Insegurança

Brasil registra um acidente de trabalho a cada 49 segundos

Segundo o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, o país registra uma morte por conta de acidente de trabalho a cada três horas e 43 minutos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho divulga dados sobre acidente durante serviço
Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho divulga dados sobre acidente durante serviço (Divulgação)

BRASÍLIA - O Brasil registra um acidente de trabalho a cada 49 segundos e uma morte por conta de acidente de trabalho a cada três horas e quarenta e três minutos. Os dados são do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT).

Segundo o especialista em Direito do Trabalho, Daniel Moreno, os dados informados podem não condizer com a realidade por conta das subnotificações.

“Esse número de acidentes, de um acidente a cada a cada 49 segundos e um acidente fatal a cada três horas e quarenta minutos no Brasil, esse número com certeza é ainda maior. Os dados estatísticos do Ministério do Trabalho levam em consideração como acidente de trabalho apenas os acidentes em que a empresa abre o CAT, que é o Comunicado de Acidente de Trabalho. As empresas que abrem o CAT, obviamente, são as empresas que têm seus funcionários registrados. Porque hoje, no Brasil, a gente tem muitos trabalhadores trabalhando informalmente”, afirma.

Segundo a Lei nº 8.213/91, o acidente de trabalho é aquele "que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho".

Acidentes

O empreendedor Francisco Farias, de 42 anos, do Distrito Federal, perdeu um terço da mão em um acidente de trabalho há cerca de 20 anos. Na época, ele servia o Exército e teve que fazer alguns cavaletes, para uma ação de trânsito. Segundo ele, os equipamentos que usava eram rústicos e a máquina de corte, utilizada para serrar madeira e chapa de metal, deceparam parte da mão dele.

“A madeira embolou no disco. O disco tem uma rotação de 1.200 voltas por segundo. Ou seja, um dente passa 1.200 vezes no mesmo lugar em um segundo. Então, ele embolou ali e puxou a minha mão. Minha mão passou sobre aquela serra ali, cortou um terço. Se você olhar para a sua mão, você divide ela em três, ela cortou um terço. Aí cortou o osso, o tendão, meu dedo mindinho, um osso de um dedo anelar e, então, eu fui levado as pressas para a enfermaria, o Exército me assistiu, depois eu fui para o HFA (Hospital das Forças Armadas) e lá fiquei fazendo o tratamento por algum tempo”, conta.

Outra história de acidente no trabalho ocorreu com o professor de artes marciais Roger Chedid, de 52 anos, morador de São Paulo. Em 1995, ele foi fazer uma demonstração, junto com outros profissionais, em um centro de treinamento de futebol. O gramado estava molhado e, quando ele menos esperava, um colega escorreu e caiu sobre cabeça dele. Com dificuldades de equilíbrio, coordenação motora e sensibilidade devido ao acidente, atualmente Roger é personal de lutas, mais voltado para o preparo físico, e também dá palestras motivacionais.

“O local não era adequado, o gramado estava molhado, fazendo o movimento, um companheiro meu de um metro e noventa, cem quilos, escorreu no gramado e caiu sobre a minha cabeça. Eu bati o queixo no meio do peito e fiquei estatelado no gramado. Consegui me levantar, me levaram para o departamento médico, colocaram os eletrodos no meu pescoço e, durante quarenta minutos, eu fiquei tomando choque e saí de lá como se nada tivesse acontecido. Dezessete anos depois, eu fui descobrir que eu estava com o pescoço quebrado por causa deste acidente”, disse.

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