Lançamento

Para ecoar a zabumba do Boi de Leonardo

Manifestação lança seu mais novo disco amanhã, às 21h, na sede do grupo, no bairro Liberdade; "Resistência" faz um resgate das principais toadas do boi

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Boi da Liberdade
Boi da Liberdade (Boi da Liberdade)

São Luís - Quinto trabalho do boi fundado pelo mestre Leonardo em 1956, o disco “Resistência” (Zabumba Records e Na Music) será lançado amanhã, às 21h, no primeiro ensaio geral do grupo este ano que ocorre na sede do boi, no bairro Liberdade. O álbum foi gravado na sede da manifestação, em setembro de 2018, e mixado e masterizado em Belém (PA). A iniciativa é um marco na cultura popular maranhense por ser a primeira vez que um boi de zabumba foi gravado ao vivo no seu terreiro.

Produzido e dirigido pelo percussionista Luiz Claudio, o disco faz um resgate das principais toadas do Boi da Liberdade, trazendo 15 composições: sete de Zió (João Vieira), cinco de Mestre Leonardo, uma de Zé Pretinho, uma de Chico Coimbra e uma Carlinhos de Carutapera, além da participação da filha de Leonardo, Regina Avelar, que canta em duas faixas.

“Para mim é a realização de um velho sonho, ver algumas das principais toadas de meu pai e de outros cantadores num disco e estar nele, também, participando e cantando. Adorei o resultado do trabalho, acho que Leonardo ficaria feliz com esse registro”, afirma Regina de Leonardo, diretora do Boi da Liberdade, um dos mais representativos do sotaque de zabumba do Maranhão.

O disco é o primeiro do selo da Zabumba Records, criado por Luiz Claudio pra promover, resgatar e registrar a cultura popular maranhense, e sai em parceria com a Na Music, gravadora de Belém. O batalhão da Liberdade não lançava nenhum trabalho há quase 10 anos. O primeiro saiu em vinil, em 1988, produzido por Chico Maranhão. Depois, vieram três CDs, em 2002, 2007 e 2010. O Boi de Leonardo está comemorando 63 anos em 2019.

Para o registro ao vivo na sede, a produção contratou o estúdio Deu na Telha Audiolab, especializado em gravações desse tipo, que fez toda a ambientação para que a qualidade fosse a melhor possível. O material bruto, captado em dois dias, foi levado para um estúdio onde foram regravadas mais vozes e coro. As toadas receberam uma roupagem nova sem riscos de descaracterização. Duas delas foram tiradas dos discos originais, uma com a voz do próprio Leonardo e a outra de autoria e na voz de Chico Coimbra, ambos falecidos. Na faixa “Chegou” foi colocada a voz de Regina, que faz um emocionante dueto com o pai.

“Minha atitude como produtor foi a de respeitar integralmente a forma e o conteúdo do boi, o jeito deles cantarem, de tocarem, o batuque, tudo foi respeitado em sua originalidade.”, afirma o percussionista Luiz Claudio, que também participa do disco tocando maracás e pandeirinhos e fazendo coro em algumas faixas.

O CD abre com uma ladainha de Raimundo Monteiro, rezador oficial do Boi e do Tambor de Leonardo, e fecha com “Adeus”, uma toada de Zió, de 2008, que já havia recebido um registro, feito por Luiz Claudio no EP “Encantarias”, e que contou com a participação de Zeca Baleiro, lançado em 2018. A escolha do repertório foi feita pelos cabeceiras (compositores) antigos e atuais. As toadas estão organizadas respeitando a sequência adotada nas apresentações ao vivo.

O disco começa com uma ladainha e tem uma toada para cada momento da encenação do boi. Além da participação de Regina de Leonardo cantando, “Resistência” traz também a participação de um coro feminino em algumas faixas. “Isso não é comum, principalmente no boi de zabumba. Eram sempre os homens que tocavam, cantavam e faziam coro”, afirma Regina.

O Boi de Leonardo tem cerca de 160 brincantes, incluindo o tambor de crioula e é um Ponto de Cultura desde 2010. “Recebemos três parcelas nesses oito anos e na última conseguimos uma verba para o disco”, afirma Regina.

Liderança - A filha de Leonardo assumiu a direção do Boi da Liberdade um pouco antes da morte do pai. Leonardo foi envelhecendo preocupado como ficaria o batalhão depois que ele morresse. “No começo eu não queria nenhum envolvimento, não me via inserido no Boi, tanto é que fui estudar e morei fora, no Rio. Quando era criança, a gente trabalhava muito. Todo ano, quando chegava a temporada, era muito desgastante”, diz a diretora.

Quando voltou a viver em São Luís, em 1995, Regina foi aos poucos se reaproximando do boi. Muita coisa tinha mudado, o boi já era uma empresa e ganhava pelas apresentações na época do São João. “Mesmo preocupado com o futuro da brincadeira, Leonardo foi se afastando. Aí as pessoas, inclusive ele, começaram a pedir para que eu assumisse”, afirma Regina.

O começo não foi fácil, mas aos poucos Regina foi se impondo, reconquistou os “contrários” e profissionalizou o boi, sem que ele se descaracterizasse. Hoje em dia o batalhão participa de vários eventos em São Luís e fora daqui. “O Boi da Liberdade se confunde com a comunidade, com a história do bairro. As pessoas se preocupam com ele. O boi era a vida de Leonardo e hoje também é a minha vida. Esse é o sentimento que eu tenho. Eu não me vejo mais fora disso aqui”, afirma emocionada

“Resistência” já está em todas as mídias e plataformas digitais: Youtube, Instagram, Facebook, Spotfy, Deezer e ITunes. As fotos da capa e do encarte do disco são assinadas por Márcio Vasconcelos, Railleen Martins e João Maria Bezerra.

Serviço

O quê

Lançamento de “Resistência”, CD Boi de Leonardo

Quando

Amanhã, no primeiro ensaio do boi em 2019, às 21h

Onde

Sede do Boi da Liberdade - Rua Alberto de Oliveira, n° 150 – Liberdade

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