Crise no governo

Tribunal da Venezuela decreta prisão de Leopoldo López

Líder opositor está na embaixada da Espanha na Venezuela após ter conseguido sair da prisão domiciliar em circunstâncias ainda nebulosas; tribunal ordenou que o Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) o prenda imediatamente

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Os líderes da oposição Juan Guaidó e Leopoldo López na manhã de terça-feira,30, em Caracas
Os líderes da oposição Juan Guaidó e Leopoldo López na manhã de terça-feira,30, em Caracas (Reuters)

CARACAS - Um tribunal de Caracas decretou ontem, 2, a prisão do líder opositor Leopoldo López, que está na embaixada da Espanha na Venezuela após ter conseguido sair da prisão domiciliar com a ajuda de membros da polícia. O tribunal decidiu revogar a medida de prisão domiciliar por "violação flagrante" e ordenou que o Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) o prenda imediatamente.

López deixou na terça-feira,30, a prisão domiciliar em circunstâncias ainda nebulosas, supostamente auxiliado por agentes do Sebin, e se refugiou na embaixada do Chile em Caracas, junto com a mulher, Lilian Tintori, e os filhos, seguindo depois para a representação diplomática da Espanha.

Horas antes, ele apareceu pela primeira vez ao lado de Juan Guaidó, na operação contra Maduro, anunciada em vídeo gravado perto da base aérea de La Carlota, na capital venezuelana, após uma rebelião de uma parcela de oficiais.

Na quarta-feira, 1º, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou que o general Gustavo González López voltaria a assumir a direção do Sebin, no lugar do general Manuel Ricardo Cristopher Figuera, acusado por um membro da Assembleia Constituinte (composta por simpatizantes do regime) de estar envolvido na libertação de López.

Na manhã de ontem, a mulher do opositor, Lilian Tintori, denunciou que a casa do casal em Caracas foi invadida e roubada. A família se refugiou na embaixada da Espanha na terça-feira após uma tentativa frustrada da oposição venezuelana de depor Nicolás Maduro com a ajuda de militares rebeldes.

A invasão ocorreu na noite de terça-feira, quando nem o casal nem seus filhos estavam na residência, segundo Tintori. "Entraram em nossa casa, como delinquentes, sem ordem de busca e sem a nossa presença. Destruíram a casa e roubaram nossas coisas", escreveu ela, no Twitter.

Mensagem

O presidente Maduro madrugou ontem e surpreendeu os venezuelanos com uma mensagem transmitida em rede nacional a partir das 5h locais (6h no Brasil) do Forte Tiuna, principal quartel da Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb) e sede do Ministério da Defesa. Dois dias depois de reprimir uma tentativa da oposição de depô-lo com oficiais rebeldes, Maduro, ao lado do ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, e acompanhado de mais 4.500 militares, marchou com soldados e reiterou apelos à lealdade das tropas.

Maduro pediu aos militares que derrotem as "tentativas golpistas" daqueles que "se vendem aos dólares de Washington" e dos que "traem" o país. O líder de Caracas destacou que a maioria dos oficiais que apoiaram as ações opositoras se deu conta de que havia sido "enganada". Depois, encabeçou uma marcha da Academia Militar até a sede do Ministério da Defesa e prometeu levar as forças militares "a um nível mais elevado de profissionalismo e efetividade" para evitar os "poderes dissuasivos" dos EUA.

"Sim, estamos em combate, moral máxima nessa luta para desarmar qualquer traidor, qualquer golpista", disse Maduro. "O império investe para dividir, debilitar e dizer que começou uma guerra civil na Venezuela. Creem que têm de intervir e debilitar a nação, destruir a pátria. Quantos mortos haveria se começasse uma guerra civil? Quanta destruição e quantos anos duraria se nos invadissem?"

"Por que falar ao país de um quartel antes de o Sol raiar? Há três dias, intensificam-se os rumores sobre traições no mundo milita". Segundo analistas locais, os discursos de Maduro e Padrino López nesta quinta-feira, enfatizando a lealdade dentro do chavismo, confirmaram o que se comenta nas ruas de Caracas.

Em seu discurso, o ministro da Defesa repudiou a ação de pessoas que, segundo ele, "pretendem comprá-los como se fossem mercenários" e mostrou "indignação" com o que chamou de "oferta enganosa, estúpida e ridícula" para oficiais "romperem com a honra militar" e se virarem contra Maduro. Na visão de Padrino López, as ofertas seriam "da boca para fora" e, se aceitas, significariam "vender sua alma de soldado".

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