O Estado 60 anos

Uma história da qual fiz parte

Escritor fala da ligação com o jornal

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Benedito Buzar relembra a trajetória de O Estado
Benedito Buzar relembra a trajetória de O Estado (Benedito Buzar)

Em 1968, quando José Sarney adquiriu as ações do Jornal do Dia, coincidentemente eu estreava no jornalismo maranhense, escrevendo uma coluna intitulada Roda Viva, usando o pseudônimo de J. Amparo.
Ingressei no Jornal do Dia a convite de Bandeira Tribuzi, com o qual trabalhava na Sudema, e a ele costumava entregar textos diversificados e despretensiosos de minha lavra, que lia e criticava.

Atribuo que foi por causa da leitura daqueles textos que Tribuzi achou que eu poderia preencher uma lacuna no JD, escrevendo uma coluna de assuntos diversificados do cotidiano mundano de São Luís.
Como naquela época não se exigia curso superior para ser jornalista, fui admitido na equipe redacional do Jornal do Dia, que contava, além de Tribuzi, com Vera Cruz Marques, Edison Vidigal, José Chagas, Paulo Nascimento de Moraes, Gerd Phuegler e outros que a memória esqueceu.

Com o passar do tempo, eu, que havia sido deputado estadual e cassado, abandonei o mundanismo e dei à coluna um perfil político, substituindo, ademais, o pseudônimo pelo meu próprio nome, já que os leitores, pela repercussão da coluna na cidade, descobriram quem era J. Amparo, graças à espionagem do jornalista Milson Coutinho, que escrevia uma coluna política no Jornal Pequeno, chamada Telescópio, que me provocava diariamente.

A partir do dia em que assumi a coluna com o meu nome de batismo, comecei a me indispor com os políticos que faziam oposição ou apoiavam o governador Sarney, os quais não me perdoavam pelo que escrevia a respeito deles, daí porque pediam a minha cabeça ou faziam ameaças físicas, ressaltando-se o senador Alexandre Costa, a quem a direção do jornal hipotecou solidariedade, obrigando-me, por isso, a pedir as minhas contas em fevereiro de 1973 e a migrar para O Imparcial, a convite do meu grande amigo Adirson Vasconcelos, que me deu carta branca para escrever com liberdade e responsabilidade, até o dia em que bati de frente com o jornalista José Pires de Saboia, que, também, forçou a minha saída dos Diários Associados. Mas isso é outra história.

Com o jornal
À guisa de ilustração, eis a nota publicada em Roda Viva a 30 de janeiro de 1973, que me compeliu a deixar o Jornal do Dia: “Termina amanhã o mandato da pior safra de prefeitos eleitos para os municípios do Maranhão. Nunca houve tanto gestores nefastos como agora. Os municípios poderiam estar em situação bem melhor se os prefeitos tivessem desenvolvido ações mais produtivas em favor das populações interioranas. Alguns falharam pela falta de preparo para os cargos para os quais foram eleitos, outros, porém, fracassaram pela má-fé no trato com a coisa pública. Nesse cipoal de prefeitos ineptos, incompetentes e despreparados, poucos os que realizaram trabalhos de realce em favor de seus munícipes.

O Tribunal de Contas da União, no relatório do ano passado, anunciava que os prefeitos que deram mais trabalhos aos juízes foram os do Maranhão, face à aplicação fraudulenta e irregular dos recursos repassados pelo Governo Federal.”

O fato de trocar o Jornal do Dia pelo O Imparcial me impediu de participar da inauguração de O Estado do Maranhão, um periódico que renovou a imprensa maranhense, do ponto de vista espacial, gráfico e redacional.

Espacial, pois foi o primeiro jornal a migrar do centro da cidade para o novo bairro do São Francisco; gráfico, porque introduziu o sistema off-set, à época a grande novidade na área da comunicação social, que fez mudar o visual dos veículos impressos; redacional, pela extraordinária equipe de jornalistas, que veio para O Estado do Maranhão e se juntou aos mais experientes, que, sob o comando de Bandeira Tribuzi, passou a oferecer ao público-leitor, daqui e alhures, um jornal moderno, vibrante e completo.

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