Tensão

Irã decide retomar parte de suas atividades nucleares

Medida do governo iraniano é em resposta a retirada dos Estados Unidos de acordo; país do Oriente Médio não deverá abandonar acordo, mas reduzir alguns de seus compromissos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Donald Trump mostra sua assinatura oficializando a retirada do país do acordo nuclear com o Irã
Donald Trump mostra sua assinatura oficializando a retirada do país do acordo nuclear com o Irã (Reuters)

TEERÃ - O Irã vai reativar parte de seu programa nuclear em resposta à retirada dos Estados Unidos de um acordo de 2015 informou a agência de notícias estatal IRIB ontem,6.

O presidente Hassan Rohani deve anunciar amanhã, 8, que o país reduzirá alguns de seus compromissos "menores e gerais" do entendimento com os EUA, mas que não planeja deixar o acordo.

A data é o aniversário de um ano do dia em que os norte-americanos deixaram o pacto. Posteriormente, o presidente Donald Trumpreaplicou duras sanções ao Irã, inclusive sobre exportações de petróleo, com a intenção declarada de reduzi-las a zero e privar a economia do país do Oriente Médio.

"A República Islâmica do Irã, em reação à saída da América do acordo nuclear e às promessas ruins de países europeus sobre o cumprimento de suas obrigações, vai reiniciar uma parte das atividades nucleares que foram interrompidas sob as diretrizes do acordo nuclear", disse a fonte, de acordo com a IRIB.

De modo semelhante, a agência semi-oficial de notícias estudantil do Irã (Isna) informou que o país vai anunciar "ações recíprocas" na quarta-feira,8, para a retirada dos EUA do acordo nuclear, citando "fontes com conhecimento" da questão. Alguns líderes da União Europeia foram extraoficialmente notificados sobre a decisão do Irã.

Pressão norte-americana

Os EUA agiram na sexta-feira,3, para forçar o Irã a interromper sua produção de urânio de baixa concentração e expandir sua única usina nuclear.

Trump, que não era presidente quando o acordo foi negociado, disse que havia brechas favoráveis ao Irã a respeito de não haver algo para conter o programa de mísseis balísticos ou o apoio a forças em várias guerras no Oriente Médio.

O Irã informou que seu desenvolvimento de mísseis balísticos não está relacionado à sua atividade nuclear, sendo apenas um mecanismo de defesa, e que seu apoio a aliados no Oriente Médio não é assunto de Washington.

Os Estados Unidos anunciaram o envio de um porta-aviões e bombardeiros ao Oriente Médio, no que chamaram de "clara e inequívoca" mensagem ao Irã.

"Em resposta ao número de indicações preocupantes e crescentes, os Estados Unidos estão mobilizando a unidade de batalha do porta-aviões USS Abraham Lincoln e uma força de bombardeiros ao Comando Central americano na região", disse o conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, em comunicado, sem especificar a natureza das acusações contra Teerã.

Numa escalada de tensões entre Israel e Faixa de Gaza neste fim de semana, foi morto um comandante do Hamas que, segundo autoridades isralenses, era responsável pela transferência de fundos do Irã para facções armadas em Gaza. Testemunhas palestinas disseram que ele foi morto em um ataque aéreo a seu carro.

Além disso, mais cedo o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse à rede ABC que "todos os países que interferem no direito do povo venezuelano de restaurar sua democracia devem se retirar", incluindo o Irã.

Fim de acordo

As tensões entre Teerã e Washington cresceram desde o ano passado, quando o governo Trump se retirou de um acordo nuclear internacional de 2015 com o Irã e começou a intensificar sanções econômicas contra o país. Em abril de 2019, os EUA classificaram a Guarda Revolucionária do Irã como organização terrorista e exigiram que os compradores de petróleo iraniano parassem de adquiri-lo até maio, sob pena de serem sancionados.

A nova classificação da Guarda Revolucionária, a organização de segurança mais poderosa do Irã e que tem grande influência na economia persa, marcou a primeira ocasião em que qualquer país rotulou os militares de outro país como uma organização terrorista. O presidente iraniano, Hassan Rouhani, e alguns comandantes militares de alta patente ameaçaram deter as remessas de petróleo de países do Golfo Pérsico se Washington tentar estrangular as exportações de petróleo de Teerã.

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