Potências europeias

UE rejeita ''ultimato’ do Irã sobre acordo nuclear

Potências europeias também lamentam reativação unilateral das sanções por parte dos EUA; assinado em 2015 entre Irã, Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha, o acordo foi descumprido por Donald Trump

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Hassan Rohani afirmou que queria a suspensão de obstáculos às transações com o sistema bancário iraniano
Hassan Rohani afirmou que queria a suspensão de obstáculos às transações com o sistema bancário iraniano (Reuters)

BRUXELAS - A União Europeia e os Ministérios das Relações Exteriores de Alemanha, França e Inglaterra disseram ontem, 9, que não aceitam um ultimato dado pelo Irã na véspera. Ainda assim, as potências europeias expressaram diferenças profundas em relação aos Estados Unidos, que, unilateralmente, abandonaram o acordo nuclear assinado entre as partes em 2015.

Foi uma resposta a um anúncio que havia sido feito pelo presidente iraniano, Hassan Rohani, que, em um discurso televisionado na quarta,8, afirmou que queria a suspensão de obstáculos às transações com o sistema bancário iraniano e à venda de petróleo do país.

Na quarta-feira, 8, o Irã anunciou que deixará de cumprir parcialmente o acordo nuclear, em função do abandono dos Estados Unidos do pacto. Assinado em 2015 entre Irã, Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha, o acordo foi descumprido por Donald Trump, que restabeleceu sanções contra o Irã em março de 2018.

Especialistas dizem que as novas medidas anunciadas por Teerã até agora provavelmente não violarão os termos do acordo de imediato, mas Teerã ameaçou ainda renunciar a outros compromissos, caso os demais signatários do acordo não encontrem uma solução no prazo de 60 dias para aliviar os efeitos das sanções americanas. As medidas americanas, em particular nos setores petroleiro e bancário, têm provocado severas consequências econômicas no Irã, que passa por uma série crise. Diversas empresas internacionais desistiram de fazer negócios no país, para evitarem sofrer retaliações americanas.

Os líderes europeus disseram que ainda estão comprometidos com o acordo, mas recusaram a reivindicação de Teerã. "Rejeitamos qualquer ultimato e avaliaremos o cumprimento por parte do Irã de seus compromissos nucleares", advertiram em um comunicado conjunto divulgado nesta quinta-feira Alemanha, França e Reino Unidos, assim como a alta representante da UE para Política Externa, Federica Mogherini.

Ao mesmo tempo, as potências europeias também disseram lamentar a reativação das sanções dos EUA, expressando divergências em relação a Washington. Os países acrescentaram que continuam comprometidos em preservar e implantar totalmente o acordo nuclear com o Irã.

"Estamos determinados a continuar nos empenhando para permitir a continuação do comércio legítimo com o Irã", disseram os Estados europeus, acrescentando que isso inclui obter um mecanismo especial concebido para possibilitar negociações com o regime.

Programa nuclear

O acordo nuclear de 2015 exige que Teerã limite seu programa nuclear em troca da eliminação de sanções internacionais. O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, abandonou o pacto um ano atrás e reativou sanções, que intensificou neste mês, ordenando efetivamente que todos os países parem de comprar petróleo iraniano para eles mesmos não enfrentarem sanções.

Os aliados europeus de Washington já se opuseram antes à decisão americana de romper com o pacto nuclear, que dizem beneficiar os radicais do Irã e enfraquecer os pragmáticos que fazem parte do regime e querem abrir o país ao mundo.

Eles tentaram desenvolver um sistema que permita que investidores estrangeiros façam negócios no Irã evitando as sanções dos EUA, mas na prática o modelo ainda não funcionou, já que todas as grandes empresas europeias que haviam anunciado planos de investir no Irã dizem que não o farão mais.

Horas depois do anúncio da República Islâmica, o governo americano de Donald Trump voltou a endurecer as sanções, estabelecendo sanções contra a presença de aço e outros metais iranianos em portos estrangeiros. O clima entre os países é de crescente tensão. Na terça-feira, Washington anunciou o envio de uma frota militar com um porta-aviões e bombardeiros ao Golfo.

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