Estudantes de instituições de ensino públicas e privadas reclamam da dificuldade para conseguir atendimento na emissão do cartão de meia-passagem, garantido por lei. A Central do Estudante, localizada no bairro Apeadouro, em São Luís, tem gerado filas para atendimento, por causa de lentidão no sistema. Além disso, também tem cometido equívocos quanto à formatação da carteira, o que tem inviabilizado a venda de créditos aos usuários do serviço nos postos de recarga. Prejuízos, sentidos no bolso, vêm sendo contabilizados pela classe estudantil, que precisa do auxílio legal para mobilidade entre a casa e a escola/universidade.

A Lei Municipal nº 4.305, de 4 de fevereiro de 2004, assegura a todos os estudantes de ensino fundamental, médio e superior, assim como os de educação para jovens e adultos (supletivos), pré-vestibulares, cursos técnicos e profissionalizantes, faculdades teológicas e seminários maiores, devidamente matriculados em estabelecimentos de ensino localizados na capital maranhense, desconto de 50% sobre o valor das tarifas vigentes nos transportes coletivos, mas a dificuldade que os estudantes têm tido para emissão do cartão e outras necessidades, desde o início do ano letivo, põe por terra o que é garantido legalmente.

Acontece que, nos últimos três meses deste ano, pelo menos, estudantes vêm enfrentando grandes problemas e sofrendo prejuízos por não conseguir emitir o cartão estudantil. Quando conseguem, ainda passam pela desagradável surpresa de não poderem efetuar a compra dos créditos que lhes possibilitariam o uso da carteira, uma vez que a central imprimiu os dados do aluno no cartão de forma errada. Assim, com tanto em jogo, sobretudo a frequência nas aulas, não dá para esperar pela colaboração do sistema de emissão, tampouco pela correção dos dados do estudante na carteirinha.

“Eu resolvi chegar bem cedo, por volta de 8h, que é quando abre o posto, para emitir o cartão dos meus dois filhos, porque ficar pagando passagem com dinheiro em espécie, todos os dias, fica impossível. Mas ter chegado cedo foi o mesmo que nada, porque a dificuldade que estou tendo em chegar até o atendente é tamanha, que a fila, por si só, mostra muito bem o que todo mundo está enfrentando para conseguir tirar a carteira”, contou a dona de casa Ana Paula Silva, que tem desembolsado, por dia útil, R$ 13,60 para arcar com a ida à escola e a volta para casa dos filhos.

“Tem um monte de aluno que conseguiu emitir o cartão, mas não está conseguindo recarregar. No meu caso, eu recebi minha carteira, depois de passar por uma fila de grande lentidão na Central do Estudante, mas quando recebi não consegui recarregar, porque eles erraram na formatação e colocaram a data do meu nascimento errada. Por isso, estou tendo que me locomover até a faculdade desembolsando o valor integral da tarifa, R$ 3,40”, relatou a universitária Ana Paula Nascimento. De acordo com ela, os dados cadastrados no sistema não conferem com os impressos no cartão.

Mais dificuldade
Outro problema, também frequente na entidade, é a demora do sistema, gerenciado pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de São Luís (SET), em incorporar os dados dos alunos enviados por suas respectivas instituições de ensino para tornar viável a emissão da carteirinha.

“A instituição em que eu estudo repassou a minha documentação para a Central do Estudante, mas, após o prazo de uma semana, que foi o que a atendente da minha faculdade [responsável por tal demanda] pediu para eu esperar, mas, mesmo assim, cheguei lá e meu nome não estava constando, por causa de problema no sistema”, frisou a universitária Tereza Cristina de Jesus.

Outro lado
Na manhã de ontem (6), O Estado pôde perceber a demora que estudantes e responsáveis têm tido para conseguir o serviço de emissão de cartão estudantil na Central de Estudante. Na ocasião, procurou a responsável pela entidade, Mainara Aquino. Contudo, ela não quis se manifestar e pediu para uma funcionária informar que deveria se dirigir à Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes de São Luís (SMTT), que também foi procurada e informou, em nota, que, com ajustes realizados na Central do Estudante este ano, o que exigiu a realização de novo cadastro das instituições, houve atraso no processo e, consequentemente, na habilitação dos alunos para a emissão dos cartões em 2019, causando aumento da demanda. A SMTT ressaltou que os cartões estão sendo entregues no prazo previsto (a primeira via do cartão de meia-passagem em 3 dias úteis e a segunda na mesma hora). Quaisquer problemas gerados em relação ao ajuste do sistema estão sendo sanados, para que nenhum aluno seja prejudicado.

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET), que integra a entidade, disse que, especificamente ontem, a lentidão no sistema se deu por causa de um incidente, em que um estudante virou um copo de água sobre o roteador, que permite a conexão de internet na central e, consequentemente, o andamento normal das filas e o cumprimento da demanda, individual, em menor espaço de tempo. Disse, ainda, que mais profissionais foram encaminhados para agilizar o atendimento no local, quanto à emissão das carteiras e outros serviços. Mas não se posicionou sobre a demora nos atendimentos excederem, como ocorrido na manhã de ontem.

Por fim, disse que os erros de formatação no cartão estudantil, que inviabilizaram a compra de créditos da universitária Ana Paula Nascimento, são problemas inexistentes, uma vez que, no ato da compra, nenhum atendente pede documento para comprovação de dados, inclusive por causa do tempo.

SAIBA MAIS

Cartão meia passagem

O Cartão de Meia Passagem é gratuito e válido apenas para meia passagem no transporte coletivo. Para solicitar, o estudante precisa apenas comparecer a um dos postos de cadastramento, munido de documento de identificação com foto. O cartão pode ser solicitado na Central do Estudante, localizada na Av. Getúlio Vargas, nº 70, Apeadouro, ao lado da Igreja São Vicente de Paulo.

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