60 ANOS O ESTADO

Um sonho sonhado com Tribuzi

Do berço da Rua de Santana à transformação no início da década de 1970, houve um hiato temporal que precisou ser preenchido por iniciativa de dois homens

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25

Do berço da Rua de Santana – onde nasceu e se consolidou à época o precursor de O Estado [neste caso, o Jornal do Dia] – à transformação no início da década de 1970, houve um hiato temporal que precisou ser preenchido por iniciativa de dois homens que, até então, guardavam para si o sonho de um jornalismo fora dos padrões até então estabelecidos na sociedade. Coube à Bandeira Tribuzi e a José Sarney a “abertura dos horizontes” para a criação do impresso que se tornaria, anos mais tarde, o de maior prestígio e repercussão entre os leitores.

O então Jornal do Dia sofre transformação não apenas ligada à referência nominal como ao quesito estrutura. O matutino passa por uma reforma gráfica e editorial e suas páginas são impressas via sistema off-set (moderno para o período). O sonho de Tribuzi e Sarney coincide com a transformação de um Maranhão que passa de uma economia essencialmente agrícola para a inclusão de atividades siderúrgicas.

Se Tribuzi não está aqui mais para falar sobre o sexagenário de seu “sonho”, a missão de falar por dois caiu no colo do ex-presidente Sarney. Ele abriu o coração e, dias após comemorar os seus 89 anos de vida, expressou a sua satisfação de fazer parte da família O Estado.

O Estado – Por que era necessária a criação de O Estado?

Sarney: Era preciso mudar a visão da imprensa maranhense. Os jornais eram quase panfletos, que levantavam discussões praticamente inúteis, que não tinham relevância com as questões populacionais e principais. Era só a mentalidade que existia na política, do coletor e do delegado de polícia.

O jornal O Estado estava inserido em nossa vontade de criar um amplo projeto comercial compatível com a transformação a que se submetia o Estado, que recebia indústrias e construía estradas, consolidando o seu crescimento. Era o momento ainda da São Luís/Teresina e erguimento do Porto do Itaqui.

E o jornal se lançou ainda como questionador, tanto que o primeiro editoral reivindicava a inclusão de uma universidade, inexistente até então no Maranhão. O jornal O Estado não foi um projeto comercial, ao contrário, ele fazia parte do contexto maranhense.

O Estado – Como o senhor analisa o início do jornal?

Sarney: No começo, houve várias dificuldades. No entanto, com esforço, o jornal se inseriu em um contexto que se tornou pioneiro e que acompanhou a modernidade. O jornal O Estado do Maranhão foi o primeiro a ser impresso em uma rotativa offset e que adotou a composição a frio, considerada à época moderna e cujos equipamentos foram comprados para consolidar o matutino no mercado.

O Estado – E a importância de Tribuzi na consolidação de O Estado?

Sarney: Absolutamente fundamental, aliás, O Estado foi um sonho que sonhei juntamente com ele [Bandeira Tribuzi]. Além dele, nomes como Odylo Costa Filho e outros. Várias pessoas que foram responsáveis por aquele momento de transformação do Maranhão.

O Estado – E quais pessoas o senhor elencaria que também foram importantes para a consolidação e transformação de O Estado?

Sarney: Devemos lembrar de várias pessoas, do Biné [diretor administrativo e comercial], de Chagas [economista], de Buzar [historiador e jornalista], de Pedro Costa, de Ivan, do cronista Neiva, de Jomar Moraes, de Evandro Sarney, de Lucy Teixeira, de Josué Montello, de José Louzeiro, de Beto Parga, de Madeira, de Pergentino Holanda, de Ubiratan Teixeira e mais recente, de Décio Sá.

O Estado – Para a comunicação local, o quanto foi importante O Estado?

Sarney: Houve uma colaboração indiscutível, sem dúvida, para o surgimento de veículos com outro tipo de proposta. O jornal germinou a televisão, a nossa rádio (Mirante AM e FM) e outros veículos como o Imirante.com. Foi importante ainda para a formação de profissionais que, anos mais tarde, migraram para estes veículos.

O Estado – Atualmente, em que contexto está inserido o jornal?

Sarney: Apesar das transformações tecnológicas, O Estado se adaptou a estes novos tempos. É o jornal que ainda detém o maior número de leitores do Maranhão [74% no total] e conta com espaços multi. Temos o Alternativo, em que os jovens podem expressar suas ideias, e outras editorias que sem dúvida fazem parte do contexto urbano, político, econômico e social da cidade, do estado e do país.

O Estado – Por quais razões O Estado ainda se mantém forte?

Sarney: Só chegamos até aqui pelo esforço diário de cada um. Nunca cobramos as questões políticas dos colaboradores do jornal. Todos tiveram o espaço para se expressar, respeitando sempre a linha editorial do veículo em que estão inseridas. Quero aproveitar esta oportunidade para mandar um abraço a todos que ajudam e são parte da família O Estado.

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