos 2,86 milhões de nascimentos registrados no Brasil em 2017, em 35,1% dos casos a mulher havia ultrapassado a barreira dos 30 anos de idade.

O resultado confirma a tendência de crescimento da proporção de mães neste grupo de idade. Em comparação com o ano anterior (de 2016 para 2017), houve um crescimento deste perfil de mãe de 2,6%. Dez anos antes da pesquisa, a participação de mulheres nesta faixa etária (acima dos 30) era de apenas 25%.

O perfil alterado das mães também se reflete em outras faixas etárias. No relatório mais recente sobre o assunto, o índice de mães entre 20 e 29 anos caiu para menos de 49%. A conclusão do IBGE é que esta nova configuração de mãe deverá ser mantida nos próximos anos. Apesar deste padrão, há mães de todos os tipos.

Não pensava em ser mãe, mas Deus me concedeu esta honra. Então, só posso agradecer. Se eu pudesse voltar no tempo, me arrependeria de nunca ter desejado ser mãe”Rayd Gaspar, mãe

Profissão-mãe

Após mais um fim de plantão casual como técnica de Enfermagem, Rayd Gaspar começou a sentir os primeiros sintomas do que poderia ser uma gravidez. O teste comprovou a suspeita e, aos 33 anos, descobriu que seria mãe. “Não foi uma gravidez planejada”, disse.

Em 4 de fevereiro deste ano, o grande momento. Rayd deu a luz a Pietro que, nos primeiros minutos fora da barriga da mãe, precisou lutar pela vida. “A minha gravidez não fora problemática. Mas o Pietro teve que superar alguns problemas quando nasceu”, afirmou. No dia 24, vinte dias após nascer, Pietro foi internado em um hospital particular da capital maranhense com suspeita de problemas pulmonares. Uma semana depois, voltou para casa.

No dia 12 de março, a mamãe de Pietro passou pelo maior susto de sua vida. “Ele [Pietro] voltou a ser internado. Durante a noite, o vi vomitando. Em seguida, houve a parada respiratória”, afirmou. Por alguns minutos, o coração da Rayd parou. “Não sabia nem o que pensar”, disse.

Ao receber a cura, vinte dias depois, o bebê Pietro voltou para casa sob a seguinte recomendação médica. “Os médicos disseram que eu deveria viver o Pietro durante 24 horas por dia”, afirmou. Neste momento, Rayd oficialmente ganhou a mais nova profissão: ser mãe.

Ela abandonou o emprego e atualmente se dedica a ser a melhor mãe do mundo. Com a ajuda do esposo, Clenilson de Abreu, Rayd vive com o filho em uma residência no Parque das Palmeiras (Vila Embratel), na área Itaqui-Bacanga. O bebê precisa de assistência médica intermitente e necessita ingerir medicações via nebulizador. “Não relaxo uma hora sequer”, disse Rayd.

Sincera, a agora mãe profissional negou que havia um sonho preliminar de receber a honraria materna. “Não pensava em ser mãe, mas Deus me concedeu esta honra, então só posso agradecer. Se eu pudesse voltar no tempo, me arrependeria de nunca ter desejado ser mãe”, frisou.

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