Eleições 2022

Movimento de Dino rumo à Presidência antecipa debate sobre 2022 no Maranhão

Vice-governador, Carlos Brandão, e senador Weverton Rocha despontam como possíveis sucessores e intensificam articulações

OEstadoMA

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
(Carlos Brandão Weverton Rocha)

Desde fevereiro deste ano, portanto 3 anos e 8 meses antes da eleição para o Governo do Maranhão em 2022, aliados do governador Flávio Dino (PCdoB) estão em intensas movimentações com vistas à sucessão do comunista.

O incomum movimento – que antecipa em quase um mandato inteiro o debate sucessório e ignora o fato de que ainda haverá uma eleição para prefeitos no meio do caminho, em 2020 – é aparentemente ignorado pelo chefe do Executivo, mas já lhe provocou incômodo, a ponto de ele mesmo mandar recados a aliados.

Apesar disso, é o próprio Flávio Dino o “culpado” pela antecipação desse debate, que ganhou força após declaração sua sobre o interesse em disputar a Presidência da República dentro de três anos.

Foi durante uma plenária extraordinária do PCdoB do Maranhão, realizada há pouco mais de dois meses, que o governador maranhense deu o start para o debate.

“Estou me preparando para 2022. Vocês nem notaram, já estou até com cinco quilos a menos. Vamos enfrentar o laranjal e a turma do mal”, afirmou, referindo-se ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) e à série de denúncias envolvendo o uso de candidaturas laranjas pelo PSL nas eleições de 2018.

“Eu adoro uma eleição, estou doido para disputar mais uma, essa especial. A gente tem que plantar a coisa certa, para colher a coisa certa”, completou.

Reação – O recado foi claro: Flávio Dino tem interesse na disputa presidencial – o que se soma à percepção anterior de que ele poderia ser, também, candidato a senador ao fim do seu mandato. Em ambos os casos, precisaria deixar o governo seis meses antes do pleito, abrindo caminho para as articulações com vistas a sua sucessão.

Atualmente, despontam como pretensos candidatos ao posto o vice-governador, Carlos Brandão (PRB), e o senador Weverton Rocha (PDT).

O primeiro será o sucessor natural em caso de desincompatibilização de Dino. Talvez por isso, mantém movimentos mais discretos – mas não menos intensos.

Desde o início do ano, Brandão tem reunido com lideranças dos mais diversos matizes políticos. A quem se dispõe a ouvi-lo, não guarda segredos: depois de assumir para concluir o atual mandato, será candidato à reeleição.

Weverton Rocha não desconhece a articulação, e “contra-ataca” como pode.

Eleito senador com a força de um grupo político alicerçado em lideranças regionais e prefeitos, ele já conseguiu o controle da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (Famem), onde conseguiu eleger um dos seus coordenadores de campanha, o prefeito Erlanio Xavier, de Igarapé Grande.

Durante a semana, nova vitória: viu o aliado Othelino Neto (PCdoB) costurar, sem percalços, uma alteração ao Regimento Interno da Assembleia para antecipar a eleição da Mesa Diretora. O comunista deve reeleger-se já ao longo da semana, para ficar sob o comando do Legislativo até 2022. Dessa forma, também acaba entrando definitivamente na linha sucessória e vira um “vice” caso Flávio Dino efetivamente deixe o cargo para uma nova candidatura.

“Não haverá racha”, garante Othelino

Questionado sobre esse embate velado entre Carlos Brandão e Weverton Rocha, o presidente da Assembleia legislativa, Othelino Neto, declarou, durante a semana, que não há motivos para qualquer desavença.

O comunista garante que, apesar das movimentações, o grupo seguirá unido até 2022. “Não haverá racha, o grupo marchará unido. Não motivo para outra conclusão que não essa”, destacou.

Segundo ele, tanto Brandão, quanto Rocha têm legitimidade para pleitear a sucessão do governador Flávio Dino.

“O Brandão é um aliado fiel, homem de confiança do governador. Já mostrou que tem condições de governar o Estado. E o Weverton é também uma grande liderança, mostrou força política. Ambos têm plenas condições e direito de pleitear uma candidatura. Mas tudo será decidido em grupo, no tempo certo. Quanto a isso não há dúvidas”, completou.

Dino identificou “pressa” de aliados logo após eleições

Ainda no ano passado – logo após sua reeleição como governador – Flávio Dino (PCdoB) já havia identificado certa pressa dos aliados pelo debate sobre as eleições de 2022.

Durante um encontro com a classe política, na noite do dia 22 de outubro, apenas duas semanas após o primeiro turno da eleição de 2018, ele deu um duro recado aos governistas presentes, notadamente os pré-candidatos.

Dirigindo-se ao então deputado Rogério Cafeteira (DEM), ele citou ensinamentos do ex-governador Epitácio Cafeteira, para repreender os correligionários.

“Olha deputado [Rogério Cafeteira], sei que aqui estão presentes pelo menos seis pretendentes ao cargo de governador. Seu tio, o ex-governador Epitácio Cafeteira, me disse certa vez, que esse é um caminho que deve ser percorrido com serenidade. Não adiante querer correr como carros de Fórmula 1, porque aí se corre o risco de ele capotar e matar seus ocupantes”, disse.

Depois disso, pelo menos publicamente, Dino não mais se manifestou sobre o assunto, deixando aberto o caminho para as movimentações de aliados.

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